domingo, 28 de junho de 2015

Ácido Úrico Elevado



     O ácido úrico é um dos produtos de excreção do metabolismo das proteínas. Ele surge como resultado da quebra das moléculas de purina (proteína contida em muitos alimentos) por enzimas. Depois de utilizadas pelo nosso organismo, as purinas são degradadas e transformadas em ácido úrico pelo fígado. Quando ocorre um distúrbio nesse metabolismo, o ácido úrico é depositado em forma de cristais nas articulações, nos rins (cálculos) ou no tecido subcutâneo (tofos).

        Elevações nas concentrações séricas de ácido úrico são comumente encontradas em associação com a intolerância à glicose, dislipidemia, hipertensão arterial e resistência à insulina. Indivíduos com hiperuricemia (ácido úrico elevado) assintomática apresentam menor sensibilidade à insulina do que indivíduos sem hiperuricemia. A insulina promove a reabsorção tubular renal de sódio, bicarbonato, cloro e ânions orgânicos, como os uratos. Este constitui o mecanismo pelo qual a resistência à insulina e a hiperinsulinemia (elevação da insulina na corrente sanguínea) provocam hiperuricemia.

            A hiperuricemia é geralmente definida como um nível de ácido úrico no sangue superior a 7,0mg/dL para homens e superior a 6,0mg/dL em mulheres. Com o aumento da concentração de ácido úrico no sangue, ocorre a deposição de cristais de ácido úrico nos tecidos, principalmente nas articulações, produzindo o quadro de gota, causando inflamação e consequentemente dor e inchaço.

Terapia Nutricional

            As recomendações dietéticas para gota (depósito de ácido úrico) incluem restrição de purinas, proteína e álcool, além da perda de peso. Alimentos integrais, feijões, ervilhas, lentilhas, aspargo, couve-flor, brotos de vegetais, espinafre e cogumelos são ricos em purinas.



Alimentos muito ricos em purina (estes alimentos devem ser evitados ao máximo, e eliminados da dieta quando o paciente estiver em crise).

● Miúdos em geral (miolo, fígado, rins, coração, moela);

● Peixes e frutos do mar, como: sardinha, salmão, truta, bacalhau, arenque, anchova, ovas de peixe, mexilhão e marisco;
 
● Algumas aves, como: pombo, ganso, peru, galeto;

● Carnes como vitela, bacon, cabrito, carneiro ou ovelha, embutidos;

● Caldo de carne e molhos prontos;

● Fermento de pães;

● Bebidas alcoólicas de todos os tipos;

● Tomate e extrato de tomate;

Alimentos moderadamente ricos em purina (quando o paciente está fora de crise, mas tem o diagnóstico de gota, deve consumir moderadamente estes alimentos).

● Carnes de vaca, frango, porco, coelho e presunto;

● Peixes e frutos do mar não citados acima, bem como camarão, ostra, lagosta, caranguejo;

● Leguminosas como feijão, soja, grão-de-bico, ervilha e lentilha, aspargo, cogumelos, couve-flor e espinafre;

● Cereais integrais como arroz integral, trigo em grão, centeio e aveia;

● Oleaginosas: nozes, castanhas, pistache, avelã.

Alimentos com pouca quantidade ou isentos de purina (estes alimentos são liberados para consumo, sem restrições, no que se refere ao problema de gota).

● Leite, chá, café, chocolate;

● Queijos magros;

● Ovos cozidos;

● Cereais e farináceos como pão, macarrão, sagu, fubá, mandioca, araruta, arroz branco e milho;

● Vegetais como couve, repolho, alface, acelga, agrião, radiche;

● Doces e frutas de todos os tipos, incluindo todos os sucos;

● Manteiga e margarina. 



            A perda de peso proporciona aumento na sensibilidade à insulina e redução nas concentrações de insulina e triglicerídeos plasmáticos. Dietas hipocalóricas e hiperproteicas melhoram a sensibilidade à insulina, enquanto que dietas hipocalóricas e hiperglicídicas reduzem a sensibilidade à insulina.

            O álcool está fortemente relacionado com a ocorrência de gota. O etanol e a purina contida nas bebidas alcoólicas contribuem para a hiperuricemia e gota. A cerveja apresenta elevados teores de guanina, derivada da fermentação do levedo e da cevada. O possível mecanismo de associação entre consumo de álcool e a gota inclui a produção em excesso de ácido láctico e ácidos graxos, que afetam o pH dos fluidos corporais e alteram a excreção renal de ácido úrico.

            Alguns estudos têm comprovado que o resveratrol, substância naturalmente presente no vinho, uvas (principalmente casca e sementes), amora e jabuticaba é na realidade capaz de prevenir a gota, já que reduz os índices de ácido úrico através do aprimoramento da função renal.

            Outra bebida aliada na redução do ácido úrico é o café. Em pesquisa realizada nos EUA constatou-se que o consumo desta bebida reduziu significativamente os níveis deste composto no sangue tanto em homens quanto em mulheres. No entanto, nenhuma correlação foi encontrada em relação ao chá. Os autores desta pesquisa apontam que os benefícios da bebida não estão relacionados à presença de cafeína e, portanto a ingestão de café seja ele descafeinados ou não produz os mesmos efeitos benéficos.

            Frutas e hortaliças são ricas em micronutrientes, incluindo o folato, a vitamina C e as fibras, que são considerados protetores contra o aparecimento de gota. Aproximadamente 2/3 do ácido úrico produzido diariamente é excretado na urina e 1/3 é eliminado diretamente nas secreções intestinais e saliva. Isso pode explicar o possível efeito protetor das fibras na gota, uma vez que as fibras são benéficas à motilidade intestinal e contribuem para a excreção intestinal de ácido úrico.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Biazotto, FO. Viva sem gota. Disponível em: www.alimentofuncional.blogspot.com.br Acessado em: 20/06/2015.

Castro, RCB. Estratégias nutricionais na hiperuricemia. Disponível em: www.nutritotal.com.br  Acessado em: 20/06/2015.

McLellan, KCP; Bernardi, JLD; Barbalho, SM. Abordagem nutricional e dietética na hiperuricemia e na gota. Rev Bras Nutr Clin 2009; v.24, n.1, p: 29-32.

Salgado, JM. Pharmacia de Alimentos. 1. ed. São Paulo: Madras, 2004.

Stümer, J. Comida: um santo remédio. 1. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

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