O
nome é originário de Magnésia, que, em grego, designava uma região da Tessália,
localizada na Grécia. O magnésio (Mg) é o principal cátion intracelular e
indispensável em mais de 100 reações enzimáticas dependentes de ATP. É
importante também no metabolismo de outros minerais como cálcio, ferro, zinco e
no transporte do potássio.
O conteúdo de magnésio corporal
total é de aproximadamente 25g, sendo que 60% a 65% estão presentes nos ossos,
que, assim como o músculo, constituem uma reserva desse mineral nas formas de
fosfato e carbonato. O restante se localiza nos tecidos moles (27% no tecido
muscular) e no interior das células. Em menor proporção (1%), encontra-se no
plasma, sendo que o magnésio no fluido extracelular encontra-se 70% a 80% na
forma livre ionizada (Mg+²), 20% a 30% ligado a proteínas e 1% a 2% complexado
a outros ânions. O músculo contém maior teor de magnésio em relação ao cálcio,
contrariamente ao que ocorre no sangue.
Cerca de 45% do magnésio ingerido
pela dieta é absorvido no intestino delgado, cólon e, em baixa proporção, no
estômago. A ingestão de Mg está entre 5-20mmol (120-500mg/dia), sendo que
30-50% são absorvidos principalmente por uma mecanismo paracelular passivo. A
proporção absorvida diminui com o aumento da ingestão. O restante (55%) é
excretado pelas fezes. A presença de fosfato, álcalis, fibras, fitatos, álcool
e o excesso de gordura podem dificultar a absorção de magnésio, enquanto a
presença de lactose ou outros carboidratos, o hormônio da paratireóide (PTH) e
a vitamina D estimulam sua absorção. Esta pode ocorrer por dois mecanismos: um
processo facilitado por carreador ou difusão simples. Um total de 30% a 50% é
absorvido via paracelular passiva, quando as concentrações intraluminais estão
altas. Para que o magnésio entre nas células, é necessária a ação concomitante
da vitamina B6
(piridoxina). Uma vez
ali, o magnésio liga-se principalmente à proteína e aos fosfatos ricos em
energia.
A excreção pode ser por via fecal,
urinária ou biliar. Pelas fezes, cerca de 50% a 80% do total é excretado. O
balanço de magnésio é mantido pela regulação de sua excreção urinária. Os rins
conservam boa parte, sendo que o Mg+² livre é filtrado no glomérulo e
reabsorvido no túbulo proximal e na alça de Henle, eliminando-se cerca de 60 a
120mg/dia pela urina. Estados carenciais de magnésio corporal acompanham-se por
aumento na reabsorção tubular, o inverso ocorrendo na hipermagnesemia.
Situações de acidose facilitam a excreção tubular distal da forma iônica a fim
de estabelecer o equilíbrio ácido-base. A aldosterona aumenta a permeabilidade
renal para magnésio e potássio, aumentando a excreção de magnésio e a retenção
de sódio. O PTH, a calcitonina e o glucagon estimulam a reabsorção renal de
magnésio.
Com o envelhecimento, o conteúdo
total de magnésio no organismo tende a diminuir. Na idade adulta, o balanço
diário de magnésio é, portanto, dependente da interação entre diversos tecidos,
tais como intestino, rins, osso e tecidos moles com o líquido extracelular, por
meio dos mecanismos de absorção, excreção, mineralização, desmineralização e
transporte, mantendo sempre o magnésio dentro de uma faixa estreita de
concentração no sangue.
Função
O magnésio atua na estabilização da
estrutura do ATP e age como cofator para mais de trezentas enzimas do
organismo. Também participa da síntese proteica e dos ácidos graxos e atua na
transmissão e na atividade neuromuscular.
Fontes Alimentares
O magnésio está amplamente
distribuído nos alimentos, mas as principais fontes alimentares são as verduras
(espinafre, acelga), já que faz parte da clorofila dos vegetais. Algumas
sementes (de girassol e abóbora) e oleaginosas (amêndoa e castanha-do-brasil)
são importantes fontes. Alguns legumes (alcachofra, beterraba e quiabo) e
cereais integrais também contêm quantidades importantes desse mineral.
Recomendações
Nutricionais
Os níveis séricos normais de
magnésio varia numa faixa estreita, entre 1,5 e 2,1mEq/L (1,82 a 2,55mg/dL) em
adultos; 1,4 a 1,9mEq/L (1,70 a 2,31mg/dL) em crianças e 1,5 a 2,3mEq/L (1,82 a
2,79mg/dL) em lactentes. Considera-se deficiência de magnésio quando sua
concentração plasmática é menor que 1mEq/L (1,21mg/dL), geralmente com
hipocalcemia e hipopotassemia concomitantes.
Quadro 1. Recomendações nutricionais para magnésio.
Grupos
|
Estágio
de vida
|
Homens
(mg/dia)
|
Mulheres
(mg/dia)
|
1° ano de vida
|
0-6 meses
|
30 (AI)
|
30 (AI)
|
1° ano de vida
|
7-12 meses
|
75 (AI)
|
75 (AI)
|
Pré-escolar
|
1-3 anos
|
80
|
80
|
Escolar
|
4-8 anos
|
130
|
130
|
Escolar
|
9-13 anos
|
240
|
240
|
Adolescente
|
14-18 anos
|
410
|
360
|
Adulto
|
19-30 anos
31-50 anos
51-70 anos
> 70 anos
|
400
420
420
420
|
310
320
320
320
|
Gravidez
|
≤ 18 anos
19-30 anos
31-50 anos
|
-
-
-
|
400
350
360
|
Lactação
|
≤ 18 anos
19-30 anos
31-50 anos
|
-
-
-
|
360
310
320
|
Fonte: Philippi, ST. 2008
A deficiência de magnésio pode
acarretar irritabilidade muscular, arritmias cardíacas e tetania devido ao fato
de sua função ser a de estabilizar a estrutura de ATP nos músculos e a falta de
magnésio pode provocar relaxamento muscular. Geralmente está associada a síndromes
de má-absorção ou ao aumento da excreção renal. A deficiência pode ter um papel
importante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares como hipertensão e
aterosclerose, uma vez que a deficiência pode causar vasoconstrição.
Toxicidade
Com o aumento moderado nos níveis de
Mg no plasma, os sintomas mais frequentes são náuseas, vômitos, hipotensão,
bradicardia, sonolência, dupla visão e fraqueza. Esses efeitos colaterais
ocorrem com concentração plasmática de Mg de 3,5 a 5mmol/L. Em virtude do maior
envolvimento do Mg nas funções neurológicas, os níveis elevados no plasma,
sobretudo devido a infusões intravenosas, podem causar efeitos adversos,
tornando-se muito graves. Em doses muito altas, pode ocasionar diminuição da
respiração, fraqueza muscular marcante e parada cardíaca.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Mafra, D; Cozzolino, SMF. Magnésio. In:
Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade dos nutrientes. 1. ed. Barueri, São Paulo:
Manole, 2005.
Martins, BT; Basílio, MC; Silva, MA. Nutrição
aplicada e alimentação saudável. 1. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo,
2014.
Monteiro, TH; Vannuchi, H. Magnésio. São
Paulo: ILSI Brasil-International Life Sciences Institute do Brasil, 2010.
Philippi, ST; Jaime, PC; Ferreira, CM. Grupo
das Frutas e dos Legumes e Verduras. In: Philippi, ST. Pirâmide dos Alimentos:
fundamentos básicos da nutrição. 1. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2008.
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