domingo, 3 de janeiro de 2016

Melasma



Melasma é uma condição que se caracteriza pelo surgimento de manchas escuras na pele, mas comumente na face, mas também pode ocorrer nos braços e colo. De acordo com o último censo dermatológico da Sociedade Brasileira de Dermatologia, os transtornos na pigmentação, que inclui o melasma, foram responsáveis por 8,4% doa atendimentos dermatológicos, percentual inferior apenas à acne (14%) e às micoses superficiais (8,7%).

         Pode ocorrer em todas as raças e ambos os sexos, entretanto, afeta mais frequentemente as mulheres. A idade das manifestações clínicas situa-se entre 30 3 55 anos e somente 10% dos casos são representados pelo sexo masculino.

            Não há uma causa definida, mas muitas vezes esta condição está relacionada ao uso de anticoncepcionais femininos, à gravidez e principalmente à exposição solar. O fator desencadeante é a exposição à luz Ultravioleta e mesmo à luz visível. Além dos fatores hormonais e da exposição aos raios solares, a predisposição genética e histórico familiar também influencia no surgimento desta condição.

Sintomas

            Começam a aparecer manchas escuras ou acastanhadas na face, principalmente nas maçãs do rosto, testa, nariz, lábio superior (o chamado “buço”) e nas têmporas, lateral dos braços e colo.  As manchas têm formatos irregulares e bem definidos, sendo geralmente simétricas (iguais nos dois lados). Muitas vezes as pessoas relacionam o surgimento da mancha ao uso de algum creme, um procedimento de depilação com cera, acidentes domésticos com calor ou forno, mas todas essas possibilidades são apenas “mitos”, não comprovados cientificamente.

Nutrientes e Fitoterápicos

           Nutrientes encontrados na dieta, como carotenoides, tocoferois, ácido ascórbico, flavonoides, selênio, polifenois e ômega-3 possuem atribuições de capacidade de proteção contra a radiação ultravioleta e lesões cutâneas, restringindo a propagação das reações em cadeia e os danos induzidos pelos radicais livres.

           A utilização de antioxidantes orais, por meio de um nutriconcentrado contendo β-caroteno, licopeno e Lactobacillus johnsonii, e fotoprotetor anti-UVA/UVB mostrou-se eficaz como tratamento auxiliar na manutenção das mulheres com melasma durante os meses de verão.

                Um estudo randomizado, duplo cego, e placebo controlado com objetivo de avaliar a segurança e a eficácia da administração oral de procianidina com vitaminas A, C e E, em mulheres filipinas com melasma epidérmico, demonstrou que o método é eficaz e seguro, sendo uma modalidade alternativa de tratamento para o melasma.

                 Extrato de semente de uva, rico em proantocianidinas, foi administrado por 6 meses em mulheres japonesas com melasma e mostrou-se eficaz na redução da hiperpigmentação. A ingestão por 5 meses antes da temporada de verão pode prevenir o agravamento do melasma.

                 Extrato de romã, contendo 90% de ácido elágico, pode ser utilizado como um agente eficaz para o clareamento da pele, quando administrado por via oral. O ácido elágico do extrato de romã apresenta efeito inibidor sobre uma pigmentação leve da pela humana causada pela radiação ultravioleta.

                 O Pycnogenol, um extrato padronizado da casca do pinheiro marítimo francês (Pinus pinaster), um potente antioxidante e anti-inflamatório, que protege contra a radiação ultravioleta, foi investigado no tratamento de melasma. Seus principais constituintes são compostos fenólicos: catequinas, epicatequinas e taxifolina; flavonoides; condensados: procianidinas; ácidos fenólicos: cafeico, ferúlico, entre outros. Foram avaliadas 30 mulheres com melasma que ingeriram comprimidos de 25mg de pycnogenol, três vezes ao dia, junto às refeições, por 30 dias. Pycnogenol demonstrou ser terapeuticamente eficaz e seguro em pacientes que sofrem de melasma, sem qualquer efeito colateral.

                 Polypodium leucotomos é uma samambaia, com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Possui alto teor de compostos fenólicos, como o ácido cafeico e ferúlico. A característica anti-inflamatória pode ser explicada devido a sua capacidade para suprimir a expressão de moléculas pró-inflamatórias e marcadores, por exemplo, TNF-alfa e iNOS (óxido nítrico-sintase induzida), entre outros. Polypidum leucotomos bloqueou o efeito deletério da radiação ultravioleta, tanto in vivo como in vitro, sendo uma ferramenta valiosa não só para fotoproteção direta, mas também como um adjuvante eficaz para várias doenças da pele relacionadas à radiação ultravioleta. É uma eficaz substância fotoprotetora, diminuindo o eritema, queimaduras solares, danos ao DNA, hiperproliferação epidérmica, infiltração dérmica de mastócitos, preservação de células de Langerhans e redução da vasodilatação.

                Ginseng vermelho coreano em pó, composto principalmente por ginsenosídeos e compostos fenólicos, tem demonstrado eficácia nas atividades de imunomodulação, antioxidante, antienvelhecimento e anti-inflamatório. O ginsenosídeo previne o aumento das espécies reativas de oxigênio UVB induzida, enquanto que os compostos fenólicos inibem a tirosinase na síntese de melanina. Foram avaliadas 25 mulheres com melasma, que ingeriram 1g de pó de ginseng vermelho coreano, três vezes ao dia (dose diária de 3g), durante 24 semanas. Observou-se boa tolerabilidade e efeitos benéficos em pacientes com melasma. Contudo, é necessário um estudo duplo cego randomizado e controlado, para confirmar a eficácia do ginseng vermelho coreano no melasma.

Conduta Nutricional

           O nutricionista pode atuar no tratamento do melasma, por meio de uma conduta nutricional que contribua, de forma complementar, para a prevenção e melhora dessa dermatose, a partir de uma prescrição dietoterápica, que priorize os alimentos com potencial de fotoproteção, antioxidante, anti-inflamatório e com poder clareador para a elaboração do plano alimentar, como, por exemplo, as frutas (acerola, caju, goiaba vermelha, melancia, morango, mamão, melão, pêssego, damasco, ameixa, uva, maçã, romã), vegetais (brócolis, couve, couve-flor, tomate, abóbora, cenoura, pimentão, agrião, batata-doce, alface, espinafre, cebola, vagem), oleaginosas (nozes, castanha do Brasil), bebidas (chá verde, suco de tomate, suco de uva integral, suco de romã), óleos vegetais (girassol, milho, canola, amêndoa, linhaça, chia, azeite), gérmen de trigo, cacau, grãos de cereais e seus óleos, carnes, ovos, peixes, produtos lácteos, frutos do mar, entre outros.

            A prescrição de fitoterápicos e suplementos alimentares poderá contribuir para a complementação da dieta e tratamento do melasma, destacando-se os nutrientes antioxidantes: Vitamina C (200 a 500mg em 2 a 3 doses) e vitamina E (100 a 400 UI); fotoprotetores orais e anti-inflamatórios: Polypodium leucotomos (7,5mg/kg de peso) e pycnogenol (25mg nas refeições, 3 vezes ao dia por 30 dias); clareador: extrato de romã (200mg/dia).

                  Mais estudos são necessários para que seja firmada uma dietoterapia concreta.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Lozer, PE; David, RB. Melasma: uma abordagem nutricional. Rev Bras Nutr Clin 2014; v.29, n.1, p. 86-90.

Melasma. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Disponível em: www.sbd.org.br Acessado em: 30/12/2015.

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