Melasma
é uma condição que se caracteriza pelo surgimento de manchas escuras na pele,
mas comumente na face, mas também pode ocorrer nos braços e colo. De acordo com
o último censo dermatológico da Sociedade Brasileira de Dermatologia, os
transtornos na pigmentação, que inclui o melasma, foram responsáveis por 8,4%
doa atendimentos dermatológicos, percentual inferior apenas à acne (14%) e às
micoses superficiais (8,7%).
Pode ocorrer em todas as raças e ambos os sexos,
entretanto, afeta mais frequentemente as mulheres. A idade das manifestações
clínicas situa-se entre 30 3 55 anos e somente 10% dos casos são representados
pelo sexo masculino.
Não há uma causa definida, mas muitas vezes esta condição
está relacionada ao uso de anticoncepcionais femininos, à gravidez e principalmente
à exposição solar. O fator desencadeante é a exposição à luz Ultravioleta e
mesmo à luz visível. Além dos fatores hormonais e da exposição aos raios
solares, a predisposição genética e histórico familiar também influencia no
surgimento desta condição.
Sintomas
Começam a aparecer manchas escuras ou acastanhadas na
face, principalmente nas maçãs do rosto, testa, nariz, lábio superior (o
chamado “buço”) e nas têmporas, lateral dos braços e colo. As manchas têm formatos irregulares e bem
definidos, sendo geralmente simétricas (iguais nos dois lados). Muitas vezes as
pessoas relacionam o surgimento da mancha ao uso de algum creme, um
procedimento de depilação com cera, acidentes domésticos com calor ou forno,
mas todas essas possibilidades são apenas “mitos”, não comprovados
cientificamente.
Nutrientes
e Fitoterápicos
Nutrientes encontrados na dieta, como carotenoides,
tocoferois, ácido ascórbico, flavonoides, selênio, polifenois e ômega-3 possuem
atribuições de capacidade de proteção contra a radiação ultravioleta e lesões
cutâneas, restringindo a propagação das reações em cadeia e os danos induzidos
pelos radicais livres.
A utilização de antioxidantes orais, por meio de um
nutriconcentrado contendo β-caroteno, licopeno e Lactobacillus johnsonii, e
fotoprotetor anti-UVA/UVB mostrou-se eficaz como tratamento auxiliar na
manutenção das mulheres com melasma durante os meses de verão.
Um estudo randomizado, duplo cego, e placebo controlado
com objetivo de avaliar a segurança e a eficácia da administração oral de
procianidina com vitaminas A, C e E, em mulheres filipinas com melasma
epidérmico, demonstrou que o método é eficaz e seguro, sendo uma modalidade
alternativa de tratamento para o melasma.
Extrato de semente de uva, rico em proantocianidinas, foi
administrado por 6 meses em mulheres japonesas com melasma e mostrou-se eficaz
na redução da hiperpigmentação. A ingestão por 5 meses antes da temporada de
verão pode prevenir o agravamento do melasma.
Extrato de romã, contendo 90% de ácido elágico, pode ser
utilizado como um agente eficaz para o clareamento da pele, quando administrado
por via oral. O ácido elágico do extrato de romã apresenta efeito inibidor
sobre uma pigmentação leve da pela humana causada pela radiação ultravioleta.
O Pycnogenol, um extrato padronizado da casca do pinheiro
marítimo francês (Pinus pinaster), um potente antioxidante e anti-inflamatório,
que protege contra a radiação ultravioleta, foi investigado no tratamento de
melasma. Seus principais constituintes são compostos fenólicos: catequinas,
epicatequinas e taxifolina; flavonoides; condensados: procianidinas; ácidos
fenólicos: cafeico, ferúlico, entre outros. Foram avaliadas 30 mulheres com
melasma que ingeriram comprimidos de 25mg de pycnogenol, três vezes ao dia,
junto às refeições, por 30 dias. Pycnogenol demonstrou ser terapeuticamente
eficaz e seguro em pacientes que sofrem de melasma, sem qualquer efeito
colateral.
Polypodium leucotomos é uma samambaia, com propriedades
anti-inflamatórias e antioxidantes. Possui alto teor de compostos fenólicos,
como o ácido cafeico e ferúlico. A característica anti-inflamatória pode ser
explicada devido a sua capacidade para suprimir a expressão de moléculas
pró-inflamatórias e marcadores, por exemplo, TNF-alfa e iNOS (óxido nítrico-sintase
induzida), entre outros. Polypidum leucotomos bloqueou o efeito deletério da
radiação ultravioleta, tanto in vivo
como in vitro, sendo uma ferramenta
valiosa não só para fotoproteção direta, mas também como um adjuvante eficaz
para várias doenças da pele relacionadas à radiação ultravioleta. É uma eficaz
substância fotoprotetora, diminuindo o eritema, queimaduras solares, danos ao
DNA, hiperproliferação epidérmica, infiltração dérmica de mastócitos,
preservação de células de Langerhans e redução da vasodilatação.
Ginseng vermelho coreano em pó, composto principalmente
por ginsenosídeos e compostos fenólicos, tem demonstrado eficácia nas
atividades de imunomodulação, antioxidante, antienvelhecimento e
anti-inflamatório. O ginsenosídeo previne o aumento das espécies reativas de
oxigênio UVB induzida, enquanto que os compostos fenólicos inibem a tirosinase
na síntese de melanina. Foram avaliadas 25 mulheres com melasma, que ingeriram
1g de pó de ginseng vermelho coreano, três vezes ao dia (dose diária de 3g),
durante 24 semanas. Observou-se boa tolerabilidade e efeitos benéficos em
pacientes com melasma. Contudo, é necessário um estudo duplo cego randomizado e
controlado, para confirmar a eficácia do ginseng vermelho coreano no melasma.
Conduta
Nutricional
O nutricionista pode atuar no tratamento do melasma, por
meio de uma conduta nutricional que contribua, de forma complementar, para a
prevenção e melhora dessa dermatose, a partir de uma prescrição dietoterápica,
que priorize os alimentos com potencial de fotoproteção, antioxidante,
anti-inflamatório e com poder clareador para a elaboração do plano alimentar,
como, por exemplo, as frutas (acerola, caju, goiaba vermelha, melancia,
morango, mamão, melão, pêssego, damasco, ameixa, uva, maçã, romã), vegetais
(brócolis, couve, couve-flor, tomate, abóbora, cenoura, pimentão, agrião,
batata-doce, alface, espinafre, cebola, vagem), oleaginosas (nozes, castanha do
Brasil), bebidas (chá verde, suco de tomate, suco de uva integral, suco de
romã), óleos vegetais (girassol, milho, canola, amêndoa, linhaça, chia,
azeite), gérmen de trigo, cacau, grãos de cereais e seus óleos, carnes, ovos,
peixes, produtos lácteos, frutos do mar, entre outros.
A prescrição de fitoterápicos e suplementos alimentares
poderá contribuir para a complementação da dieta e tratamento do melasma,
destacando-se os nutrientes antioxidantes: Vitamina C (200 a 500mg em 2 a 3
doses) e vitamina E (100 a 400 UI); fotoprotetores orais e anti-inflamatórios:
Polypodium leucotomos (7,5mg/kg de peso) e pycnogenol (25mg nas refeições, 3
vezes ao dia por 30 dias); clareador: extrato de romã (200mg/dia).
Mais estudos são necessários para que seja firmada uma
dietoterapia concreta.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Lozer, PE; David, RB.
Melasma: uma abordagem nutricional. Rev Bras Nutr Clin 2014; v.29, n.1, p.
86-90.
Melasma. Sociedade
Brasileira de Dermatologia. Disponível em: www.sbd.org.br
Acessado em: 30/12/2015.
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