Os
lipídios são substâncias não solúveis em água, representadas principalmente
pelos triacilgliceróis, fosfolipídios e colesterol.
Triacilglicerol – é a forma mais abundante encontrada
nos alimentos, bem como no organismo humano. Cerca de 90% dos lipídios contidos
nos alimentos, assim como os lipídios dos nossos reservatórios de gordura
(células adiposas) e mais de 80% dos lipídios totais que compõem nosso
organismo estão sob a forma de triacilglicerol.
Fosfolipídio – é o principal elemento estrutural
das membranas celulares. Possui estrutura semelhante aos triacilgliceróis,
substituindo um ácido graxo por um grupo fosfato. Existem vários tipos de
fosfolipídios no nosso organismo. A lecitina é o principal deles e está
presente constituindo todas as membranas das nossas células, e também é
encontrada na bile, onde juntamente com os sais biliares promoverá a digestão
das gorduras no intestino.
Colesterol – é precursor de hormônios e
constituinte da bile. Possui uma estrutura diferente dos demais lipídios, mas é
considerado como tal por não se dissolver em água. Não encontramos colesterol
em alimentos de origem vegetal, sendo, portanto um lipídio exclusivamente
animal. O colesterol pode ser sintetizado pelo fígado, cerca de 20mg/kg/dia, ou
então pode ser ingerido prontamente através de alimentos de origem animal, como
carnes, gema de ovo, leite e derivados, e frutos do mar, com exceção dos
peixes.
Os lipídeos são compostos por ácidos
graxos que consistem em cadeias carbônicas ligadas a hidrogênios com um radical
ácido (COOH) em uma extremidade. Eles podem ser saturados (com ligações simples
entre os carbonos) ou insaturados (com duplas ligações entre os carbonos). Se
houver uma dupla ligação na cadeia o ácido graxo é chamado de monoinsaturado, e
se houver duas ligações ou mais são denominados poliinsaturados. Quanto maior a
proporção de ácidos graxos saturados no lipídio, mais sólido ele será.
Quando sólidos (os lipídios) à
temperatura ambiente são denominados gorduras, e quando estão sob a forma
líquida denominam-se óleos. As gorduras podem ser facilmente visualizadas em
alimentos como as carnes ou mais escondidas, como no leite e cremes, onde se
encontram em suspensão.
Funções dos lipídios
Os lipídios realizam as seguintes
funções: auxiliam no transporte e absorção das vitaminas lipossolúveis (A, D,
E, K); protegem os órgãos; compõem as membranas celulares; precursor de
hormônios; isolante térmico e físico;
fornecem energia para o corpo; além de conferir sabor, textura, cor,
palatabilidade e conservação dos alimentos.
Digestão
A gordura chega ao estômago junto
aos demais nutrientes constituindo o bolo alimentar. Neste local ocorre somente
a mistura desse bolo, absorção de água e quebra de grandes proteínas para que
ocorra a passagem para o esfíncter pilórico. A digestão propriamente dita
acontece no próximo segmento do trato gastrintestinal, o intestino, dividido em
duodeno e jejuno. A presença da gordura no duodeno estimula a secreção de
colecistocinina, a qual cai na circulação atingindo o pâncreas, onde estimulará
a secreção de enzimas digestivas, no caso a lipase pancreática. Uma vez a
lipase pancreática secretada para o duodeno, inicia-se o processo de digestão
dos lipídios por hidrólise (reação de decomposição ou alteração de uma
substância pela água) e os produtos desta digestão são os ácidos graxos livres,
diacilgliceróis, monoacilgliceróis e glicerol. Apenas 40% das gorduras são
totalmente clivadas em ácidos graxos e glicerol; o restante permanece
principalmente como monoacilgliceróis. Juntamente com a lipase, agem os sais
biliares como detergentes, emulsificando-os, para diminuir o tamanho dos
glóbulos e aumentar a superfície de contato para melhor ação das lípases.
Gordura na dieta
As gorduras e os óleos são muito
concentrados em energia, fornecendo 9kcal/g (comparativamente, carboidratos e
proteínas fornecem 4kcal/g), mas todas as pessoas precisam consumir alguma
gordura.
Quantidades reduzidas de gordura
total, com pouca gordura saturada e colesterol, a ingestão aumentada de
carboidratos complexos (vide texto sobre carboidratos) têm sido recomendadas
para reduzir o colesterol sérico e o risco de doença crônica, especialmente
doença cardíaca, pressão sanguínea, acidente vascular cerebral e doença renal.
Ácidos graxos trans
Grande parte dos alimentos
processados contém muita gordura, principalmente a do tipo hidrogenado. A
hidrogenação (processo tecnológico utilizado na fabricação de margarinas)
converte os óleos vegetais em gorduras sólidas e mais estáveis à temperatura
ambiente, produzindo um tipo de gordura conhecida como “ácidos graxos trans” ou
“gordura trans”.
Os biscoitos recheados ou não, bolos
e pães industrializados em geral, margarinas e gorduras vegetais utilizam a
gordura trans (hidrogenada) como ingrediente.
Quanto menos alimentos com esse tipo
de ingrediente você consumir, melhor para a sua saúde. O corpo humano não
evoluiu com a capacidade de consumir grandes quantidades de gordura saturada de
origem animal e de gorduras elaboradas por processo de hidrogenação sem sofrer
sérias consequências metabólicas. O consumo da gordura trans tem efeitos
semelhantes aos que a gordura saturada causa na saúde humana.
Fique atento à rotulagem dos
produtos e evite alimentos cujos rótulos mencionam “gordura hidrogenada”,
“gordura trans”, “óleo hidrogenado” ou “gordura vegetal” na sua lista de
ingredientes.
Alimentos fonte:
Insaturada
|
Saturada
|
·
Azeite de oliva
·
Oleaginosas
·
Abacate
·
Óleos em geral
·
Peixes
·
Animais marinhos
·
Linhaça
·
Soja
·
Azeitona
·
Canola
|
·
Manteiga
·
Margarina
·
Creme de leite
·
Gordura animal
·
Carnes gordas
·
Leite integral
·
Queijos
·
Azeite de dendê
·
Frituras em geral
·
Gordura hidrogenada
|
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
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dos lipídios. 1 ed. São Paulo: Manole, 2005; p.152-173.
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Fundamentos e Aspectos Atuais. 1ed. São Paulo: Atheneu, 2002, p.49-62.
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