O Coco (C. nucifera) pertence à família Arecaceae
(Palmae) e à subfamília Cocoideae. O óleo é, em geral, extraído a frio a partir
da massa do coco.
O óleo de coco é classificado como gordura
saturada. Sabe-se que o nível de saturação determina a consistência da gordura
em temperatura ambiente. Quanto maior o grau de saturação, mais dura a gordura
será. No entanto, o óleo de coco é uma exceção, pois apesar de ser altamente
saturado, é líquido, devido à predominância de ácidos graxos de cadeia média
(AGCM), que correspondem a 70-80% de sua composição.
Os AGCM (possuem de 8 a 12 átomos de carbonos) são
rapidamente absorvidos no intestino, mesmo sem sofrer ação da enzima lipase
pancreática. Os ácidos graxos de cadeia longa (AGCL), por outro lado, necessitam
da lipase pancreática para a absorção e são transportados pela linfa (fluido
presente nos vasos linfáticos) para a circulação sistêmica na forma de
quilomícrons (é uma lipoproteína, que é a união entre lipídios e proteínas,
responsável pelo transporte do triacilglicerol exógeno na corrente sanguínea) (vide
texto sobre lipídios), para depois atingir o fígado, onde eles passam por
beta-oxidação (consiste na quebra por oxidação do ácido graxo), biossíntese de
colesterol, ou são ressintetizados como triglicérides. Já os AGCM são
transportados pela veia porta para o fígado, onde são rapidamente oxidados, gerando
energia. Ao contrário dos AGCL (mais de 12 átomos de carbono), os AGCM não
participam do ciclo de colesterol e não são estocados em depósitos de gorduras.
Formas de Utilização do Óleo de Coco
O óleo de coco pode ser utilizado em
substituição a outros tipos de gordura no preparo dos alimentos. Com as
descobertas dos malefícios da gordura trans, a indústria alimentícia vem
buscando alternativas para o preparo de alimentos. Uma das alternativas tem
sido o uso de óleos tropicais, como o óleo de coco. Obviamente, a retirada da
gordura trans traz benefícios no perfil lipídico e no risco cardiovascular. No
entanto, não se sabe se a substituição da gordura trans por gordura saturada,
principal fonte de gordura do óleo de coco, poderá ser benéfica. Sabemos que
gordura saturada está associada à elevação do colesterol total.
Suplementos de Óleo de Coco X Dislipidemias*
O consumo de óleo de coco e de outros suplementos
foi avaliado em ratos e mostrou que, apesar do alto teor de gordura saturada, o
óleo de coco parece ter efeitos benéficos para a saúde cardiovascular, desde
que consumido em doses moderadas. Entretanto, os autores concluem que ainda são
necessários mais estudos para indicação efetiva deste suplemento. São poucos os
estudos que avaliaram a suplementação do óleo de coco e resultados no perfil
lipídico em humanos.
*
significa que altos
níveis de gorduras estão circulando no seu sangue. Essas gorduras incluem
colesterol e triglicérides
Suplementos de Óleo de Coco X Perda de Peso
Em relação à perda de peso, os estudos
com suplementos a base de óleo de coco são extremamente escassos e de baixo
grau de evidência. Os defensores do óleo de coco se baseiam na teoria de que os
AGCM são facilmente oxidados a lipídeos e não armazenados no tecido adiposo,
quando comparados aos AGCL. Por esta conclusão, e pelo fato do óleo de coco ser
rico em AGCM e pobre em AGCL, seu uso poderia ter efeito no tratamento da
obesidade. Um estudo conduzido em humanos concluiu que o uso do óleo de coco
virgem, por ter alto teor de AGCM, parece ser benéfico para redução de gordura
abdominal, em especial em homens, sem alteração significativa do perfil
lipídico, mas vale ressaltar que este estudo foi realizado em apenas 20
indivíduos e o acompanhamento foi feito por apenas quatro semanas.
É importante ter em mente que a gordura saturada do
óleo de coco, mesmo que com melhor composição que outras fontes de gordura
saturada, deve ter seu consumo restrito. Ainda é válida a recomendação de que
uma dieta de alta qualidade para saúde deve limitar a ingestão de gordura
saturada (7% do valor calórico total da dieta), substituir gordura saturada por
monoinsaturada e poliinsaturada, aumentar o consumo de ômega 3, fibras
solúveis, vegetais e frutas. O uso de suplementos a base de óleo de coco está
longe de ser um milagre para emagrecer. Certamente seu uso é mais um modismo,
sem respaldo científico e que, portanto, deve ser desestimulado.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referência Bibliográfica:
Dislipidemia – Colesterol e Triglicérides.
Instituto Procardíaco. Disponível em: www.institutoprocardiaco.com.br Acessado
em: 12/12/2012.
Rodrigues, A. Óleo de coco – milagre para emagrecer
ou mais um modismo? Rev. Abeso, 2012, n. 56, p.5-7.
Nenhum comentário:
Postar um comentário