segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Óleo de coco



O Coco (C. nucifera) pertence à família Arecaceae (Palmae) e à subfamília Cocoideae. O óleo é, em geral, extraído a frio a partir da massa do coco.

O óleo de coco é classificado como gordura saturada. Sabe-se que o nível de saturação determina a consistência da gordura em temperatura ambiente. Quanto maior o grau de saturação, mais dura a gordura será. No entanto, o óleo de coco é uma exceção, pois apesar de ser altamente saturado, é líquido, devido à predominância de ácidos graxos de cadeia média (AGCM), que correspondem a 70-80% de sua composição.

Os AGCM (possuem de 8 a 12 átomos de carbonos) são rapidamente absorvidos no intestino, mesmo sem sofrer ação da enzima lipase pancreática. Os ácidos graxos de cadeia longa (AGCL), por outro lado, necessitam da lipase pancreática para a absorção e são transportados pela linfa (fluido presente nos vasos linfáticos) para a circulação sistêmica na forma de quilomícrons (é uma lipoproteína, que é a união entre lipídios e proteínas, responsável pelo transporte do triacilglicerol exógeno na corrente sanguínea) (vide texto sobre lipídios), para depois atingir o fígado, onde eles passam por beta-oxidação (consiste na quebra por oxidação do ácido graxo), biossíntese de colesterol, ou são ressintetizados como triglicérides. Já os AGCM são transportados pela veia porta para o fígado, onde são rapidamente oxidados, gerando energia. Ao contrário dos AGCL (mais de 12 átomos de carbono), os AGCM não participam do ciclo de colesterol e não são estocados em depósitos de gorduras.

Formas de Utilização do Óleo de Coco

O óleo de coco pode ser utilizado em substituição a outros tipos de gordura no preparo dos alimentos. Com as descobertas dos malefícios da gordura trans, a indústria alimentícia vem buscando alternativas para o preparo de alimentos. Uma das alternativas tem sido o uso de óleos tropicais, como o óleo de coco. Obviamente, a retirada da gordura trans traz benefícios no perfil lipídico e no risco cardiovascular. No entanto, não se sabe se a substituição da gordura trans por gordura saturada, principal fonte de gordura do óleo de coco, poderá ser benéfica. Sabemos que gordura saturada está associada à elevação do colesterol total.

Suplementos de Óleo de Coco X Dislipidemias*

O consumo de óleo de coco e de outros suplementos foi avaliado em ratos e mostrou que, apesar do alto teor de gordura saturada, o óleo de coco parece ter efeitos benéficos para a saúde cardiovascular, desde que consumido em doses moderadas. Entretanto, os autores concluem que ainda são necessários mais estudos para indicação efetiva deste suplemento. São poucos os estudos que avaliaram a suplementação do óleo de coco e resultados no perfil lipídico em humanos.

* significa que altos níveis de gorduras estão circulando no seu sangue. Essas gorduras incluem colesterol e triglicérides

Suplementos de Óleo de Coco X Perda de Peso

Em relação à perda de peso, os estudos com suplementos a base de óleo de coco são extremamente escassos e de baixo grau de evidência. Os defensores do óleo de coco se baseiam na teoria de que os AGCM são facilmente oxidados a lipídeos e não armazenados no tecido adiposo, quando comparados aos AGCL. Por esta conclusão, e pelo fato do óleo de coco ser rico em AGCM e pobre em AGCL, seu uso poderia ter efeito no tratamento da obesidade. Um estudo conduzido em humanos concluiu que o uso do óleo de coco virgem, por ter alto teor de AGCM, parece ser benéfico para redução de gordura abdominal, em especial em homens, sem alteração significativa do perfil lipídico, mas vale ressaltar que este estudo foi realizado em apenas 20 indivíduos e o acompanhamento foi feito por apenas quatro semanas.

É importante ter em mente que a gordura saturada do óleo de coco, mesmo que com melhor composição que outras fontes de gordura saturada, deve ter seu consumo restrito. Ainda é válida a recomendação de que uma dieta de alta qualidade para saúde deve limitar a ingestão de gordura saturada (7% do valor calórico total da dieta), substituir gordura saturada por monoinsaturada e poliinsaturada, aumentar o consumo de ômega 3, fibras solúveis, vegetais e frutas. O uso de suplementos a base de óleo de coco está longe de ser um milagre para emagrecer. Certamente seu uso é mais um modismo, sem respaldo científico e que, portanto, deve ser desestimulado.



As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referência Bibliográfica:

Beta-oxidação de lipídios. Disponível em: www.docentes.esalq.usp.br Acessado em: 11/12/2012.

Dislipidemia – Colesterol e Triglicérides. Instituto Procardíaco. Disponível em: www.institutoprocardiaco.com.br Acessado em: 12/12/2012.

Rodrigues, A. Óleo de coco – milagre para emagrecer ou mais um modismo? Rev. Abeso, 2012, n. 56, p.5-7.

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