A
doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, crônica e progressiva, que
caracteriza-se por uma tríade de sintomas. A prevalência da doença de Parkinson
tem sido estimada entre 80 e 160 casos por 100 mil habitantes, aproximadamente,
onde cerca de 1% dos indivíduos apresentam idade maior que 65 anos.
É uma doença que incide
especialmente nas células da substância negra do encéfalo. Os neurônios
produzem substâncias químicas chamadas neurotransmissores, como a dopamina, que
possibilitam a comunicação entre os neurônios, já que agem nas sinapses
nervosas. Portanto, a falta ou a diminuição das reservas de dopamina com consequente
despigmentação dos neurônios, afeta os movimentos do indivíduo, provocando
sintomas como: tremor, rigidez muscular, bradicinesia que é a tríade
característica da doença de Parkinson.
A doença de Parkinson pode afetar qualquer
indivíduo, independentemente da faixa etária, sexo ou etnia. Esta patologia é mais
comum em pessoas idosas. Na maioria dos indivíduos, os primeiros sintomas
iniciam-se geralmente a partir dos 50 anos de idade. Pode também ocorrer nas
pessoas mais jovens, embora os casos sejam mais raros.
Sintomas
Um dos primeiros sintomas que ocorre
na doença de Parkinson é o tremor, aparecendo com maior frequência quando a
pessoa se encontra em repouso ou sob estresse emocional. Além disso, ocorre a
rigidez muscular que é definida como uma resistência aumentada ao movimento
passivo, afetando toda a musculatura estriada. Essa rigidez muscular é que
confere a postura característica da enfermidade. A bradicinesia, outro sintoma
comum, é caracterizada pelo prejuízo na iniciação dos movimentos, além da
lentidão e dificuldade na realização dos mesmos, especialmente os voluntários e
repetidos.
Etiologia
A etiologia da doença de Parkinson
não é bem compreendida. Estudos sugerem que o aparecimento dessa enfermidade possa
ser devido à ocorrência de múltiplos fatores que parecem estar associados a
causas ambientais (exposição a substâncias tóxicas) e genéticas, como também ao
aumento da longevidade. Nesse sentido, tem sido demonstrado que a ação de
neurotoxinas ambientais, produção aumentada de radicais livres, anormalidades
mitocondriais, predisposição genética e envelhecimento cerebral são alguns dos
vários mecanismos implicados na degeneração celular da doença de Parkinson.
Tratamento
Não existe cura para a doença.
Porém, ela pode e deve ser tratada, não apenas combatendo os sintomas, como
também retardando o seu progresso. A grande barreira para se curar a doença
está na própria genética humana. No cérebro, ao contrário do restante do
organismo, as células não se renovam. Por isso, nada há a fazer diante da morte
das células produtoras da dopamina na substância negra. A grande arma da
medicina para combater o Parkinson são os remédios e cirurgias, além da
fisioterapia e a terapia ocupacional. Todas elas combatem apenas os sintomas. A
fonoaudiologia também é muito importante para os que têm problemas com a fala e
a voz.
●
Levodopa
ou L-Dopa: ainda é o medicamento mais importante para amenizar os
sintomas da doença. A levodopa se transforma em dopamina no cérebro e supre
parcialmente a falta daquele neurotransmissor. Infelizmente, o uso prolongado
de muitos anos pode causar reações secundárias bastante severas, como os
movimentos involuntários anormais. Além da levodopa, existem diversos outros
que complementam o arsenal de medicamentos para combater os sintomas da doença.
●
Cirurgias:
as cirurgias consistem em lesões no núcleo pálido interno (Palidotomia) ou do
tálamo ventro-lateral (Talamotomia), que estão envolvidos no mecanismo da
rigidez e tremor. Porém, a lentidão de movimentos responde melhor aos
medicamentos. Essas lesões podem diminuir a rigidez e abolir o tremor. Todavia,
nenhuma delas representa a cura da doença. O médico dirá se o paciente pode ou
não se beneficiar do tratamento.
Estado nutricional
A perda de peso é um achado comum na
doença de Parkinson. Fatores como tremor, rigidez e demência, presentes nessa
doença, além de dificultar a ingestão de alimentos dos indivíduos portadores,
são fatores que necessitam do aumento no consumo de energia. A falta de apetite
também está associada a quadros depressivos, muito comum nessas pessoas, e
ainda o efeito da L-Dopa também contribui para a baixa ingestão alimentar.
É comum o surgimento de disfunções
gastrintestinais, principalmente com o avanço da doença. A gastroparesia
(diminuição da força contrátil da musculatura do estômago) compromete a
absorção das drogas utilizadas na terapêutica medicamentosa. As disfunções
intestinais causam redução dos movimentos peristálticos com consequente
dificuldade no ato de defecar. A constipação intestinal é motivo de grande
desconforto entre os parkinsonianos e tem-se encontrado uma relação entre a
presença e grau de constipação com a duração e gravidade da doença.
Nutrição
A nutrição na doença de Parkinson
irá depender da fase em que o indivíduo se encontra, da dose do medicamento ou
da etapa do tratamento, podem ser observados alguns sintomas que dificultam uma
alimentação adequada. Alterações nutricionais, interações dos medicamentos com
os nutrientes, problemas com o apetite, deglutição, entre outros, podem ocorrer
e podemos melhorar estas condições.
Alguns fatores, geralmente presentes
em pacientes com doença de Parkinson, podem apresentar-se como risco para falta
de apetite, perda de peso e consequentemente má nutrição. Entre eles se
destacam:
-
Alterações na dentição e dificuldades de mastigação e deglutição;
-
Ausência ou dificuldade de realizar atividade física, dificuldade de locomoção;
-
Medicamentos usados na fase inicial da doença, interferem na absorção
intestinal, dificultando seu funcionamento, provocando náuseas, vômitos,
constipação, boca seca (dificultando a formação normal do “bolo alimentar”),
redução da sensibilidade do paladar e olfato;
-
Aumento do metabolismo e consequentemente das necessidades energéticas,
facilitando a perda de peso;
-
Falta de equilíbrio para preparar a própria alimentação ou inexistência de
outra pessoa que possa fazê-lo;
-
Alterações posturais, dificultando a possibilidade do indivíduo ficar ereto à mesa;
-
Dificuldades motoras para manusear os talheres, devido tremores e/ou rigidez de
membros superiores;
-
Dificuldade de realizar movimentos do esôfago que auxiliam na deglutição,
podendo provocar engasgos e aspiração de alimentos.
Algumas orientações para se obter
uma alimentação adequada são:
►
Procure variar ao máximo a sua alimentação, para receber todos os nutrientes e
evitar possíveis carências;
►
Coma diariamente frutas (pelo menos 3 unidades); verduras cruas (2 porções);
verduras cozidas (2 porções), pães, bolachas e cereais (4 porções à sua
escolha); feijão, lentilha, grão de bico, ervilha (1 a 2 porções à sua
escolha); carnes (1 a 2 porções); leite, queijo, iogurte (3 a 6 porções);
►
Faça de 5 a 6 pequenas refeições ao dia, evitando comer grandes quantidades de
alimento de uma só vez;
►
Não deixe de fazer nenhuma refeição durante o dia;
►
Não use laxante sem a prescrição médica;
►
Cozinhe com óleos vegetais de qualquer tipo (soja, milho, canola, girassol),
pois, não possuem colesterol;
►
Evite o uso de doces, açúcar, frituras e gorduras em excesso;
►
Não exagere no sal na hora de cozinhar e evite ingerir com frequência
salgadinhos, salames, embutidos, enlatados, carnes salgadas e outros alimentos
salgados. Use mais temperos à base de ervas aromáticas (salsa, cebolinha,
hortelã, manjericão e outros);
►
Após o almoço e o jantar (ou refeição com algum tipo de carne) coma alguma
fruta rica em vitamina C (laranja, mexerica, acerola, morango, goiaba, abacaxi)
para facilitar a absorção de ferro;
►
Procure fazer alguma atividade física que lhe agrade;
►
Se estiver perdendo peso, procure o nutricionista e avise ao seu médico.
A orientação dietética do paciente
com Parkinson deve ser baseada nas recomendações nutricionais específicas para
sua faixa etária, bem como minimizar as alterações no trato gastrintestinal,
prevenir alterações hepáticas, renais e/ou cardiovasculares, devido aos
medicamentos utilizados, e, principalmente, manter equilibrado seu estado
nutricional.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Cukier, C; Magnoni, D; Alvarez, T. Nutrição
baseada na fisiologia dos órgãos e sistemas. 1 ed. Sarvier: São Paulo 2005,
p.270-284.
D’Olveira, FA; Frank, AA; Soares, EA. A
influência dos minerais na doença de Parkinson. Rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.
2007, v.32, n.1, p.77-88.
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