O
estado nutricional de um indivíduo reflete o grau pelo qual as necessidades
fisiológicas de nutrientes estão sendo atendidas.
A avaliação nutricional é uma
abordagem completa, realizada pelo nutricionista, para determinar o estado
nutricional e tem como objetivo identificar distúrbios nutricionais,
possibilitando uma intervenção adequada de forma a auxiliar na recuperação e/ou
manutenção do estado de saúde do indivíduo.
A antropometria é a medida do
tamanho corporal e de suas proporções. Trata-se de um dos indicadores diretos
do estado nutricional, sendo as medidas mais utilizadas na avaliação
antropométrica o peso, a estatura, as pregas cutâneas (bicipital, tricipital,
subescapular e supra-íliaca) e as circunferências (braço, cintura e quadril).
Medidas
Antropométricas
Peso: O peso corresponde à soma de todos os
componentes corporais e reflete o equilíbrio protéico-energético do indivíduo.
O peso corporal é constituído por massa óssea, tecido adiposo, tecido muscular
e água. Recomenda-se que o peso seja obtido pela manhã, que o indivíduo esteja
em jejum, com o mínimo de roupas possível, sem sapatos e após o esvaziamento
vesical. As variações de peso em curto espaço de tempo estão muito mais
relacionadas com retenção ou perda hídrica do que com modificação na quantidade
de massa muscular ou de tecido adiposo que parecem exercer influência no peso e
necessitam de pelo menos duas semanas no mínimo. O peso sofre variação normal
de 1,0 a 1,50kg entre o período da manhã e o período da noite, sem significar
que é aumento de gordura.
Estatura: É medida utilizando-se o estadiômetro
ou o antropômetro. O indivíduo deve ficar em pé, descalço, com os calcanhares
juntos, costas retas e os braços estendidos ao lado do corpo. Para que a
medição seja o mais precisa possível, é importante que o profissional tenha
disponível estadiômetro adequado. Alguns métodos alternativos para a estimativa
de estatura de indivíduos impossibilitados de utilizar os métodos convencionais
são: altura do joelho, extensão dos braços e estatura recumbente (o indivíduo
deverá estar em posição supina e com o leito horizontal completo).
Índice
de Massa Corporal (IMC):
É o indicador simples de estado nutricional calculado a partir da seguinte
fórmula:
IMC
= ___PESO ATUAL_ (quilogramas)___
ALTURA X ALTURA (metros)
Após
o cálculo, visualize em que faixa você se encontra no quadro abaixo:
Classificação
do Índice de Massa Corpórea
|
IMC
(kg/m²)
Classificação
|
<
16,0
Magreza Grau III
16,0-16,9
Magreza Grau II
17,0-18,4
Magreza Grau I
18,5-24,9 Eutrofia
25,0-29,9
Pré-obesidade
30,0-34,9
Obesidade Grau I
35,0-39,9
Obesidade Grau II
≥
40
Obesidade Grau III
|
Fonte: Adaptado de World Health Organization.
Considerando-se que o IMC não
distingue o peso associado ao músculo ou à gordura corporal, torna-se
importante investigar a composição corporal, sobretudo quando os valores
estiverem nos limites ou fora da normalidade (≤ 18,5 ou ≥ 24,9kg/m²).
Circunferências
Existem dois tipos de distribuições
da gordura corporal em indivíduos obesos: a abdominal (superior, andróide ou em
forma de maçã) e a glúteo femoral (inferior, ginóide ou em forma de pêra). Na
anterior, a gordura é acumulada no abdome e na posterior, na região glútea. A
distribuição superior está associada com um alto risco de doenças cardiovasculares.
Circunferência
do braço (CB):
representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e
gorduroso do braço. É muito utilizada, pois a sua combinação com a medida da
prega cutânea do tríceps (PCT) permite, através da aplicação de fórmulas,
calcular a circunferência muscular do braço (CMB) e a área muscular do braço
(AMB), área de músculo sem osso, que são correlacionadas com a massa muscular
total, sendo utilizadas para diagnosticar alterações da massa muscular corporal
total e, assim, o estado nutricional protéico. O braço a ser avaliado deve
estar flexionado em direção ao tórax, formando um ângulo de 90º. Localizar e
marcar o ponto médio entre o acrômio e o olécrano. Solicitar que o indivíduo
fique com o braço estendido ao longo do corpo com a palma da mão voltada para a
coxa.
Circunferência
do quadril: É realizado
para a avaliação da relação cintura/quadril, que também é considerada um
indicador de risco cardiovascular. A circunferência da cintura isolada é mais
fortemente associada a gordura corporal total do que a razão cintura/quadril.
Circunferência
da cintura (CC): Tem
o objetivo de avaliar a adiposidade abdominal em função da sua associação com
doenças crônicas não transmissíveis. A medida deve ser realizada com o paciente
em pé, utilizando uma fita métrica não extensível. A fita deverá circundar o
indivíduo na linha natural da cintura, na região mais estreita entre o tórax e
o quadril, no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca.
Quadro
1: Riscos de
complicações metabólicas associadas à obesidade em função da circunferência da
cintura (cm) por sexo.
RISCO
AUMENTADO
|
RISCO
MUITO AUMENTADO
|
|
HOMENS
|
≥ 94cm
|
≥ 102cm
|
MULHERES
|
≥ 80cm
|
≥ 88cm
|
Fonte: Cuppari, 2002.
Pregas Cutâneas
A gordura subcutânea corresponde a
50% da gordura armazenada do corpo, e pode refletir de maneira acurada o
conteúdo de gordura corporal total. As pregas ou dobras cutâneas são
determinadas por meio do aparelho (adipômetro) de precisão e de validade
reconhecida. A espessura das dobras cutâneas expressa a quantidade de tecido
adiposo corporal e, em conseqüência, as reservas corporais de energia e o
estado nutricional atual. Como esta técnica reflete unicamente a disposição da
gordura localizada na região subcutânea de um ou mais segmentos do corpo, deve
ser interpretada por equações preditivas previamente validadas para estimar a
massa gorda. Dessa forma, esse indicador pode indicar a quantidade e a
distribuição de gordura existente nas diferentes regiões do corpo.
Prega
cutânea do tríceps (PCT):
A região do tríceps é o local mais frequentemente utilizado, pois se considera
que seja o mais representativo da camada subcutânea de gordura. Sua medida
isolada é comparada ao padrão de referência de Frisancho.
Prega
cutânea do bíceps (PCB):
Com a palma da mão voltada para fora, marcar o local da medida 1cm acima do
local marcado para a prega tricipital. Segurar a prega verticalmente e aplicar
o adipômetro no local marcado.
Prega
cutânea subescapular:
Marcar o local logo abaixo do ângulo inferior da escápula. A pele é levantada
1cm abaixo do ângulo inferior da escápula, de tal forma que se possa observar
um ângulo de 45º entre esta e a coluna vertebral. O adipômetro deverá ser
aplicado estando o indivíduo com os braços e ombros relaxados.
Prega
cutânea supra-ilíaca:
A prega deverá ser formada na linha média axilar, com o dedo indicador logo
acima da crista ilíaca, na posição diagonal, ou seja, seguindo a linha de
clivagem natural da pele no lado direito do indivíduo.
A avaliação das pregas cutâneas deve
ser feita com cuidado em razão da grande variabilidade existente inter e
intra-avaliador. Esta fonte de erro pode ser minimizada por meio da
padronização dos procedimentos e treinamento das técnicas. As medidas de pregas
não são consistentes em situações de obesidade mórbida e edema.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Acuña,
K; Cruz, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação
nutricional da população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metab 2004, v. 48,
n.3: p. 345-361.
Cuppari, L. Nutrição Clínica no Adulto. Guias
de Medicina Ambulatorial e Hospitalar –Unifesp. 1 ed. Barueri, SP: Manole,
2002: p. 71-109.
Mahan,
LK; Stump, SE. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 10 ed. São Paulo: Rocca, 2003.
p. 341-385.
Navarro,
AM; Marchini, JS. Uso de medidas antropométricas para estimar gordura corporal
em adultos. Rev Soc Bras Alim Nutr 2000, v.19, n.20: p. 31-37.
Vitolo,
MR. Avaliação Nutricional do Adulto. Nutrição: Da Gestação ao Envelhecimento. 1
ed. Rio de Janeiro: Editora Rubio 2008, p. 377-399.
World
Health Organization. Disponível em: http://apps.who.int/bmi/index.jsp?introPage=intro_3.html. Acessado
em 15/04/2013.
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