segunda-feira, 29 de abril de 2013

Antropometria





         O estado nutricional de um indivíduo reflete o grau pelo qual as necessidades fisiológicas de nutrientes estão sendo atendidas.

            A avaliação nutricional é uma abordagem completa, realizada pelo nutricionista, para determinar o estado nutricional e tem como objetivo identificar distúrbios nutricionais, possibilitando uma intervenção adequada de forma a auxiliar na recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do indivíduo.

          A antropometria é a medida do tamanho corporal e de suas proporções. Trata-se de um dos indicadores diretos do estado nutricional, sendo as medidas mais utilizadas na avaliação antropométrica o peso, a estatura, as pregas cutâneas (bicipital, tricipital, subescapular e supra-íliaca) e as circunferências (braço, cintura e quadril).

Medidas Antropométricas

Peso: O peso corresponde à soma de todos os componentes corporais e reflete o equilíbrio protéico-energético do indivíduo. O peso corporal é constituído por massa óssea, tecido adiposo, tecido muscular e água. Recomenda-se que o peso seja obtido pela manhã, que o indivíduo esteja em jejum, com o mínimo de roupas possível, sem sapatos e após o esvaziamento vesical. As variações de peso em curto espaço de tempo estão muito mais relacionadas com retenção ou perda hídrica do que com modificação na quantidade de massa muscular ou de tecido adiposo que parecem exercer influência no peso e necessitam de pelo menos duas semanas no mínimo. O peso sofre variação normal de 1,0 a 1,50kg entre o período da manhã e o período da noite, sem significar que é aumento de gordura.

Estatura: É medida utilizando-se o estadiômetro ou o antropômetro. O indivíduo deve ficar em pé, descalço, com os calcanhares juntos, costas retas e os braços estendidos ao lado do corpo. Para que a medição seja o mais precisa possível, é importante que o profissional tenha disponível estadiômetro adequado. Alguns métodos alternativos para a estimativa de estatura de indivíduos impossibilitados de utilizar os métodos convencionais são: altura do joelho, extensão dos braços e estatura recumbente (o indivíduo deverá estar em posição supina e com o leito horizontal completo).

Índice de Massa Corporal (IMC): É o indicador simples de estado nutricional calculado a partir da seguinte fórmula:

IMC = ___PESO ATUAL_ (quilogramas)___
ALTURA X ALTURA (metros)

Após o cálculo, visualize em que faixa você se encontra no quadro abaixo:

Classificação do Índice de Massa Corpórea
IMC (kg/m²)                                                             Classificação
< 16,0                                                                                     Magreza Grau III
16,0-16,9                                                                                Magreza Grau II
17,0-18,4                                                                                Magreza Grau I
18,5-24,9                                                                                 Eutrofia
25,0-29,9                                                                                 Pré-obesidade
30,0-34,9                                                                                 Obesidade Grau I
35,0-39,9                                                                                 Obesidade Grau II
≥ 40                                                                                         Obesidade Grau III
Fonte: Adaptado de World Health Organization.

            Considerando-se que o IMC não distingue o peso associado ao músculo ou à gordura corporal, torna-se importante investigar a composição corporal, sobretudo quando os valores estiverem nos limites ou fora da normalidade (≤ 18,5 ou ≥ 24,9kg/m²).

Circunferências

            Existem dois tipos de distribuições da gordura corporal em indivíduos obesos: a abdominal (superior, andróide ou em forma de maçã) e a glúteo femoral (inferior, ginóide ou em forma de pêra). Na anterior, a gordura é acumulada no abdome e na posterior, na região glútea. A distribuição superior está associada com um alto risco de doenças cardiovasculares.


Circunferência do braço (CB): representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e gorduroso do braço. É muito utilizada, pois a sua combinação com a medida da prega cutânea do tríceps (PCT) permite, através da aplicação de fórmulas, calcular a circunferência muscular do braço (CMB) e a área muscular do braço (AMB), área de músculo sem osso, que são correlacionadas com a massa muscular total, sendo utilizadas para diagnosticar alterações da massa muscular corporal total e, assim, o estado nutricional protéico. O braço a ser avaliado deve estar flexionado em direção ao tórax, formando um ângulo de 90º. Localizar e marcar o ponto médio entre o acrômio e o olécrano. Solicitar que o indivíduo fique com o braço estendido ao longo do corpo com a palma da mão voltada para a coxa.
 
Circunferência do quadril: É realizado para a avaliação da relação cintura/quadril, que também é considerada um indicador de risco cardiovascular. A circunferência da cintura isolada é mais fortemente associada a gordura corporal total do que a razão cintura/quadril.


Circunferência da cintura (CC): Tem o objetivo de avaliar a adiposidade abdominal em função da sua associação com doenças crônicas não transmissíveis. A medida deve ser realizada com o paciente em pé, utilizando uma fita métrica não extensível. A fita deverá circundar o indivíduo na linha natural da cintura, na região mais estreita entre o tórax e o quadril, no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca.


Quadro 1: Riscos de complicações metabólicas associadas à obesidade em função da circunferência da cintura (cm) por sexo.

RISCO AUMENTADO
RISCO MUITO AUMENTADO
HOMENS
94cm
102cm
MULHERES
80cm
88cm
Fonte: Cuppari, 2002.

Pregas Cutâneas

             A gordura subcutânea corresponde a 50% da gordura armazenada do corpo, e pode refletir de maneira acurada o conteúdo de gordura corporal total. As pregas ou dobras cutâneas são determinadas por meio do aparelho (adipômetro) de precisão e de validade reconhecida. A espessura das dobras cutâneas expressa a quantidade de tecido adiposo corporal e, em conseqüência, as reservas corporais de energia e o estado nutricional atual. Como esta técnica reflete unicamente a disposição da gordura localizada na região subcutânea de um ou mais segmentos do corpo, deve ser interpretada por equações preditivas previamente validadas para estimar a massa gorda. Dessa forma, esse indicador pode indicar a quantidade e a distribuição de gordura existente nas diferentes regiões do corpo.

Prega cutânea do tríceps (PCT): A região do tríceps é o local mais frequentemente utilizado, pois se considera que seja o mais representativo da camada subcutânea de gordura. Sua medida isolada é comparada ao padrão de referência de Frisancho.

Prega cutânea do bíceps (PCB): Com a palma da mão voltada para fora, marcar o local da medida 1cm acima do local marcado para a prega tricipital. Segurar a prega verticalmente e aplicar o adipômetro no local marcado.

Prega cutânea subescapular: Marcar o local logo abaixo do ângulo inferior da escápula. A pele é levantada 1cm abaixo do ângulo inferior da escápula, de tal forma que se possa observar um ângulo de 45º entre esta e a coluna vertebral. O adipômetro deverá ser aplicado estando o indivíduo com os braços e ombros relaxados.

Prega cutânea supra-ilíaca: A prega deverá ser formada na linha média axilar, com o dedo indicador logo acima da crista ilíaca, na posição diagonal, ou seja, seguindo a linha de clivagem natural da pele no lado direito do indivíduo.

            A avaliação das pregas cutâneas deve ser feita com cuidado em razão da grande variabilidade existente inter e intra-avaliador. Esta fonte de erro pode ser minimizada por meio da padronização dos procedimentos e treinamento das técnicas. As medidas de pregas não são consistentes em situações de obesidade mórbida e edema.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:
Acuña, K; Cruz, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação nutricional da população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metab 2004, v. 48, n.3: p. 345-361.
Cuppari, L. Nutrição Clínica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar –Unifesp. 1 ed. Barueri, SP: Manole, 2002: p. 71-109.
Mahan, LK; Stump, SE. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 10 ed. São Paulo: Rocca, 2003. p. 341-385.
Navarro, AM; Marchini, JS. Uso de medidas antropométricas para estimar gordura corporal em adultos. Rev Soc Bras Alim Nutr 2000, v.19, n.20: p. 31-37.
Vitolo, MR. Avaliação Nutricional do Adulto. Nutrição: Da Gestação ao Envelhecimento. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Rubio 2008, p. 377-399.
World Health Organization. Disponível em: http://apps.who.int/bmi/index.jsp?introPage=intro_3.html. Acessado em 15/04/2013.

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