Apesar de os adoçantes e os produtos
dietéticos terem sido elaborados para atender a grupos específicos, como
pessoas portadoras de diabetes mellitus ou obesas, atualmente, o perfil dos
consumidores é diversificado e pode ser dividido em dois tipos básicos: os
jovens que consomem por razões estéticas e as pessoas em idade adulta que
buscam maior qualidade de vida.
De acordo com a atual legislação
brasileira, adoçantes dietéticos são "produtos formulados para
utilização em dietas com restrição de sacarose, frutose e glicose, para atender
às necessidades de pessoas sujeitas à restrição desses carboidratos".
De forma geral, os adoçantes fazem parte de um grupo alimentar específico,
denominado pelo Ministério da Saúde como "alimentos para fins
especiais", os quais são destinados a atender às necessidades de pessoas
em condições metabólicas e fisiológicas específicas. No entanto, os adoçantes
dietéticos são produtos que estão atualmente disponíveis para os consumidores
que desejam desfrutar do sabor doce sem aumentar seu consumo energético, pois,
além de serem úteis para o controle glicêmico em pacientes diabéticos, podem
ser uma ferramenta auxiliar na dietoterapia de outras morbidades, como a
obesidade.
Os adoçantes dietéticos são
constituídos de edulcorantes não calóricos (naturais ou artificiais), que
conferem o sabor doce sem a adição de calorias. Nas últimas décadas, o consumo
desse tipo de edulcorante tem aumentado em vários países, e produtos dietéticos
(especialmente refrigerantes diet e adoçantes dietéticos) têm sido as
principais fontes de ingestão de edulcorantes não calóricos. O aumento global
das doenças crônicas não transmissíveis, especialmente obesidade e diabetes
mellitus, pode ser uma das justificativas para o consumo cada vez maior desse
tipo de produto.
Edulcorantes
são substâncias diferentes dos açúcares e com poder adoçante muito superior ao
da sacarose (açúcar comum). Eles são classificados em naturais e artificiais ou
sintéticos. Os naturais são obtidos sem reações químicas, a partir de plantas
ou de alimentos de origem animal. Os artificiais ou sintéticos são obtidos de
produtos naturais ou não, através de reações químicas apropriadas. Adoçante
artificial é uma mistura de um ou mais edulcorantes capaz de conferir sabor
doce aos alimentos. Existe um grande número de compostos capazes de produzir o
sabor doce, entretanto só alguns (naturais ou artificiais) são permitidos pela
legislação para serem adicionados aos alimentos.
Edulcorantes Artificiais
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Edulcorantes Sintéticos ou
Artificiais
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Dextrose e Maltodextrina: São extraídas do
milho e tem ampla utilização na indústria alimentícia. Poder adoçante – 50 a
70% maior que o da sacarose. Valor energético - 4 Kcal/g. Muito utilizado
como diluente nos adoçantes artificiais.
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Acesulfame-K: Desenvolvido em
1960, é um sal de potássio sintético produzido a partir de um ácido da
família do ácido acético. Foi aprovado pelo FDA em 1988. Poder adoçante – 180
a 200 vezes maior que o do açúcar. Não possui calorias, não tem sabor
residual, não é metabolizado pelo organismo (é eliminado tal como ingerido).
É estável em altas temperaturas, o que facilita a sua utilização em
preparações de forno e fogão. Tem apresentações em pó ou líquido, geralmente
associado a outros edulcorantes. É bastante utilizado pela indústria, principalmente
em bebidas, chocolates, geleias, produtos lácteos, goma de mascar e na
panificação.
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Frutose: Encontrado nas frutas e no mel. Valor
energético - 4 Kcal/g, mas por seu poder adoçante ser 170 vezes maior que o
açúcar acaba sendo pouco calórico. Sabor semelhante ao do açúcar. Uso industrial:
gelatinas, pudins, geleias. Estudos recentes revelaram que a frutose ingerida
juntamente com as refeições não altera a glicemia e, portanto, pode ser
consumida com moderação por diabéticos.
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Aspartame: É um Éster
Metílico do L-Aspartil--L-fenilalanina, metabolizado no trato
gastrointestinal em 2 aminoácidos: ácido aspártico (40%) e fenilalanina (50%)
e em metanol (10%). Poder adoçante – 200 vezes maior que o do açúcar. Valor
energético – 4 Kcal/g. Perde o sabor em temperaturas > 100ºC.
Comercializado em mais de 100 países, é consumido por mais de 250 milhões de
pessoas, em mais de 6.000 produtos. Contra-indicado para portadores de
fenilcetonúria (doença autossômica recessiva que acomete 1 em cada 10.000
indivíduos. Devido à ausência da enzima fenilalanina hidroxilase, que
transforma a fenilalanina em tirosina, há um acúmulo de fenilalanina no
organismo, que ocasiona retardo mental).
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Lactose e Tagatose: A lactose é
extraída do leite, sendo muito utilizada em adoçantes de mesa. Poder adoçante
– 15% maior que o da sacarose. Valor energético - 4 Kcal/g. A Tagatose é
produzida a partir da lactose e fornece 1,5Kcal/g. Costuma ser misturada a
outros edulcorantes e está sendo utilizada em alguns refrigerantes dietéticos
nos Estados Unidos.
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Ciclamato (ciclohexilsulfamato): Descoberto em
1939, é comercializado desde a década de 50. Devido a uma possível associação
com câncer de bexiga em ratos, foi retirada do mercado nos Estados Unidos
(1969), Inglaterra (1970), França, Japão. Apesar do FDA ter concluído em 1984
que o ciclamato não é carcinogênico, ele não é comercializado nos EUA. O
ciclamato está liberado pelo Parlamento Europeu, sendo utilizado nesta
comunidade. Valor energético – 0 kcal/g. Poder adoçante – 40 vezes maior que
o do açúcar. Apresenta sabor semelhante ao do açúcar, mas tem um leve gosto
residual. Não perde a doçura quando submetido a altas ou baixas temperaturas
e meios ácidos, sendo largamente utilizado no setor alimentício.
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Manitol, Xilitol e Sorbitol: São obtidos a
partir da redução da glicose (sorbitol) e da frutose (manitol) e pela
hidrogenação da xilose (xilitol). Poder adoçante – 50 a 70% maior que o da
sacarose. Valor energético - 4 Kcal/g. Tem sabor semelhante à sacarose. Não
alteram a glicemia. São amplamente utilizados na produção de gomas de mascar
e balas, pois não causam cáries.
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Neohesperidina Dihidrocalcona: Edulcorante que se
obtêm pela modificação química de uma substância presente na laranja amarga
(citrus aurantium). É um flavonóide (grupo de substâncias naturais com
estrutura fenólica.) que é degradado pela flora intestinal. Poder adoçante –
400 a 600 vezes maior que o do açúcar. É estável ao calor. Pode ser utilizado
por diabéticos e geralmente é usado em combinação com outros edulcorantes.
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Steviosídeos e Truvia: Extraída da Stévia
Rebaudiana, planta originária da serra do Amambaí, na fronteira do Brasil com
o Paraguai. Descoberta em 1905 e industrializada a partir de 1970. Bastante
utilizada no Japão, foi liberada pelo FDA (Food and Drug Administration) em
dezembro de 2008. Poder adoçante – 300 vezes maior que a sacarose. Não é
calórico, tóxico e nem é metabolizado pelo organismo. Seu uso não é maior devido
a sabor residual amargo. Truvia é feita utilizando-se a parte mais doce da
folha da Stévia. Está sendo utilizada pela Coca-Cola americana em vários de
seus produtos dietéticos.
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Sacarina (ácido sulfanoilbenzóico): É um derivado do
petróleo descoberto em 1879 por Ira Remsen e Constantine Fahlberg, da
Universidade Johns Hopkins. Não é metabolizado pelo organismo, sendo
excretado sem alterações. Valor energético – 0 Kcal/g. Poder adoçante – 300
vezes maior que o do açúcar. É estável em altas temperaturas. Tem gosto
residual amargo e metálico e, por isto, geralmente é associado a outro
edulcorante, principalmente o ciclamato.
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Sucralose: É o único adoçante
artificial derivado do açúcar, sendo obtido a partir da cloração da sacarose.
Foi desenvolvido em 1976 e aprovado pelo FDA e ANVISA em 1998. Valor
energético – 0 kcal/g. Poder adoçante – 600 vezes maior que o do açúcar.
Resiste a altas temperaturas, não possui sabor residual amargo, não é
metabolizado pelo organismo. É o único que pode ser utilizado sem restrições
por fenilcetonúricos, gestantes, crianças e diabéticos. Mais de 100 estudos
(toxicologia, oncologia, teratologia, neurologia, pediatria e nutrição)
comprovam a sua segurança.
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Não há evidência científica que demonstre que os
adoçantes engordam. As teorias levantadas até o momento não foram comprovadas,
pois os estudos disponíveis não são conclusivos. As causas da obesidade envolvem
vários fatores, como ambientais, estilos de vida e genéticos, numa complexa interação
de variáveis, não existindo uma teoria geral que se aplique a todos os
indivíduos. Portanto, não é correto afirmar/concluir que os adoçantes seriam os
responsáveis pelo aumento de peso em uma população. Para o controle de peso
vale a recomendação usual de uma alimentação
nutricionalmente equilibrada associada à prática de atividade física.
O
órgão que regulamenta a alimentação e os medicamentos nos Estados Unidos, o
Food and Drug Administration (FDA)
recomenda que o consumo diário de adoçantes dietéticos seja de quatro a seis
pacotinhos de um grama quando em pó, e de 9 a 10 gotas para os líquidos.
Para o
consumo superior a essas doses não se encontra, na literatura científica, nada
que possa sugerir alguma anomalia metabólica ou orgânica, mas nas indicações do
FDA o
excesso não deve ser estimulado.
E além
de considerar o adoçante utilizado no suco ou cafezinho, vale lembrar que ainda
se consome a substância em alimentos diet industrializados. Portanto, é preciso
ficar atento ao exagero. É sempre bom verificar os produtos para avaliar a
quantidade de adoçante e manter o equilíbrio.
Não
há vantagem de se utilizar adoçante quando não se tem problemas com o peso,
pois uma colher de chá de açúcar tem cerca de oito gramas, o que corresponde a
32 calorias e isso não causará nenhum impacto no seu dia entre ganhar ou perder
peso. A preocupação deve estar em diminuir a carga calórica em excesso, como
doces, balas e refrigerantes.
Para
as crianças, não há contra-indicação de consumo nessa faixa etária, mas o
adoçante deve ser usado apenas por crianças com necessidades de restrições
específicas, como as que possuem diabetes.
O
consumo de edulcorantes durante a gestação deve ser feito com base na
prescrição do profissional e não de forma indiscriminada. A indicação mais
apropriada para o uso de edulcorantes é para gestantes diabéticas, para as
quais o uso de sacarose, principalmente para adoçar líquidos, pode comprometer
o controle glicêmico.
As
gestantes deveriam restringir o uso de sacarina, pois ele demonstrou ser
permeável à placenta, podendo permanecer nos tecidos fetais devido menor
capacidade do feto de excretá-lo.
Os
adoçantes não trazem riscos à saúde desde que sejam consumidos de forma
moderada.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Adoçantes. Associação Brasileira da Indústria
de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres. Disponível em: www.abiad.org.br Acessado em: 14/03/2013.
Adoçantes: saiba como usar. Disponível em: www.einstein.br Acessado em: 14/03/2013.
Behling, EB et al. Flavonóide quercetina:
Aspectos gerais e ações biológicas. Alim Nutr, 2004, v.15, n.3, p.285-292.
Esclareça algumas dúvidas sobre adoçantes.
Disponível em: www.adj.org.br Acessado em:
14/03/2013.
Oliveira, PB de; Franco, LJ. Consumo de
adoçantes e produtos dietéticos por indivíduos com diabetes melito tipo 2,
atendidos pelo Sistema Único de Saúde em Ribeirão Preto, São Paulo. Arq Bras
Endocrinol Metab 2010, v.54, n.5, p. 455-462.
Position of the American Dietetic Association: Use of Nutritive and
Nonnutritive Sweeteners. J Am Diet Assoc 2004, v.104, p. 255-275.
Suplicy, H. Adoçantes Artificiais – Parte I.
Rev Abeso 2011, v.49, n.49.
Vitolo, MR. Nutrição: Da Gestação à
Adolescência. 1 ed. Reichmann & Affonso Editores: Rio de Janeiro, 2003, p.
46.
Zanini, RV; Araújo, CL; Mesa, JM. Utilização
de adoçantes dietéticos entre adultos em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil: um
estudo de base populacional. Cad. Saúde Pública 2011, v.27, n.5, p. 924-934.
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