Atualmente
no Brasil observa-se aumento na prevalência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2)
devido ao envelhecimento populacional, à crescente prevalência de obesidade, a
fatores relacionados ao estilo de vida, além de modificações no consumo
alimentar. Nota-se baixa frequência de alimentos ricos em fibras, tais como
frutas e hortaliças, aumento da proporção de gorduras saturadas e açúcares da
dieta.
Autores têm demonstrado que mudanças
na alimentação em pacientes portadores de DM2, tais como consumo de alimentos
com baixo índice glicêmico (maçã, laranja, pêssego, feijão, lentilha, soja,
leite, iogurte) e ricos em fibras alimentares, induzem menor aumento nos níveis
séricos de glicose e insulina no período pós-prandial (após alimentação). O
consenso publicado pela American Diabetes Association (ADA) e European
Association for the Study of Diabetes (EASD) sinaliza a mudança de estilo de
vida de suma importância no tratamento do diabetes mellitus. Sendo assim, as
orientações nutricionais, associas às mudanças de estilo de vida, são
consideradas essenciais para o controle do diabetes mellitus. Porém, a adesão às
recomendações nutricionais nem sempre é satisfatória. Com base nessa afirmação,
torna-se necessário conscientizar o paciente sobre a importância da adesão ao
tratamento, que resultará em melhor controle da doença.
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Alimentação
A terapia nutricional é parte
fundamental do plano terapêutico do diabetes, podendo reduzir a hemoglobina
glicada (refere-se a um conjunto de substâncias formadas com base em reações
entre a hemoglobina A (HbA) e alguns açúcares) entre 1-2%. Baseia-se nos mesmos
princípios básicos de uma alimentação saudável, quais sejam:
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A quantidade energética ingerida deve ser adequada à atividade física e ser
fracionada em 5 a 6 refeições/lanches diários;
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A ingestão diária deve conter de 50 a 60% de carboidratos, a maior parte em
forma complexa. Para tanto, os pacientes devem ser encorajados a consumir
alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras, legumes, feijões, cereais
integrais;
Dica: Prefira, sempre que possível: pão
integral, aveia, farelo de aveia, biscoito integral, arroz integral, macarrão
integral. Eles são ricos em fibras.
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Alimentos que contêm sacarose (açúcar comum) devem ser evitados para prevenir
oscilações acentuadas da glicemia. Quando consumidos, o limite é de 20 a 30g
por dia de açúcar de forma fracionada e substituindo outro carboidrato para
evitar o aumento calórico. A recomendação não é encorajá-los a comer doce, mas,
auxiliá-los a, quando consumir esses alimentos, fazê-lo de modo que não os
prejudique;
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Aconselha-se, um aporte de 10 a 20% de proteínas em relação ao valor energético
total da dieta diária, tanto de origem animal como vegetal. A proteína animal
está presente no leite e derivados, nas carnes (de boi, porco, aves, peixes) e
nos ovos. A proteína vegetal está presente também nas leguminosas: feijão,
lentilha, ervilha, grão-de-bico e soja. Com o aparecimento de nefropatia,
consumos maiores de proteínas têm de ser considerados, porém nunca devem ser
inferiores a 0,8g/kg de peso corpóreo, uma vez que estudos não têm mostrado
efeito positivo da restrição proteica na redução da taxa de filtração
glomerular desses pacientes. Recomenda-se, então, uma ingestão semelhante
àquela proposta à população em geral, ou seja, de 0,8g/kg do peso.
Dica: Quanto mais alto o teor de gordura
do leite, do iogurte e do queijo, maior a quantidade de gordura saturada e de
colesterol. Escolha as variedades com teor de gordura mais baixo (desnatado,
semi desnatado ou light).
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Uma quantidade inferior a 10% da energia deve provir de gordura saturada e 10%
ou menos de gordura poli-insaturada, restando de 60 a 70% para gordura
monoinsaturada e carboidrato. A distribuição de energia a partir de gordura e
carboidrato pode variar e ser individualizada, com base na avaliação
nutricional e nos objetivos do tratamento. A porcentagem recomendada de
gorduras depende do perfil lipídico e dos objetivos do tratamento em relação a
glicemia, lipídios séricos e peso. Se o indivíduo tiver o LDL colesterol (mau
colesterol) acima da taxa normal, então a gordura saturada precisa constar na
dieta com quantidade inferior a 7% do total de energia e o colesterol em
quantidade não superior a 300mg. As gorduras poli-insaturadas da série ômega 3,
que ocorrem naturalmente em alguns peixes e frutos do mar, não necessitam ser
reduzidas nos diabéticos.
Dica: Evite alimentos fritos, pois eles
contêm muito óleo e, assim, mais calorias, colaborando para o ganho de peso.
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A ingestão de álcool, quando consumido, deve ser moderada e de preferência com
as refeições. O limite diário é de uma a duas doses, isto é, 10-20g de
álcool/dia. Pacientes com hipertrigliceridemia (vide post dislipidemia) ou mau
controle metabólico não devem ingerir bebidas alcoólicas;
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O uso de adoçantes não-calóricos (ciclamato, sucralose, sacarina, aspartame,
acessulfame, e stévia) é seguro quando consumido em quantidades adequadas. Os
alimentos dietéticos podem ser recomendados, mas, é preciso ficar atento sobre
seu conteúdo calórico e de nutrientes. Alimentos diet são isentos de sacarose,
quando destinados a indivíduos diabéticos, mas, podem ter valor calórico
elevado, por seu teor de gorduras ou outros componentes;
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Como é possível, na prática, avaliar a sensibilidade individual ao sódio, a
ingestão sugerida para os portadores de diabetes
mellitus é semelhante àquela para a população em geral. As recomendações
americanas de sódio ficam em torno de 2.400 a 3.000mg/dia. Para indivíduos com
hipertensão leve a moderada não mais do que 2.400mg/dia, enquanto, para pessoas
com hipertensão e nefropatia, quantidades nunca superiores a 2.000mg/dia.
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Atividade Física
A prática regular de atividade
física é indicada a todos os pacientes com diabetes, pois, melhora o controle
metabólico, reduz a necessidade de hipoglicemiantes, ajuda a promover o
emagrecimento nos pacientes obesos, diminui os riscos de doença cardiovascular
e melhora a qualidade de vida. Procure um educador físico.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Atualização Sobre Hemoglobina Glicada (A1C)
Para Avaliação Do Controle Glicêmico E Para O Diagnóstico Do Diabetes: Aspectos
Clínicos e Laboratoriais. Disponíveis: www.diabetes.org.br
Acessado em: 30/07/2013.
Carvalho, FS; Netto, AP; Zach, P; Sachs, A;
Zanella, MT. Importância da orientação nutricional e do teor de fibras da dieta
no controle glicêmico e de pacientes diabéticos tipo 2 sob intervenção
educacional intensiva. Arq Bras Endocrinol Metab 2012; v.56, n.2: p.110-119.
Cuppari L. Guias de medicina ambulatorial e
hospitalar UNIFESP/ Escola Paulista de Medicina -nutrição clínica no adulto. 1a
ed. São Paulo: Manole. 2002. p. 151-165.
Diabetes Mellitus. Cadernos de Atenção Básica
– Ministério da Saúde. Disponível em: www.bvsms.saude.gov.br
Acessado em: 29/07/2013.
Guia Alimentar Para Pessoas com Diabetes Tipo
2. Disponível em: www.nutricao.saude.gov.br
Acessado em: 30/07/2013.
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