Segundo
a Sociedade Brasileira Vegetariana, “é considerado vegetariano todo aquele que
exclui de sua alimentação todos os tipos de carne, aves e peixes e seus
derivados, podendo ou não utilizar laticínios ou ovos. O vegetarianismo inclui
o veganismo, que é a prática de não utilizar produtos oriundos do reino animal
para nenhum fim (alimentar, higiênico, de vestuário etc)”.
O indivíduo que segue a dieta
vegetariana pode ser classificado de acordo com o consumo de subprodutos
animais (ovos e laticínios):
●
Ovolactovegetariano: é o vegetariano
que utiliza ovos, leite e laticínios na alimentação;
●
Lactovegetariano: é o vegetariano
que não utiliza ovos, mas faz uso de leite e laticínios;
●
Ovovegetariano: é o vegetariano que
não utiliza laticínios mas consome ovos;
●
Vegetariano estrito (a nomenclatura
correta é estrito, e não restrito): é o vegetariano que não utiliza nenhum
derivado animal na sua alimentação. É também conhecido como vegetariano puro;
●
Vegano: é o indivíduo vegetariano
estrito que recusa o uso de componentes animais não alimentícios, como
vestimentas de couro, lã e seda, assim como produtos testados em animais.
A dieta vegetariana não deve ser
confundida com a macrobiótica, que
designa uma forma de alimentação que pode ou não ser vegetariana. O
macrobiótico tem um tipo de alimentação específica, baseada em cereais
integrais, com um sistema filosófico de vida bastante peculiar e
característico. A dieta macrobiótica, diferentemente das vegetarianas, apresenta
indicações específicas quanto à proporção dos grupos alimentares a serem
utilizados. Essas proporções seguem diversos níveis, podendo ou não incluir as
carnes (geralmente brancas). A macrobiótica não recomenda o uso de leite,
laticínios e ovos.
Encontramos, na literatura
científica, o termo semivegetariano
para designar o indivíduo que come carnes brancas até 3 vezes por semana. Esse
indivíduo consome carne em quantidade menor que o onívoro, mas não é
vegetariano.
São diversos os motivos que levam os
indivíduos a se tornarem vegetarianos: ética, saúde, meio-ambiente, familiares,
espirituais e religiosos, ioga, filosofia, não aceitação do paladar.
Segundo dados do IBOPE (Instituto de
Opinião Pública e Estatística), que avaliou indivíduos com mais de 18 anos de
idade, 10% dos homens e 9% das mulheres brasileiras declararam-se vegetarianos.
O que o vegetariano
deve comer?
Tanto vegetarianos quanto não
vegetarianos devem conhecer os grupos de alimentos e aprender a combiná-los
para a melhor obtenção de nutrientes. Os grupos alimentares podem ser divididos
em:
- Cereais: arroz, trigo, centeio, milho, aveia, quinoa, amaranto e produtos feitos com eles, como pães, massas de tortas, macarrão etc.
- Leguminosas: todas as variedades de feijões, grão-de-bico, soja (de preferência, na forma de tofu), lentilhas, ervilhas, favas.
- Oleaginosas: nozes, amêndoas, castanhas, pistache, macadâmia e sementes (girassol, abóbora, gergelim, linhaça etc).
- Amiláceos: inhame, batata, cará, mandioca, batata doce e outros.
- Legumes: abobrinha, chuchu, pimentão, berinjela, cogumelos etc.
- Verduras: couve, rúcula, agrião, brócolis, mostarda, escarola, alface, taioba, algas e muitas outras.
- Frutas: caqui, banana, manga, maçã, pera, figo, uva, melancia etc.
- Óleos: azeite de oliva e óleos de soja, girassol, linhaça, entre outros.
Ninguém se sustenta apenas com
salada. Salada é parte importante, mas não pode ser a base da alimentação. Não
passe fome: use cereais integrais e feijões como base da alimentação e varie os
alimentos escolhidos dentro de cada grupo alimentar (cereais, leguminosas,
amiláceos, oleaginosas, frutas, verduras e legumes).
Fases da vida
A alimentação vegetariana pode ser
adotada com segurança em todas as fases da vida, incluindo a infância e a
gestação. Todos os nutrientes necessários ao organismo podem ser obtidos numa
dieta vegetariana. A vitamina B12
é o único nutriente ausente na dieta vegetariana estrita, devendo ser
suplementada. Todas as demais orientações preconizadas para aquisição de
nutrientes específicos são as mesmas nas dietas vegetarianas e onívoras.
►
Bebês – para se desenvolver bem, o recém-nascido precisa dos nutrientes
fornecidos pelo leite materno ou, quando este não pode ser utilizado, por
fórmulas especializadas. Em nenhuma hipótese o leite materno ou seu substituto
industrializado deve ser trocado por leite de soja comum, leite de cereais ou
de castanhas ou sucos de frutas. Esses alimentos só deverão ser utilizados em
momento adequado, sob orientação do profissional que acompanha o bebê. Dos 6
meses aos 2 anos de idade, é importante a suplementação de ferro, para crianças
vegetarianas ou não. Para bebês vegetarianos, deve-se suplementar também
vitamina B12 (por via oral).
►
Gestantes – é comum o uso de ácido fólico pelas mulheres que querem engravidar
e no início da gestação. No entanto, a vitamina B12
é tão importante quanto o ácido fólico e também deve ser suplementada. Com ou
sem consumo de carne, a gestação exaure o estoque de ferro da mulher e, em
muitos casos, é importante fazer a suplementação de ferro.
►
Lactantes – deve haver ingestão adequada de cálcio e uma fonte segura de
vitamina B12 na dieta ou em suplementos. Se a
ingestão de cálcio não for suficiente, o esqueleto da mulher é requisitado para
a manutenção do cálcio sanguíneo. A quantidade de vitamina B12 no leite depende do nível existente
no sangue materno.
►
Atletas – cada tipo de atividade física pode ter necessidades nutricionais
diferentes. A orientação especializada é importante para atletas de alto
desempenho. Mas não há motivo para preocupação excessiva com proteínas na
alimentação vegetariana.
Cuidados Nutricionais
Os estudos demonstram que apenas a
vitamina B12 pode estar em quantidade inadequada
numa dieta vegetariana estrita bem planejada, e, nesse caso, é necessário
complementá-la.
Todos os outros nutrientes podem ser
adequadamente supridos com uma alimentação bem planejada. Os estudos
populacionais mostram que, de forma geral, os vegetarianos ingerem mais
nutrientes (vitaminas e minerais) do que os não vegetarianos.
O cardápio do vegetariano deve
incluir alimentos ricos em zinco, ferro, cálcio, vitamina B12 e gorduras do tipo ômega-3. Se a
exposição solar não for adequada (para vegetarianos ou não), deve haver
complementação de vitamina D com alimentos fortificados ou suplementos.
Apesar de muito comentada, a
proteína não é fator preocupante na dieta vegetariana. Se a pessoa supre sua
necessidade calórica com alimentos baseados em cereais e leguminosas, a cota proteica com todos os aminoácidos essenciais é atingida automaticamente.
A segurança da dieta vegetariana
estrita se faz com apenas 4 colheres de sopa de feijões cozidos por dia, o que
garante a oferta de lisina (aminoácido essencial), mesmo que a dieta seja à
base de cereais.
Substituto da carne
Não troque a carne por ovos e
queijos, pois essa substituição é inadequada em termos de necessidades
nutricionais.
As leguminosas são as substitutas
ideais para as carnes. Isso inclui grão-de-bico, ervilhas, lentilhas, favas,
soja e todos os tipos de feijão. Por serem mais nutritivas e ricas em
proteínas, são escolhas mais adequadas do que a PVT (proteína vegetal
texturizada, conhecida como “carne de soja”).
A ideia de que o consumo de soja é
obrigatório para quem não come carne é um mito. Vegetarianos não precisam comer
soja. Qualquer feijão é um excelente substituto para o consumo das carnes.
O tofu entra como parte do grupo dos
feijões, por ser derivado da soja. Ele é uma boa opção, pelo seu alto teor de
proteínas e por conter cálcio biodisponível (é a quantidade do nutriente
presente no alimento que está disponível para absorção e utilização corporal.
Interações nutricionais podem melhorar a biodisponibilidade de um nutriente, como
é o caso da associação da vitamina C com o ferro).
Atenção: Em proporções nutricionais, 7
colheres de sopa de feijões cozidos substituem 100g de carne.
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As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para
Adultos. Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana
Brasileira – 2012. Disponível em: www.crn3.org.br
Acessado em: 14/07/2013.
Meirelles, CM; Veiha, GV; Soares, EA. Dietas
vegetarianas: caracterização, implicações nutricionais e controvérsias. Rev Soc
Bras Alim Nutr 2001; v.21: p.57-72.
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