Alterações
nutricionais e metabólicas ocorrem durante a gestação para criar ambiente
favorável para o desenvolvimento normal do feto. Essas modificações
fisiológicas promovem alterações no organismo materno preparando-o para a
maternidade.
O primeiro trimestre gestacional é
caracterizado por grandes modificações biológicas devido à intensa divisão
celular que ocorre nessa fase. A saúde do embrião vai depender da condição
nutricional pré-gestacional da mãe, não somente quanto às suas reservas
energéticas, mas também quanto às de vitaminas e minerais. Nesse período, a
mulher, por sua nova fase hormonal, sofre manifestações de enjôos e vômitos que
a submetem à privação alimentar, mas que não acarretam prejuízos para o feto.
O segundo e terceiro trimestres
integram outra etapa para a gestante, em que condições ambientais vão exercer
influência direta no estado nutricional do feto. O ganho de peso adequado, a
ingestão de nutrientes, o fator emocional e o estilo de vida serão determinantes
para o crescimento e desenvolvimento normais do feto. São 28 semanas (o período
gestacional é constituído de 40 semanas), aproximadamente, um período
relativamente curto pela importância que assume quanto às condições de
morbi-mortalidade materna e fetal. A disciplina materna, relacionada com os
seus hábitos de vida e a qualidade da assistência pré-natal, vai ser
responsável pelas consequências imediatas e futuras, tanto para a mãe quanto
para a criança.
Os níveis de nutrientes nos tecidos
e líquidos disponíveis para a manutenção do feto são modificados por alterações
fisiológicas (expansão do volume sanguíneo, alterações cardiovasculares,
distúrbios gastrointestinais e variação da função renal) e por alterações
químicas (modificações nas proteínas totais, lipídios plasmáticos, ferro sérico
e componentes do metabolismo do cálcio).
Os hormônios produzidos na gestação
são responsáveis pelas modificações corporais nas gestantes que vão permitir o
desenvolvimento e amadurecimento fetal, parto e lactação. São constituídos de
esteroides (colesterol: progesterona e estrogênio) e proteínas (gonadotrofina
coriônica humana, lactogênio placentário humano). A produção é influenciada
pela saúde geral e pelo estado nutricional da gestante.
Quadro 1. Ação dos hormônios sobre o organismo
materno durante a gestação.
A qualidade da alimentação e o
estado nutricional da mulher, antes e durante a gravidez, afetam o crescimento
e desenvolvimento fetal, bem como a evolução da gestação.
Têm-se observado, na nossa população,
desequilíbrio no consumo alimentar verificado pela avaliação do perfil
nutricional, tanto em relação ao excesso de peso quanto ao déficit. Durante a
gestação, esse desequilíbrio pode comprometer o crescimento e desenvolvimento
do bebê.
O aumento da taxa de obesidade
materna constitui grande desafio para a prática obstétrica. Os riscos maternos
durante a gravidez incluem o diabetes gestacional, a pré-eclâmpsia e as maiores
taxas de cesarianas. Para o feto, existe maior risco de anomalias congênitas e
natimortalidade. A obesidade na gravidez pode comprometer também a saúde
materna, a longo prazo, bem como a do feto. Para as mulheres, esses riscos
incluem a doença cardíaca e hipertensão. Os descendentes têm maior risco de
obesidade futura e doenças cardíacas. Para ambos, mãe e filho, há risco
aumentado de diabetes.
Quadro 2. Distribuição do ganho de peso materno
durante a gestação.
O ganho de peso ideal na gestação é baseado nas recomendações do Institute of Medicine (IOM-2009) e leva em consideração o IMC pré-gestacional da paciente (Quadro 3).
Quadro 3. Ganho de peso recomendado de acordo
com o IMC materno pré-gestacional.
De acordo com a situação inicial da gestante (baixo peso, adequado, sobrepeso ou obesidade) há uma faixa de ganho de peso por trimestre. É importante que na primeira consulta a gestante seja informada sobre o peso que deve ganhar. Pacientes com baixo peso devem ganhar 2,3kg no primeiro trimestre e 0,5kg/semana nos segundo e terceiro trimestre. Da mesma forma, gestantes com IMC adequado devem ganhar 1,6kg no primeiro trimestre e 0,4kg/semana nos segundo e terceiro trimestre. Gestantes com sobrepeso devem ganhar até 0,9kg no primeiro trimestre e gestantes obesas não necessitam ganhar peso no primeiro trimestre. Já no segundo e terceiro trimestre as gestantes com sobrepeso e obesas devem ganhar até 0,3kg/semana e 0,2kg/semana, respectivamente.
É importante lembrar que
durante a gravidez não se deve comer por dois, isso é um mito. Alguns
nutrientes devem ser consumidos um pouco mais como: ácido fólico, ferro, cálcio
e proteína. O consumo de calorias/energia também pode aumentar, principalmente
no final da gravidez.
E
para assegurar o consumo destes nutrientes e de todos os outros, a gestante
deve ter uma alimentação balanceada e equilibrada com os diversos grupos
alimentares. Ingerindo alimentos fontes de:
► Proteína (carnes magras, aves e
peixes), ferro (carnes em geral, feijão, lentilha, fígado, vegetais folhosos
verdes escuros);
► Vitamina C para ajudar na absorção
do ferro (laranja, morango, tangerina, limão, acerola, etc.);
► Fibras (frutas e vegetais
principalmente crus, cereais e alimentos integrais);
► Energia (massas, pães, gordura
vegetal como óleos);
► Cálcio (leites e derivados);
► Vitamina do complexo B (tomate,
ervilha e brócolis), ácido fólico (fígado de boi, espinafre cozido, feijão
branco cozido, brócolis, suco de laranja e repolho cru).
Algumas
recomendações são necessárias neste período:
● Realizar as refeições de 3
em 3 horas, em pouco volume, principalmente nos meses finais onde a capacidade
gástrica fica reduzida;
● Evitar ingerir líquidos
durante as refeições;
● Evitar o consumo excessivo
de açúcar, sal, gorduras e aditivos químicos;
● Lavar corretamente com
água corrente e deixar em solução de hipoclorito de sódio as frutas, legumes e
verduras que irão ser consumidos crus;
● Ingerir no mínimo 2 litros
de água entre as refeições por dia, pois auxilia no funcionamento intestinal e
na produção do leite materno;
● Em casos de náuseas e
vômitos dar preferência para alimentos secos, principalmente na primeira
refeição como torradas e bolacha salgada;
● Controlar o ganho de peso,
que deve ser em torno de 9 à 12kg em toda a gravidez;
● Praticar atividade física
com recomendação médica.
A assistência pré-natal de qualidade
significa prevenir, diagnosticar e tratar os eventos indesejáveis na gestação,
visando ao bem-estar da gestante e do seu bebê. No Brasil, a assistência
pré-natal inclui o acompanhamento e o monitoramento de peso gestacional e prevê
orientações nutricionais no período.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Accioly, E; Saunders, C; Lacerda, EMA.
Nutrição em Obstetrícia e Pediatria. 1 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica 2004;
p. 101-117.
Alimentação Saudável na Gestação. Disponível
em: www.santamarcelina.org
Acessado em: 28/07/2013.
Fazio, ES. Perfil nutricional de gestantes
que receberam orientação dietética: avaliação do ganho ponderal materno total,
tipo de parto e resultados perinatais. [Dissertação de Mestrado] Universidade
de São Paulo – USP, 2010.
Melo, ME. Ganho de Peso na Gestação.
Disponível em: www.abeso.org.br Acessado
em: 11/07/2013.
Vitolo, MR. Nutrição: da Gestação à
Adolescência. 1 ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2003;
p.4-9.
Nenhum comentário:
Postar um comentário