Os
processos pelos quais nosso corpo obtém energia a partir dos alimentos e
utiliza esta energia obtida, geram algumas substâncias altamente reativas
chamadas de radicais livres. Quando estes radicais livres estão em excesso no
nosso organismo (o que pode acontecer por uma série de razões), eles podem ter
efeitos prejudiciais nas células, podendo causar ou agravar diversas doenças,
como artrite, choque hemorrágico, catarata, disfunções cognitivas, câncer,
AIDS, problemas pulmonares e principalmente doenças cardiovasculares.
Isso acontece porque esses radicais livres são
extremamente oxidantes, ou seja, são capazes de reagir facilmente com vários
tipos de substâncias, modificando sua estrutura, por vezes de maneira
indesejada (assim como o oxigênio presente na água é capaz de “enferrujar”
metais). No nosso corpo isso acontece com as proteínas, com o DNA e
principalmente com os lipídios. Por essa razão, o desequilíbrio entre moléculas
oxidantes e antioxidantes que resulta na indução de danos celulares pelos
radicais livres tem sido chamado de estresse oxidativo.
Quadro 1. Algumas
doenças relacionadas com a geração de radicais livres.
Para defender nosso corpo dos danos causados por estes radicais livres e pelo estresse oxidativo, nós contamos com os antioxidantes, que podem ser encontrados nos alimentos ou produzidos pelo nosso próprio organismo.
Sendo assim, os antioxidantes são agentes responsáveis
pela inibição e redução das lesões causadas pelos radicais livres nas células.
De acordo com uma das definições, proposta pela US National Academy of
Sciences, “antioxidante alimentar é toda substância na dieta capaz de reduzir
significativamente os efeitos adversos produzidos por espécies reativas, como
aquelas de oxigênio e nitrogênio, e que possuem função normal no organismo”.
Essa definição acaba excluindo alguns compostos que possuem um efeito
antioxidante se tomados em quantidades adequadas (como o betacaroteno). Uma
definição mais ampla de antioxidante e que inclui estes compostos é “qualquer
substância que, presente em baixas concentrações quando comparada a do
substrato oxidável, atrasa ou inibe a oxidação deste substrato de maneira
eficaz”.
Os antioxidantes atuam em diferentes níveis na proteção
do organismo.
Eles
podem impedir a formação de radicais livres, interceptar os radicais livres
gerados pelo metabolismo celular ou por fontes exógenas, ou impedir o ataque
destes radicais à célula. Os antioxidantes obtidos da dieta, tais como as
vitaminas C, E e A, os flavonoides e carotenoides são extremamente importantes
na intercepção dos radicais livres. Outro mecanismo de proteção é o reparo das
lesões causadas pelos radicais. Em algumas situações pode ocorrer uma
adaptação do organismo em resposta a geração desses radicais com o aumento da
síntese de enzimas antioxidantes.
Fontes
Alimentares de Antioxidantes
Os
alimentos contêm compostos oxidantes, os quais podem ocorrer naturalmente ou
ser introduzidos durante o processamento para o consumo. Por outro lado, os
alimentos, principalmente as frutas, verduras e legumes (Quadro 2), também
contêm agentes antioxidantes, tais como as vitaminas A, C, E, a clorofilina, os flavonoides, carotenoides, curcumina e outros que são capazes de restringir a
propagação das reações em cadeia e as lesões induzidas pelos radicais livres.
Quadro
2.
Algumas fontes antioxidantes na dieta.
As vitaminas C, E, β-caroteno são consideradas
excelentes antioxidantes, capazes de sequestrar os radicais livres com grande
eficiência. O uso de medicamentos, o tabagismo, as condições nutricionais, o
consumo de álcool, a poluição do ar e outros fatores podem reduzir os níveis de
antioxidantes celulares. As defesas antioxidantes do organismo podem ser
restabelecidas com dietas apropriadas e suplementos vitamínicos.
A vitamina C
(ácido ascórbico) é, geralmente, consumida em grandes doses pelos seres
humanos, sendo adicionada a muitos produtos alimentares para inibir a formação
de metabólitos nitrosos carcinogênicos. A vitamina C da dieta é absorvida de
forma rápida e eficiente por um processo dependente de energia. O consumo de
doses altas pode levar ao aumento da concentração dessa vitamina nos tecidos e
no plasma sanguíneo.
Os benefícios obtidos na utilização terapêutica da
vitamina C em ensaios biológicos com animais incluem o efeito protetor contra
os danos causados pela exposição às radiações e medicamentos. Os estudos
epidemiológicos também atribuem a essa vitamina um possível papel de proteção
no desenvolvimento de tumores nos seres humanos. Contudo, a recomendação de
suplementação dessa vitamina deve ser avaliada especificamente para cada caso,
pois existem muitos componentes orgânicos e inorgânicos nas células que podem
modular a atividade da vitamina C, afetando sua ação antioxidante.
A vitamina E
é um componente dos óleos vegetais encontrada na natureza em quatro formas diferentes
α, β, γ e δ-tocoferol, sendo o α-tocoferol a forma antioxidante amplamente
distribuída nos tecidos e no plasma.
A vitamina E encontra-se em grande quantidade nos
lipídeos, e evidências sugerem que essa vitamina impede ou minimiza os danos
provocados pelos radicais livres associados com doenças específicas, incluindo
o câncer, artrite, catarata e o envelhecimento. A vitamina E tem a capacidade
de impedir a propagação das reações em cadeia induzidas pelos radicais livres
nas membranas biológicas. Os danos oxidativos podem ser inibidos pela ação antioxidante
dessa vitamina, juntamente com a glutationa, a vitamina C e os carotenoides, constituindo
um dos principais mecanismos da defesa endógena do organismo.
A vitamina A
(vide post sobre vitamina A) é um fator importante no crescimento e na
diferenciação celular. Além disso, tem apresentado ação preventiva no
desenvolvimento de tumores da bexiga, mama, estômago e pele, em estudos
realizados com animais. Estudos epidemiológicos também mostraram que o consumo
regular de alimentos ricos em vitaminas A e C pode diminuir a incidência de
câncer retal e de cólon. O β-caroteno, o mais importante precursor da vitamina
A, está amplamente distribuído nos alimentos e possui ação antioxidante.
Entre os antioxidantes presentes nos vegetais, os
mais ativos e frequentemente encontrados são os compostos fenólicos, tais como
os flavonoides. As propriedades
benéficas desses compostos podem ser atribuídas à sua capacidade de sequestrar
os radicais livres. Os compostos fenólicos mais estudados são: o ácido cafeico,
o ácido gálico e o ácido elágico. Esses compostos de considerável importância na
dieta podem inibir o processo de peroxidação lipídica.
O ácido
elágico, encontrado principalmente na uva, morango e nozes, tem sido efetivo
na prevenção do desenvolvimento do câncer induzido pelas substâncias do cigarro.
A curcumina, um composto fenólico usado como corante de alimentos, é um
antioxidante natural derivado da cúrcuma (Curcuma longa) que tem sido extensivamente
investigado. A curcumina sequestra os radicais livres e inibe a peroxidação
lipídica, agindo na proteção celular das macromoléculas celulares, incluindo o
DNA, dos danos oxidativos.
A quercetina está presente nas frutas e vegetais, e é o flavonoide
mais abundante encontrado no vinho tinto. Entretanto, esse antioxidante pode reagir
com ferro e tornar-se um pró-oxidante.
Os flavonoides miricetina,
quercetina e rutina foram mais efetivos do que a vitamina C na inibição dos
danos oxidativos induzidos pelo H2O2 no DNA de linfócitos
humanos.
Minerais
Antioxidantes
O estresse oxidativo
tem sido frequentemente relacionado às fases de iniciação e promoção do processo
de carcinogênese. As enzimas antioxidantes, dependentes de selênio e zinco, que
antagonizam esse processo estão em níveis baixos nas células tumorais.
Tem sido demonstrado que os tumores apresentam
menores concentrações da enzima superóxido dismutase dependente de zinco e
cobre em comparação aos tecidos normais. Além do selênio, o zinco é frequentemente mencionado na literatura
como um mineral “antioxidante” envolvido nos mecanismos celulares de defesa
contra os radicais livres.
Níveis reduzidos de selênio, um elemento traço essencial para os seres humanos e
animais, nas células e tecidos têm como consequência concentrações menores da
enzima antioxidante glutationa peroxidase, resultando em maior suscetibilidade das
células e do organismo aos danos oxidativos induzidos pelos radicais livres. Há
na literatura evidências de que a deficiência de selênio é um fator importante de
predisposição no desenvolvimento de tumores. Os estudos epidemiológicos mostram
a relação inversa entre os níveis de selênio no plasma e a incidência de câncer.
Dados epidemiológicos também mostraram que o selênio pode interagir com as
vitaminas A e E na prevenção do desenvolvimento de tumores e na terapia da Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Entretanto, outros resultados mostraram
que a suplementação com esse mineral “antioxidante” pode aumentar os processos
de carcinogênese, recomendando cautela na administração de selênio para os
seres humanos.
Através do
consumo de verduras, legumes e frutas, além de uma refeição equilibrada,
conseguimos atingir nossas necessidades destas vitaminas e minerais, sem que
haja necessidade de suplementação.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Amaya-Farfan,J;
Domene,SMA; Padovani,RM. DRI:
Síntese comentada das novas propostas sobre recomendações nutricionais para antioxidantes.
Rev Nutr 2001; v.14, n.1: p.71-78.
Bianchi, MPL; Antunes, LMG. Radicais livres e
os principais antioxidantes da dieta. Rev Nutr 1999; v.12, n.2: p.123-130.
Oliveira, AC et al. Fontes vegetais naturais
de antioxidantes. Quím Nova 2009, v.32, n.3: p.689-702.
Santos,
JF. Antioxidantes: o que são, pra que serve e onde encontrá-los? Disponível em:
www.nutrociencia.com.br Acessado
em: 12/07/2013.
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