segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Antioxidantes



Os processos pelos quais nosso corpo obtém energia a partir dos alimentos e utiliza esta energia obtida, geram algumas substâncias altamente reativas chamadas de radicais livres. Quando estes radicais livres estão em excesso no nosso organismo (o que pode acontecer por uma série de razões), eles podem ter efeitos prejudiciais nas células, podendo causar ou agravar diversas doenças, como artrite, choque hemorrágico, catarata, disfunções cognitivas, câncer, AIDS, problemas pulmonares e principalmente doenças cardiovasculares.

Isso acontece porque esses radicais livres são extremamente oxidantes, ou seja, são capazes de reagir facilmente com vários tipos de substâncias, modificando sua estrutura, por vezes de maneira indesejada (assim como o oxigênio presente na água é capaz de “enferrujar” metais). No nosso corpo isso acontece com as proteínas, com o DNA e principalmente com os lipídios. Por essa razão, o desequilíbrio entre moléculas oxidantes e antioxidantes que resulta na indução de danos celulares pelos radicais livres tem sido chamado de estresse oxidativo.

Quadro 1. Algumas doenças relacionadas com a geração de radicais livres.







Para defender nosso corpo dos danos causados por estes radicais livres e pelo estresse oxidativo, nós contamos com os antioxidantes, que podem ser encontrados nos alimentos ou produzidos pelo nosso próprio organismo.

Sendo assim, os antioxidantes são agentes responsáveis pela inibição e redução das lesões causadas pelos radicais livres nas células. De acordo com uma das definições, proposta pela US National Academy of Sciences, “antioxidante alimentar é toda substância na dieta capaz de reduzir significativamente os efeitos adversos produzidos por espécies reativas, como aquelas de oxigênio e nitrogênio, e que possuem função normal no organismo”. Essa definição acaba excluindo alguns compostos que possuem um efeito antioxidante se tomados em quantidades adequadas (como o betacaroteno). Uma definição mais ampla de antioxidante e que inclui estes compostos é “qualquer substância que, presente em baixas concentrações quando comparada a do substrato oxidável, atrasa ou inibe a oxidação deste substrato de maneira eficaz”.

Os antioxidantes atuam em diferentes níveis na proteção do organismo. Eles podem impedir a formação de radicais livres, interceptar os radicais livres gerados pelo metabolismo celular ou por fontes exógenas, ou impedir o ataque destes radicais à célula. Os antioxidantes obtidos da dieta, tais como as vitaminas C, E e A, os flavonoides e carotenoides são extremamente importantes na intercepção dos radicais livres. Outro mecanismo de proteção é o reparo das lesões causadas pelos radicais. Em algumas situações pode ocorrer uma adaptação do organismo em resposta a geração desses radicais com o aumento da síntese de enzimas antioxidantes.

Fontes Alimentares de Antioxidantes

          Os alimentos contêm compostos oxidantes, os quais podem ocorrer naturalmente ou ser introduzidos durante o processamento para o consumo. Por outro lado, os alimentos, principalmente as frutas, verduras e legumes (Quadro 2), também contêm agentes antioxidantes, tais como as vitaminas A, C, E, a clorofilina, os flavonoides, carotenoides, curcumina e outros que são capazes de restringir a propagação das reações em cadeia e as lesões induzidas pelos radicais livres.

Quadro 2. Algumas fontes antioxidantes na dieta.


As vitaminas C, E, β-caroteno são consideradas excelentes antioxidantes, capazes de sequestrar os radicais livres com grande eficiência. O uso de medicamentos, o tabagismo, as condições nutricionais, o consumo de álcool, a poluição do ar e outros fatores podem reduzir os níveis de antioxidantes celulares. As defesas antioxidantes do organismo podem ser restabelecidas com dietas apropriadas e suplementos vitamínicos.

A vitamina C (ácido ascórbico) é, geralmente, consumida em grandes doses pelos seres humanos, sendo adicionada a muitos produtos alimentares para inibir a formação de metabólitos nitrosos carcinogênicos. A vitamina C da dieta é absorvida de forma rápida e eficiente por um processo dependente de energia. O consumo de doses altas pode levar ao aumento da concentração dessa vitamina nos tecidos e no plasma sanguíneo.

Os benefícios obtidos na utilização terapêutica da vitamina C em ensaios biológicos com animais incluem o efeito protetor contra os danos causados pela exposição às radiações e medicamentos. Os estudos epidemiológicos também atribuem a essa vitamina um possível papel de proteção no desenvolvimento de tumores nos seres humanos. Contudo, a recomendação de suplementação dessa vitamina deve ser avaliada especificamente para cada caso, pois existem muitos componentes orgânicos e inorgânicos nas células que podem modular a atividade da vitamina C, afetando sua ação antioxidante.

A vitamina E é um componente dos óleos vegetais encontrada na natureza em quatro formas diferentes α, β, γ e δ-tocoferol, sendo o α-tocoferol a forma antioxidante amplamente distribuída nos tecidos e no plasma.

A vitamina E encontra-se em grande quantidade nos lipídeos, e evidências sugerem que essa vitamina impede ou minimiza os danos provocados pelos radicais livres associados com doenças específicas, incluindo o câncer, artrite, catarata e o envelhecimento. A vitamina E tem a capacidade de impedir a propagação das reações em cadeia induzidas pelos radicais livres nas membranas biológicas. Os danos oxidativos podem ser inibidos pela ação antioxidante dessa vitamina, juntamente com a glutationa, a vitamina C e os carotenoides, constituindo um dos principais mecanismos da defesa endógena do organismo.

A vitamina A (vide post sobre vitamina A) é um fator importante no crescimento e na diferenciação celular. Além disso, tem apresentado ação preventiva no desenvolvimento de tumores da bexiga, mama, estômago e pele, em estudos realizados com animais. Estudos epidemiológicos também mostraram que o consumo regular de alimentos ricos em vitaminas A e C pode diminuir a incidência de câncer retal e de cólon. O β-caroteno, o mais importante precursor da vitamina A, está amplamente distribuído nos alimentos e possui ação antioxidante.

Entre os antioxidantes presentes nos vegetais, os mais ativos e frequentemente encontrados são os compostos fenólicos, tais como os flavonoides. As propriedades benéficas desses compostos podem ser atribuídas à sua capacidade de sequestrar os radicais livres. Os compostos fenólicos mais estudados são: o ácido cafeico, o ácido gálico e o ácido elágico. Esses compostos de considerável importância na dieta podem inibir o processo de peroxidação lipídica.

O ácido elágico, encontrado principalmente na uva, morango e nozes, tem sido efetivo na prevenção do desenvolvimento do câncer induzido pelas substâncias do cigarro.

            A curcumina, um composto fenólico usado como corante de alimentos, é um antioxidante natural derivado da cúrcuma (Curcuma longa) que tem sido extensivamente investigado. A curcumina sequestra os radicais livres e inibe a peroxidação lipídica, agindo na proteção celular das macromoléculas celulares, incluindo o DNA, dos danos oxidativos.

            A quercetina está presente nas frutas e vegetais, e é o flavonoide mais abundante encontrado no vinho tinto. Entretanto, esse antioxidante pode reagir com ferro e tornar-se um pró-oxidante.

            Os flavonoides miricetina, quercetina e rutina foram mais efetivos do que a vitamina C na inibição dos danos oxidativos induzidos pelo H2O2 no DNA de linfócitos humanos.

Minerais Antioxidantes

           O estresse oxidativo tem sido frequentemente relacionado às fases de iniciação e promoção do processo de carcinogênese. As enzimas antioxidantes, dependentes de selênio e zinco, que antagonizam esse processo estão em níveis baixos nas células tumorais.

Tem sido demonstrado que os tumores apresentam menores concentrações da enzima superóxido dismutase dependente de zinco e cobre em comparação aos tecidos normais. Além do selênio, o zinco é frequentemente mencionado na literatura como um mineral “antioxidante” envolvido nos mecanismos celulares de defesa contra os radicais livres.

Níveis reduzidos de selênio, um elemento traço essencial para os seres humanos e animais, nas células e tecidos têm como consequência concentrações menores da enzima antioxidante glutationa peroxidase, resultando em maior suscetibilidade das células e do organismo aos danos oxidativos induzidos pelos radicais livres. Há na literatura evidências de que a deficiência de selênio é um fator importante de predisposição no desenvolvimento de tumores. Os estudos epidemiológicos mostram a relação inversa entre os níveis de selênio no plasma e a incidência de câncer. Dados epidemiológicos também mostraram que o selênio pode interagir com as vitaminas A e E na prevenção do desenvolvimento de tumores e na terapia da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Entretanto, outros resultados mostraram que a suplementação com esse mineral “antioxidante” pode aumentar os processos de carcinogênese, recomendando cautela na administração de selênio para os seres humanos.

Através do consumo de verduras, legumes e frutas, além de uma refeição equilibrada, conseguimos atingir nossas necessidades destas vitaminas e minerais, sem que haja necessidade de suplementação.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.



Referências Bibliográficas:

Amaya-Farfan,J; Domene,SMA; Padovani,RM. DRI: Síntese comentada das novas propostas sobre recomendações nutricionais para antioxidantes. Rev Nutr 2001; v.14, n.1: p.71-78.

Bianchi, MPL; Antunes, LMG. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Rev Nutr 1999; v.12, n.2: p.123-130.

Oliveira, AC et al. Fontes vegetais naturais de antioxidantes. Quím Nova 2009, v.32, n.3: p.689-702.

Santos, JF. Antioxidantes: o que são, pra que serve e onde encontrá-los? Disponível em: www.nutrociencia.com.br Acessado em: 12/07/2013.

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