Alterações
de pressão arterial ocorrem em 5 a 10% das gravidezes e contribuem
significativamente para sérias complicações maternas e fetais. Em cerca de 70%
dos casos, as alterações pressóricas associam-se ao estado gestacional
(hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e eclâmpsia), enquanto os 30% restantes
correspondem a hipertensão pré-existente.
O DHEG é diagnosticado quando a
gestante apresenta os três sinais e sintomas a seguir: pressão arterial >
140/90mmHg; edema (inchaço); e proteinúria (> 0,3g/24h). O último é o
diagnóstico diferencial da hipertensão crônica. É importante lembrar que o
edema, neste caso, é considerado patológico, pois aparece ou agrava-se de
repente, diferentemente do fisiológico, que é gradual.
Essa patologia ocorre mais frequentemente no último
trimestre da gestação, associado a tonturas, dores de cabeça, distúrbios
visuais, dores no abdome superior, vômitos, edema da face e das mãos.
As causas do DHEG ainda
não estão esclarecidas, mas suspeita-se da produção excessiva de hormônios
placentários e supra-renais, além de um desequilíbrio na síntese de substâncias
vasodilatadoras e vasoconstritoras. Esse quadro leva a constrição vascular,
menor irrigação sanguínea para os rins e menor intensidade da filtração
glomerular.
A doença hipertensiva é uma
complicação materna que propicia o baixo peso ao nascer (peso ao nascer <
2,5kg), asfixia e morte fetal. Em geral, 80 a 90% dos fetos de mães com
pré-eclâmpsia ou eclâmpsia sofrem de retardo do crescimento intra-uterino
(RCIU), aumento da necessidade de partos cirúrgicos e prematuros, devido ao
sofrimento fetal e a pré-eclâmpsia grave está associada a taxa de mortalidade
perinatal de 51%. O acompanhamento adequado durante a gestação e no parto pode
evitar as mortes maternas e dos fetos.
Hipertensão crônica: está presente antes da gestação ou é
diagnosticada até a 20ª semana em gestantes que desconheciam valores anteriores
de sua pressão arterial, perdurando além da sexta semana pós-parto. Apresenta
pior prognóstico e maior risco de evoluir para pré-eclâmpsia.
Hipertensão
gestacional:
ocorre em cerca de 10% das gravidezes em primíparas normotensas. Consiste em
pressão arterial elevada que aparece após a 20ª semana de gravidez e costuma
desaparecer até dez dias após o parto (hipertensão transitória). Não se
acompanha de proteinúria e, em geral, tem bom prognóstico, mas pode progredir
para pré-eclâmpsia ou eclâmpsia (uma em cada quatro gestantes com esse tipo de
hipertensão).
Pré-eclâmpsia: é uma síndrome sistêmica específica
que afeta todo o organismo da mulher, principalmente placenta, rim, fígado e
cérebro. Em 5 a 10% das gravidezes há hipertensão e destas, em cerca de 10 a
20% ocorre proteinúria, principalmente em mulheres com hipertensão
pré-existente, diabetes melito ou pré-eclâmpsia prévia. Ocorre após a 20ª
semana de gestação. A pré-eclâmpsia não tem etiologia bem definida. Caracteriza-se
por início súbito ou piora da hipertensão, acompanhada de proteinúria e
elevação dos níveis de creatinina sérica, ácido úrico e transaminases. Edema não é
mais critério diagnóstico porque aparece em muitas gestações normais. Algumas
vezes há alterações da coagulação. Desfechos mais graves ocorrem em pacientes
que desenvolveram o quadro antes de 35 semanas de gestação ou naquelas com
pré-eclâmpsia em gestação anterior ou com doença vascular pré-existente.
Eclâmpsia: é
caracterizada pela presença de convulsões generalizadas em gestantes com
quaisquer dos quadros hipertensivos, não causadas por epilepsia ou qualquer
outra patologia convulsiva, podendo ocorrer na gravidez ou parto ou até 10 dias
de puerpério. São observados outros sinais e sintomas tais como cefaléia,
agitação psicomotora, distúrbios visuais e epigastralgia.
Fatores de
risco
A identificação de
gestantes em risco de desenvolverem as síndromes hipertensivas da gravidez é
indispensável por permitir a implementação de conduta adequada, visando à
prevenção da doença, bem como o tratamento precoce.
● Hereditariedade: o fator
genético é indiscutível. Quem apresenta história familiar têm maior
predisposição;
● Idade materna: a ocorrência
se dá principalmente em primigestas e em mulheres mais maduras (mais de 40
anos). As adolescentes com 16 anos ou menos têm maior incidência em comparação
com adolescentes com idade maior que 16 anos;
● Etnia: as gestantes mais
acometidas são as negras, hindus, árabes muçulmanas, judias iraquianas.
● Prenhez múltipla: as
síndromes hipertensivas da gravidez são frequentes em casos de gestações
múltiplas, com risco 5 vezes maior em comparação com gestação de feto único;
● Escolaridade, atividade
profissional: é observada maior prevalência entre gestantes com menor
escolaridade e maior risco entre as que trabalham foram do domicílio.
Durante a gravidez, a
abordagem não-farmacológica da hipertensão arterial consiste em restrição das
atividades. Estratégias como perda de peso e exercícios não são recomendadas
durante a gravidez, mas se uma mulher é obesa e está planejando uma gravidez,
redução de peso antes da gestação é desejável.
Recomenda-se dieta com
elevada porcentagem de proteínas de alto valor biológico, como aquelas
presentes na carne vermelha, no leite, queijo e nos ovos. Dessa forma, a sua
ingestão facilita a síntese de albumina, que é a proteína responsável pelo
equilíbrio hídrico entre os compartimentos celulares. Acredita-se que o efeito
de níveis normais de albumina na hipertensão na gestação seja mais eficaz na
redução do edema, e, consequentemente, na diminuição da pressão arterial, do
que a restrição do sódio.
Quando a gestante
apresenta sinais e sintomas de distúrbios hipertensivos específicos da gestação
sem a sua associação com a hipertensão crônica, não há indicação de restrição
de sódio na dieta.
A utilização de
alimentos que contenham pouco sódio na sua composição, diminuindo os
industrializados, permitirá que a gestante consuma uma dieta palatável quanto à
quantidade de sal sem acarretar riscos para a saúde. A alimentação para essa
patologia é normocalórica, hiperprotéica e normossódica. Se a gestante
apresentar hipertensão crônica, a dieta deverá ser hipossódica, e, nesse caso,
a quantidade diária de sódio não deverá ultrapassar 2g. Gestantes
hospitalizadas com a pressão arterial descompensada, recebem refeições
preparadas sem sal, juntamente com dois sachês diários com 1g de sal cada um,
para colocar sobre os alimentos.
Vários estudos
evidenciaram o papel do cálcio no controle da hipertensão arterial em indivíduos
adultos. A suplementação de cálcio com 1,5 a 2g diários foi associada à menor
incidência de distúrbios hipertensivos específicos na gestação. Se a gestante
apresentar baixa ingestão de cálcio por intolerância a produtos lácteos e
apresenta fatores de risco para distúrbios hipertensivos, recomenda-se
prescrição de suplementação com cálcio.
O risco de
pré-eclâmpsia vem sendo associado com mecanismos alterados de vasodilatação
pela síntese defeituosa de óxido nítrico, um vasodilatador central. Estudos com
animais e humanos indicaram que a suplementação com L-arginina possui efeito
benéfico sobre a pressão arterial, pois é um substrato para a enzima óxido
nítrico sintase.
Os resultados suportam a hipótese de que a suplementação de L-arginina pode reduzir o risco de pré-eclâmpsia. Além disso, um achado secundário do estudo foi que a suplementação de L-arginina e vitaminas antioxidantes resultou em redução significativa no risco de parto prematuro em comparação com placebo.
São necessários mais estudos para determinar se esses resultados podem ser replicados e identificar se eles são devidos aos efeitos da L-arginina isoladamente ou a combinação de L-arginina e vitaminas antioxidantes.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Accioly,
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Janeiro: Cultura Médica 2004; p. 189-208.
Pascoal, IF. Hipertensão e gravidez. Rev Bras
Hipertens 2002; v.9: p.256-261.
Vadillo-Ortega F, Perichart-Perera O, Espino
S, Avila-Vergara MA, Ibarra I, Ahued R, et al. Effect of supplementation during
pregnancy with L-arginine and antioxidant vitamins in medical food on
pre-eclampsia in high risk population: randomised controlled trial. BMJ. 2011 May 19; 342:d2901.
Vitolo, MR. Nutrição: da Gestação à Adolescência. 1 ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2003; p.60-62.
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Wannmacher, L. Manejo da hipertensão na gestação: o
pouco que se sabe. Disponível em: www.bvsms.saude.gov.br
Acessado em 19/08/2013.
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