quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Cirurgia Bariátrica


1) No que consiste a cirurgia para a redução do estômago? (o procedimento pode ser chamado de cirurgia bariátrica também, certo?).

          A cirurgia bariátrica, também conhecida como cirurgia da obesidade, ou, popularmente, redução de estômago, reúne técnicas de manipulação cirúrgica do estômago e/ou intestino destinadas ao tratamento da obesidade e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele.

2) Quais os resultados proporcionados por esse tipo de cirurgia?

         Existem alguns tipos de cirurgias, entre elas as restritivas (que diminuem o volume do estômago), as disabsortivas (que reduzem a capacidade da absorção de nutrientes se valendo de desvios intestinais) e as mistas. Os resultados dependem da opção feita. As restritivas e disabsortivas isoladas habitualmente proporcionam resultados muito bons, mas menores que as mistas. A mais comum é o by-pass gástrico é uma cirurgia mista com perdas ponderais muito expressivas.

3) Quais são as vantagens da cirurgia para redução de estômago?

● Perdas de grande quantidade de peso devido a diminuição do aporte alimentar e da absorção de alguns nutrientes;

● Melhora de doenças associadas com a obesidade, como diabetes e hipertensão arterial;

● Reintegração social aumentando o convívio do indivíduo com outras pessoas, diminuindo o constrangimento inerente a pacientes obesos mórbidos e facilitando o acesso a determinados lugares;

● Viabiliza a realização de atividades físicas aumentando tônus muscular e o bem estar dos pacientes, além da optimização da resistência para atividades diárias e melhora do desempenho cardiovascular;

● Com a perda de peso observamos o aumento da autoestima e autoconfiança melhorando resultados na vida profissional e pessoal.

4) Quais são as desvantagens da cirurgia para a redução de estômago?

● Como toda cirurgia de grande porte existem riscos que variam de pequenos problemas como dor no pós-operatório imediato (que na sua maioria é contido com medicações) até o óbito por problemas anestésicos ou por embolia pulmonar por exemplo, que apesar de pouco frequente pode acontecer;

● Diminuição da absorção de alguns nutrientes (nas cirurgias disabsortivas ou mistas), fazendo-se necessário a suplementação por longos períodos;

● Perdas de peso maior do que o necessário tendo como consequência a desnutrição ou até mesmo a caquexia;

● Grande flacidez e sobra de pele devido a diminuição da gordura subcutânea, na maioria das vezes fazendo-se necessário outra intervenção para a remoção das sobras de pele;

● Ocasionalmente observamos distúrbios psiquiátricos como depressão, ansiedade entre outras patologias com gravidades variáveis após a cirurgia de redução de estômago.

5) Em quais casos deve ser realizada a cirurgia para reduzir o estômago? Qualquer pessoa “gordinha” pode fazer?

        As indicações precisas da cirurgia bariátrica propriamente dita são índice de massa corporal (alt/peso²) acima de 40 ou acima de 35 com doenças associadas a obesidade. Para as pessoas gordinhas a melhor indicação é um método restritivo puro, menos invasivo, como por exemplo, o Balão Intragástrico que é uma alternativa não cirúrgica com perdas próximas a 20% do peso corporal total do paciente.

6) Quais os procedimentos e cuidados que devem ser adotados no pós-operatório?

          As orientações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica para o pós-operatório são que o paciente deve fazer consultas e exames laboratoriais periódicos, conforme o tipo de cirurgia e as rotinas estabelecidas pela equipe responsável. Em caso de comorbidades, elas devem ser acompanhadas por profissionais especialistas nessas doenças.

      No pós-operatório, recomenda-se ao paciente atividade física e complemento vitamínico. E, nas operações abertas, recomenda-se ainda o uso da faixa abdominal.

          Sintomas gastrointestinais podem aparecer após a refeição. Os pacientes predispostos a esses efeitos colaterais devem observar certos cuidados, como reduzir o consumo de carboidratos, comer mais vezes ao dia – pequenas quantidades -, e evitar a ingestão de líquidos durante as refeições.

7) Após a cirurgia o indivíduo pode comer como antes, mas sem engordar?

         Não existe método de emagrecimento milagroso e eterno. Se o paciente não passar pelo processo de reeducação alimentar, reintegração aos exercícios físicos, ele tende a ganhar peso sendo que algumas vezes os pacientes tem ganhos semelhantes a perda de peso conseguida após a cirurgia. Entretanto, se o paciente aprende a se alimentar, a regra é a manutenção do peso alcançado.

8) Como deve ser a alimentação do indivíduo que já fez esse tipo de cirurgia?

           A alimentação do paciente que passou pela cirurgia deve ser reduzida e orientada pelo nutricionista. Os esquemas alimentares variam, mas na maioria dos grupos especializados o paciente passa cerca de 1 mês em dieta líquida – pastosa, seguindo uma progressão na consistência até chegar a dieta sólida.

9) Existe a chance do indivíduo ganhar muito peso novamente após a cirurgia, caso não adote uma alimentação adequada?

      Como já mencionado, existe uma proporção significativa de “reganho” do peso, isso porque o paciente pensa que por ter um desvio no intestino e o estômago diminuído, ele não absorverá o conteúdo ingerido e acabam por escolher alimentos calóricos. Com o passar dos anos, o reservatório gástrico também tem aumento de volume fazendo com que a capacidade alimentar também cresça. Por isso é necessário para qualquer método, a busca pelo equilíbrio psicológico e o pensamento de “magro”, para que a manutenção do peso seja suave e duradoura.

10) Quais cuidados devem ser tomados para que não se ganhe peso novamente?

           Evitar alimentos gordurosos e com grandes quantidades de açúcar como sorvetes, leite condensado, etc...A sensação de saciedade deve ser respeitada, assim o estômago sofrerá menos distensões e seu volume terá pouca alteração com o passar dos anos. A prática de exercícios físicos é fundamental para o sucesso da manutenção do peso. Além de ter o acompanhamento regular do nutricionista especializado e do cirurgião.

11) Quanto tempo leva para que a pessoa emagreça após realizar a cirurgia?

      Em alguns casos, observamos grandes perdas já nos primeiros dois meses após a cirurgia. Após seis meses, o paciente pode apresentar perdas equivalentes a 30% do seu peso. O volume de perdas vai variar de acordo com o tipo de cirurgia realizada e o tipo de condução dada pela equipe multidisciplinar.

12) Existem contraindicações para essa cirurgia?

     O maior problema é não respeitar as indicações formais! Doenças psiquiátricas descompensadas, alcoolismo crônico, vício em drogas ilícitas, doenças clínicas crônicas como insuficiência hepática, discrasias sanguíneas, entre outras doenças clínicas não compensadas são contraindicações, algumas relativas e outras absolutas.

13) Quais outros métodos/procedimentos podem ser utilizados para a redução de estômago, sem/com cirurgia?

        Existem alguns métodos ditos intervencionistas para a perda de peso, entre eles já citamos as cirurgias de diminuição gástrica e desvio do intestino, existe a banda gástrica que é um anel que é colocado por videolaparoscopia para reduzir a capacidade gástrica, o balão intragástrico (BIB) que é uma prótese de silicone inserido por endoscopia com baixo risco que preenche o estômago proporcionando saciedade precoce que em nossa experiência traz excelentes resultados.

            Para o futuro teremos outros procedimentos endoscópicos como o endobarrier, uma manga que cobre a parte proximal do intestino diminuindo a absorção dos nutrientes com perdas ponderais interessantes.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Texto Elaborado por: Dr. Sérgio Barrichello
      Especialista em Cirurgia Geral;
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia        Digestiva (SOBED);
                                          Preceptor de técnicas de balão intragástrico da SOBED;
                                          Pós-graduando em Medicina do Esporte e do Exercício;
                                          Diretor operacional da Healthme Gerenciamento de Perda de       Peso.

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