1) No que consiste a
cirurgia para a redução do estômago? (o procedimento pode ser chamado de
cirurgia bariátrica também, certo?).
A cirurgia bariátrica, também
conhecida como cirurgia da obesidade, ou, popularmente, redução de estômago,
reúne técnicas de manipulação cirúrgica do estômago e/ou intestino destinadas
ao tratamento da obesidade e das doenças associadas ao excesso de gordura
corporal ou agravadas por ele.
2) Quais os resultados
proporcionados por esse tipo de cirurgia?
Existem alguns tipos de cirurgias,
entre elas as restritivas (que diminuem o volume do estômago), as disabsortivas
(que reduzem a capacidade da absorção de nutrientes se valendo de desvios
intestinais) e as mistas. Os resultados dependem da opção feita. As restritivas
e disabsortivas isoladas habitualmente proporcionam resultados muito bons, mas
menores que as mistas. A mais comum é o by-pass gástrico é uma cirurgia mista
com perdas ponderais muito expressivas.
3) Quais são as
vantagens da cirurgia para redução de estômago?
●
Perdas de grande quantidade de peso devido a diminuição do aporte alimentar e
da absorção de alguns nutrientes;
●
Melhora de doenças associadas com a obesidade, como diabetes e hipertensão
arterial;
●
Reintegração social aumentando o convívio do indivíduo com outras pessoas,
diminuindo o constrangimento inerente a pacientes obesos mórbidos e facilitando
o acesso a determinados lugares;
●
Viabiliza a realização de atividades físicas aumentando tônus muscular e o bem
estar dos pacientes, além da optimização da resistência para atividades diárias
e melhora do desempenho cardiovascular;
●
Com a perda de peso observamos o aumento da autoestima e autoconfiança
melhorando resultados na vida profissional e pessoal.
4) Quais são as
desvantagens da cirurgia para a redução de estômago?
●
Como toda cirurgia de grande porte existem riscos que variam de pequenos
problemas como dor no pós-operatório imediato (que na sua maioria é contido com
medicações) até o óbito por problemas anestésicos ou por embolia pulmonar por
exemplo, que apesar de pouco frequente pode acontecer;
●
Diminuição da absorção de alguns nutrientes (nas cirurgias disabsortivas ou
mistas), fazendo-se necessário a suplementação por longos períodos;
●
Perdas de peso maior do que o necessário tendo como consequência a desnutrição
ou até mesmo a caquexia;
●
Grande flacidez e sobra de pele devido a diminuição da gordura subcutânea, na
maioria das vezes fazendo-se necessário outra intervenção para a remoção das
sobras de pele;
●
Ocasionalmente observamos distúrbios psiquiátricos como depressão, ansiedade
entre outras patologias com gravidades variáveis após a cirurgia de redução de
estômago.
5) Em quais casos deve
ser realizada a cirurgia para reduzir o estômago? Qualquer pessoa “gordinha”
pode fazer?
As indicações precisas da cirurgia
bariátrica propriamente dita são índice de massa corporal (alt/peso²) acima de
40 ou acima de 35 com doenças associadas a obesidade. Para as pessoas gordinhas
a melhor indicação é um método restritivo puro, menos invasivo, como por
exemplo, o Balão Intragástrico que é uma alternativa não cirúrgica com perdas
próximas a 20% do peso corporal total do paciente.
6) Quais os
procedimentos e cuidados que devem ser adotados no pós-operatório?
As orientações da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica para o pós-operatório são que o
paciente deve fazer consultas e exames laboratoriais periódicos, conforme o
tipo de cirurgia e as rotinas estabelecidas pela equipe responsável. Em caso de
comorbidades, elas devem ser acompanhadas por profissionais especialistas
nessas doenças.
No pós-operatório, recomenda-se ao paciente atividade física e complemento vitamínico. E, nas
operações abertas, recomenda-se ainda o uso da faixa abdominal.
Sintomas gastrointestinais podem
aparecer após a refeição. Os pacientes predispostos a esses efeitos colaterais
devem observar certos cuidados, como reduzir o consumo de carboidratos, comer
mais vezes ao dia – pequenas quantidades -, e evitar a ingestão de líquidos
durante as refeições.
7) Após a cirurgia o
indivíduo pode comer como antes, mas sem engordar?
Não existe método de emagrecimento
milagroso e eterno. Se o paciente não passar pelo processo de reeducação
alimentar, reintegração aos exercícios físicos, ele tende a ganhar peso sendo
que algumas vezes os pacientes tem ganhos semelhantes a perda de peso
conseguida após a cirurgia. Entretanto, se o paciente aprende a se alimentar, a
regra é a manutenção do peso alcançado.
8) Como deve ser a
alimentação do indivíduo que já fez esse tipo de cirurgia?
A alimentação do paciente que passou
pela cirurgia deve ser reduzida e orientada pelo nutricionista. Os esquemas
alimentares variam, mas na maioria dos grupos especializados o paciente passa
cerca de 1 mês em dieta líquida – pastosa, seguindo uma progressão na
consistência até chegar a dieta sólida.
9) Existe a chance do
indivíduo ganhar muito peso novamente após a cirurgia, caso não adote uma
alimentação adequada?
Como já mencionado, existe uma
proporção significativa de “reganho” do peso, isso porque o paciente pensa que
por ter um desvio no intestino e o estômago diminuído, ele não absorverá o
conteúdo ingerido e acabam por escolher alimentos calóricos. Com o passar dos
anos, o reservatório gástrico também tem aumento de volume fazendo com que a
capacidade alimentar também cresça. Por isso é necessário para qualquer método,
a busca pelo equilíbrio psicológico e o pensamento de “magro”, para que a
manutenção do peso seja suave e duradoura.
10) Quais cuidados devem
ser tomados para que não se ganhe peso novamente?
Evitar alimentos gordurosos e com
grandes quantidades de açúcar como sorvetes, leite condensado, etc...A sensação
de saciedade deve ser respeitada, assim o estômago sofrerá menos distensões e
seu volume terá pouca alteração com o passar dos anos. A prática de exercícios
físicos é fundamental para o sucesso da manutenção do peso. Além de ter o
acompanhamento regular do nutricionista especializado e do cirurgião.
11) Quanto tempo leva
para que a pessoa emagreça após realizar a cirurgia?
Em alguns casos, observamos grandes
perdas já nos primeiros dois meses após a cirurgia. Após seis meses, o paciente
pode apresentar perdas equivalentes a 30% do seu peso. O volume de perdas vai
variar de acordo com o tipo de cirurgia realizada e o tipo de condução dada
pela equipe multidisciplinar.
12) Existem
contraindicações para essa cirurgia?
O maior problema é não respeitar as
indicações formais! Doenças psiquiátricas descompensadas, alcoolismo crônico,
vício em drogas ilícitas, doenças clínicas crônicas como insuficiência
hepática, discrasias sanguíneas, entre outras doenças clínicas não compensadas
são contraindicações, algumas relativas e outras absolutas.
13) Quais outros
métodos/procedimentos podem ser utilizados para a redução de estômago, sem/com
cirurgia?
Existem alguns métodos ditos
intervencionistas para a perda de peso, entre eles já citamos as cirurgias de
diminuição gástrica e desvio do intestino, existe a banda gástrica que é um
anel que é colocado por videolaparoscopia para reduzir a capacidade gástrica, o
balão intragástrico (BIB) que é uma prótese de silicone inserido por endoscopia
com baixo risco que preenche o estômago proporcionando saciedade precoce que em
nossa experiência traz excelentes resultados.
Para o futuro teremos outros
procedimentos endoscópicos como o endobarrier, uma manga que cobre a parte
proximal do intestino diminuindo a absorção dos nutrientes com perdas ponderais
interessantes.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Texto
Elaborado por: Dr. Sérgio Barrichello
Especialista
em Cirurgia Geral;
Membro Titular da Sociedade Brasileira
de Endoscopia Digestiva (SOBED);
Preceptor de
técnicas de balão intragástrico da SOBED;
Pós-graduando em
Medicina do Esporte e do Exercício;
Diretor operacional da Healthme
Gerenciamento de Perda de Peso.
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