O mirtilo
ou blueberry, seu nome em inglês (cereja azul) é uma espécie frutífera
originária de algumas regiões da Europa e América do Norte, onde é muito
apreciado por seu sabor exótico e por suas propriedades medicinais. No Brasil
sua cultura ainda é recente e pouco conhecida. Sua inserção no país deu-se em
1983, por uma coleção de plantas trazidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa/ CPACT, Pelotas/RS), sendo comercializada no país a partir
de 1990.
O mirtilo é membro da família Ericaceae, subfamília Vaccinoideae, gênero Vaccinium e subgênero Cyanococcus. Os gêneros são muito
diversos, contendo de 150 a 450 espécies, a maioria são arbustos de tamanhos e
formas variados encontrados em locais de elevada altitude podendo também ser
cultivados em regiões boreais e de clima temperado.
Por serem ricos em antocianinas (pigmento
vermelho, mas que de tão intenso torna-se violeta dando a coloração roxo-azulada
e que concentra as propriedades medicinais da fruta), os
frutos vermelhos são muito apreciados pelos seus sabores exóticos, valores comerciais
e suas alegações terapêuticas, sendo considerados como a “fonte da longevidade”. Pode ser comercializado in natura, em sucos ou processado como
polpa para iogurtes, doces, sorvetes e geleias ou apenas ser congelado e
comercializado nesta forma.
A composição nutricional do mirtilo
pode variar, em função do cultivar, das práticas culturais, da fertilidade do
solo, da época do ano, do grau de maturação e de outros fatores. Apresentam em sua composição uma variedade de vitaminas (A, B, C, K, ácido
fólico), minerais (potássio, magnésio, cálcio, fósforo, ferro, manganês),
açúcares, pectina e taninos.
Quadro 1. Composição nutricional do mirtilo em
100g de fruto.
Nutrientes em 100g de fruto
|
Umidade 83-87g
Valor
energético 51-62
kcal
Proteínas 0,4-0,7g
Lipídios 0,5g
Glicose 5-7g
Frutose 5-7g
Sacarose nd
Fibra 1-1,5g
Cinzas 0,19-0,25g
|
Sais Minerais
|
Cálcio 11,4-12,2mg
Ferro 0,6mg
Magnésio 5,8-8,4mg
Fósforo 14-47mg
Potássio 48-112mg
Sódio
3,4-4,3mg
Zinco 0,1mg
Cobre 0,1mg
Manganês 0,4-1,2mg
|
Vitaminas e outros componentes
|
Vitamina
C 22-62mg
Taninos 270-550mg
Pectinas 300-600mg
Antocianinas 300-725mg
|
Fonte: Kechinski, 2011.
Dietas suplementadas com
antociânicos são capazes de aumentar a plasticidade hipocampal, podendo
prevenir problemas relacionados a doenças degenerativas que incluem o Mal de
Alzheimer, o Mal de Parkinson (vide post sobre Parkinson) e esclerose lateral.
Acredita-se ainda que sua ingestão frequente possa atuar como adjuvante em
patologias relacionadas a doenças oriundas do desequilíbrio da produção
endógena de radicais livres como doenças cardiovasculares, distúrbios
neurológicos e, até, o envelhecimento.
A alta capacidade antioxidante
encontrada nesta fruta atua na neutralização dos radicais livres, moléculas
instáveis que estão ligadas ao aparecimento de um grande número de doenças
crônicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares e o câncer.
Vários estudos têm sido conduzidos em diversos países evidenciando que o
consumo de mirtilo pode prevenir: a ocorrência de doenças neurodegenerativas e
o declínio cognitivo durante o envelhecimento; doenças relacionadas à visão,
como catarata e glaucoma, melhorando a capacidade de leitura e o foco da visão;
perda óssea, pelo aumento da densidade mineral óssea; e determina mudanças
favoráveis nos biomarcadores do metabolismo ósseo. Está envolvido na redução da
ingestão alimentar, acoplado com a diminuição no ganho de massa corporal e da
oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL, colesterol “ruim”);
proporciona relaxamento das artérias, regulando a pressão do sangue e
auxiliando na redução de doenças cardiovasculares; pode, também, auxiliar no
controle do diabetes mellitus (tem baixo índice glicêmico) e inibe tumores cancerígenos (em ratos) devido à
presença, principalmente, do ácido gálico e das antocianinas.
Não há recomendação da quantidade
que deve ser consumida de mirtilo por dia. Consuma com moderação.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Fachinello, JC. Mirtilo. Rev Bras Frutic
2008; v.30, n.2.
Kechinski, CP. Estudo de diferentes formas de
processamento do mirtilo visando à preservação dos compostos antociânicos.
[Tese de Doutorado] Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, 2011.
Pertuzatti, PB. Compostos bioativos em
diferentes cultivares de mirtilo (Vaccinium
ashei Reade). [Dissertação de Mestrado] Universidade Federal de Pelotas – UFPEL,
2009.
Pesquisadora obtém mirtilo em pó e passa.
Jornal da Unicamp, 2009. Disponível em: www.unicamp.br
Acessado em: 08/09/2013.
Spagolla, LC; Santos, MM; Passos, LML;
Aguiar, CL. Extração alcoólica de fenólicos e flavonóides totais de mirtilo
“Rabbiteye” (Vaccinium ashei) e sua
atividade antioxidante. Rev Ciênc Farm Básica Apl 2009; v.30, n.2: p. 187-191.
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