“Não estou me sentindo bem. Deve ter sido alguma
coisa que eu comi.” Se você ouvir essa frase de alguém que se queixa de indisposição
seguida de vômitos, dores abdominais e
diarreia, é muito provável que essa pessoa tenha contraído uma doença transmitida
por alimento (DTA). Os sintomas podem aparecer algumas horas ou até mesmo
alguns dias depois que a pessoa ingeriu um alimento contaminado, dependendo do
tipo de contaminação.
Segundo a Organização Mundial de
Saúde, morrem a cada ano 1,8 milhões de pessoas em decorrência de
enfermidades diarreicas, que em sua maioria são causadas pela ingestão de água
ou alimentos contaminados por microrganismos perigosos ou substâncias químicas
tóxicas. Além disso, outras milhares de pessoas sofrem todos os anos
consequências graves por conta da ingestão de alimentos com algum tipo de
contaminação. Assim, alimento seguro é todo aquele que não causa nenhum dano à
saúde quando ingerido. No Brasil as informações sobre doenças alimentares são
incompletas por que não são notificadas à vigilância sanitária e epidemiológica
do município.
Consumir um alimento contaminado pode
causar, além de enfermidades diarreicas, dores de cabeça, náuseas, vômitos,
febre, mal-estar, entre outros. Sabe-se que a maioria das doenças de origem
alimentar podem ser evitadas a partir da manipulação adequada dos alimentos, já
que o ser humano é o seu principal veículo de contaminação. Dessa forma, a
qualificação do pessoal que atua em toda a cadeia alimentar é essencial para a
prevenção das doenças transmitidas por alimentos.
A contaminação dos alimentos pode ser classificada
em três tipos: contaminação biológica, contaminação química e contaminação
física.
● Contaminação Biológica: Ocorre quando microrganismos
indesejáveis, como bactérias, fungos, vírus ou parasitas (como vermes), estão
presentes no alimento. Os microrganismos, também conhecidos como micróbios ou
germes, não são visíveis a olho nu, são amplamente distribuídos e representam
os principais contaminantes biológicos dos alimentos. Para sobreviver e se
multiplicar, eles precisam de:
- calor – os
microrganismos prejudiciais à saúde preferem temperaturas próximas à do nosso
corpo;
- água e umidade – a maioria dos alimentos apresenta quantidade de água
e umidade suficiente para a multiplicação dos microrganismos, sendo portanto,
perecíveis;
- nutrientes – assim como os alimentos são fonte de nutrientes para
nosso desenvolvimento, eles também têm essa função para os microrganismos.
Os locais onde os microrganismos se encontram mais
facilmente são:
• o solo;
• a água;
• os animais domésticos, marinhos, o gado (bovino, suíno etc.), as aves
etc.;
• os insetos e as pragas domésticas (baratas, moscas, ratos, camundongos
etc.);
• as pessoas (nas mãos, unhas, no cabelo, na garganta, nos ferimentos, nas
roupas etc.);
• o lixo e a sujeira em geral.
Existem três grandes grupos de microrganismos:
• Os bons, que são utilizados inclusive para produção de alimentos, como
queijos, iogurtes e algumas bebidas;
• Os maus ou deteriorantes, que estragam os alimentos, deixando-os com
odor e aparência desagradável. Os microrganismos desse tipo normalmente não são
responsáveis por transmitir doenças, pois dificilmente as pessoas consomem um alimento
que tem aparência de estragado;
• Os perigosos, que não alteram o sabor nem a aparência dos alimentos e,
quando ingeridos, podem ocasionar sérias doenças.
● Contaminação Química: Os alimentos podem ser
contaminados por produtos químicos, quando estes são usados indevidamente em
alguma das etapas da cadeia produtiva. É o caso dos agrotóxicos e fertilizantes
utilizados no cultivo de frutas, verduras, legumes e cereais. Eles podem causar
intoxicações sérias nos trabalhadores do campo e também nos consumidores.
Resíduos de agrotóxicos podem permanecer nos alimentos mesmo depois de lavados
e preparados e provocar inúmeras doenças que muitas vezes demoram para se
manifestar.
Outro tipo de
contaminação química ocorre pelo uso de medicamentos para tratar ou prevenir
doenças em animais que fornecem carne, leite e ovos. Esses medicamentos estão
sendo estudados pelas ciências médicas, pois os resíduos dessas substâncias encontrados
nas carnes consumidas pelos seres humanos têm sido relacionados a vários
problemas de saúde. É por isso que os cuidados com os alimentos devem começar
desde a sua origem, ou seja, na fazenda onde os animais são criados.
Embora sejam
considerados contaminantes químicos por muitos consumidores, os aditivos
alimentares, como corantes e conservantes, são ingredientes intencionalmente adicionados
aos alimentos para modificar suas características físicas, químicas, biológicas
ou sensoriais. Entretanto, se os aditivos forem utilizados em quantidades acima
dos limites permitidos, podem causar efeitos adversos à saúde.
Por último, podemos citar também os produtos de
limpeza. Água sanitária, sabão e desinfetantes, por exemplo, podem contaminar
alimentos ao serem armazenados no mesmo local ou ainda quando não são
observadas as instruções de uso nos seus rótulos.
● Contaminação Física: Ocorre quando materiais estranhos
como pedaços de metal, madeira, pregos, lâminas, vidros, pedras, ossos estão
presentes no alimento. Esses materiais podem causar danos físicos a quem os
consumir, como feridas na boca e dentes quebrados.
Assim,
cabe a cada consumidor selecionar os locais onde se alimenta ou onde adquire os
seus alimentos, a fim de garantir uma alimentação saudável no que se refere aos
aspectos de sanidade e integridade dos alimentos. Desse modo, cada um poderá
fazer a sua parte e ajudar os estabelecimentos a promoverem modificações
necessárias para se adequarem perante a legislação sanitária brasileira.
Entretanto,
para que o consumidor possa distinguir os estabelecimentos que se preocupam com
a higiene no preparo e/ou comercialização de alimentos, produtos e/ou refeições
daqueles em que essa preocupação é inexistente, é necessário que ele conheça as
doenças que podem ser transmitidas por alimentos que normalmente ocorrem devido
à falta de higiene durante a sua manipulação. Deve saber também, identificar
procedimentos e condições ambientais inadequados na hora da compra, com vistas
a avaliar se o estabelecimento disponibiliza alimentos seguros.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Silva, AL; Mello, OS; Mechi, J. Alimento
seguro: o que significa? Grupo de Extensão em Segurança dos Alimentos – GESEA.
Disponível em: www.esalq.us.br Acessado
em: 06/04/2014.
Guia de Alimentos e Vigilância Sanitária.
Disponível em: www.anvisa.gov.br
Acessado em: 06/04/2014.
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