terça-feira, 1 de abril de 2014

Taurina



A taurina ou ácido beta-aminossulfônico é um composto final do metabolismo dos aminoácidos sulfurados (metionina e cisteína) que se encontra conjugada com ácidos biliares de sódio e potássio, resultando na formação do ácido taurocólico, um dos ácidos da bile alcalina, essencial para absorção das gorduras.

 
A excreção da taurina ocorre por via renal e também através dos sais biliares. Dessa forma, o excesso de taurina adquirida da dieta é eliminado na urina. Quando o aporte de taurina é limitado, os rins aumentam a reabsorção desse aminoácido diminuindo sua excreção.


O papel benéfico da taurina foi primeiramente descrito em modelos experimentais de acidente vascular cerebral e prevenção de doenças cardiovasculares. Seus mecanismos de ação foram atribuídos à modulação simpática para reduzir a pressão arterial e ação anti-inflamatória.


Está presente em altas concentrações em algas e no reino animal. A síntese de taurina ocorre a partir dos aminoácidos metionina e cisteína, através de uma sequência de reações enzimáticas de oxidação e transulfuração que requerem a participação da vitamina B6 como co-fator. Portanto, sem dúvida que menor ingestão desses aminoácidos pode acarretar aumento das necessidades de taurina.
 

As necessidades dos aminoácidos sulfurados em adultos correspondem a 17mg/g de proteína ingerida. A maior concentração de taurina ocorre naturalmente em frutos do mar (8.270mg/kg para crustáceos, 5.200mg/ kg para moluscos e 6.550mg/kg para mexilhões), pescada (1.720mg/ kg), carne escura de aves (2.000mg/kg para frango e 3.000mg/kg para peru). A ingestão diária de taurina exerce papel importante na manutenção do pool desse aminoácido no organismo, uma vez que, nos mamíferos, a habilidade de sintetizá-la é limitada. Assim, os níveis baixos são encontrados em vegetarianos estritos e altos níveis em consumidores de frutos do mar e energéticos à base de taurina.

 
Recém-nascidos e crianças necessitam de taurina exógena, uma vez que existe uma baixa atividade das enzimas necessárias para a sua síntese na infância. Além disso, no adulto, o cérebro também necessita de taurina exógena por ter uma baixa atividade enzimática para sua síntese. Por estes motivos, a taurina passou a ser considerada condicionalmente essencial em fase de desenvolvimento humano, principalmente para o sistema nervoso, rins e retina. A deficiência de taurina está associada com cardiomiopatias, degeneração da retina e retardo no crescimento.
 

A taurina pode ser obtida por uma dieta rica em frutos do mar e derivados de carne, sendo o leite materno uma das maiores fontes deste aminoácido. Por esta razão, é adicionada em fórmulas alimentícias de bebês prematuros, assim como na suplementação para neonatos mantidos em nutrição parenteral total em longo prazo.

 
Embora o papel fisiológico da taurina não esteja totalmente esclarecido, sabe-se que este aminoácido não é utilizado para síntese proteica, sendo encontrado livremente no líquido intracelular. A taurina está envolvida em uma variedade de processos biológicos, como a formação de sais biliares, osmorregulação, inibição do estresse oxidativo, imunomodulação, diabetes e aterosclerose.


Osmorregulação: No cérebro, a taurina representa a molécula mais relevante osmoticamente ativa. A taurina é usada pelas células para a regulação do volume celular para se adaptar a um desequilíbrio osmótico.

Antioxidante e imunomodulador: Muitos estudos têm demonstrado um efeito antioxidante da taurina devido ao conteúdo de enxofre presente neste aminoácido.

Diabetes e obesidade: A taurina foi capaz de reduzir a resistência à insulina, hiperglicemia, hiperinsulinemia e peroxidação lipídica em ratos com diabetes tipo 2. A administração de taurina também foi associada com uma diminuição na concentração de lipídeos séricos tanto em ratos diabéticos quanto em pacientes com sobrepeso/obesidade. A ingestão diária de 3 g de taurina durante 7 semanas mostrou ser eficiente na redução de obesidade em adultos.

Formação de sais biliares e aterosclerose: uma das atividades biológicas bem documentada da taurina é a formação de sais biliares. Verificando-se que a taurina é capaz de melhorar a excreção biliar nas fezes e regredir lesões induzidas pelo alto conteúdo de colesterol.

Neuroproteção: o papel neurotransmissor da taurina também vem sendo destacado, pois ela atua como um neuroprotetor através da redução da concentração de cálcio intracelular e despolarização de membrana.



Taurina e Exercício Físico


Existe uma ação scavenger (sequestradora) da taurina sobre os radicais livres e na regulação da taxa de geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) por mitocôndria. Isto é importante, porque elevada geração de superóxido por mitocôndria é capaz de iniciar a transição de permeabilidade mitocondrial, que, por sua vez, aciona a cascata apoptótica. Dessa forma, levou à proposição de que a suplementação de taurina pode ser benéfica em condições que impliquem aumento da susceptibilidade à lesão muscular e estresse oxidativo, como envelhecimento e exercício físico exaustivo.


Devido a essas funções fisiológicas da taurina, este aminoácido tornou-se ingrediente funcional (aproximadamente 1.000-2.000 mg por porção) das bebidas energéticas (BE), com a alegação de efeitos ergogênicos por parte dos fabricantes.


Existe uma literatura extensa apoiando a ingestão de taurina para melhorar o desempenho físico aeróbio e anaeróbio. Contudo, alguns estudos não apresentaram evidências de um efeito ergogênico. Além disso, não há um consenso na literatura em relação às doses necessárias de taurina para a prática esportiva, havendo sugestão de 1 g /dia, 1,66 g /dia, 2g/dia ou 6 g/dia.


Existem evidências de que o consumo de apenas 1 g de taurina, independentemente do tempo prévio de ingestão, apresentou efeito ergogênico tanto em exercícios de componente aeróbio com anaeróbio. No componente aeróbio foram observados efeitos positivos sobre o aumento do tempo total de exercício, na oxidação de gorduras e no sistema cardiovascular. Já no exercício de componente anaeróbio os efeitos foram observados sobre o aumento do tempo total de exercício de carga máxima e do número de repetições a 1 RM.


Existe uma série de implicações metabólicas decorrentes do consumo da taurina. Dentre as principais, destacam-se: maior potencial de oxidação de gorduras durante o exercício aeróbio e melhor resposta dos íons de Cálcio na contração muscular no exercício anaeróbio.

 
Os efeitos ergogênicos de taurina, se comprovados, podem ser interessantes tanto na dinâmica diária de treinamento e competição de atletas como de certas populações especiais, a exemplo de obesos e de cardíacos.


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 
 
Referências Bibliográficas:

 
Agnol, TD; Souza, PFA. Efeitos fisiológicos agudos da taurina contida em uma bebida energética em indivíduos fisicamente ativos. Rev Bras Med Esporte 2009; v.15, n.2: p. 123-126.

 
Hammes, TO. Efeito da taurina sobre a esteatose hepática induzida por tioacetamida em Danio reio. [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, 2011.

 
Pereira, JC; Silva, RG; Fernandes, AA; Marins, JCB. Efeito da ingestão de taurina no desempenho físico: uma revisão sistemática. Rev Andal Med Esporte 2010; v.3, n.3: p.156-162.

 
Taurina. Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 22/03/2014.

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