O uso de suplementos alimentares,
hipnose, acupuntura e outros é considerado tratamento alternativo, porque são
procedimentos cujos objetivos são a redução do peso e/ou da gordura corporal e
não preenchem os seguintes critérios convencionais:
●
Agente farmacêutico aprovado pelos órgãos de Vigilância Sanitária ou droga em
desenvolvimento pela indústria farmacêutica;
●
Cirurgia Bariátrica;
●
A aplicação de técnicas cognitivo-comportamentais para promover modificações na
dieta e na atividade física.
Suplemento dietético, por sua vez, é
definido como um produto ingerido que contém um “ingrediente dietético” com a
capacidade de suplementar a dieta. Podem ser plantas, vitaminas, minerais,
aminoácidos, enzimas, proteínas, metabólitos etc. Os suplementos dietéticos
podem ser também extratos ou concentrados e serem encontrados em cápsulas, pós,
líquidos e, mais recentemente, em barras.
Ácido Linoleico Conjugado (CLA)
O ácido linoleico conjugado é o nome
dado a um grupo de ácidos graxos insaturados produzidos no aparelho
gastrointestinal dos animais ruminantes, por bactérias que isomerizam o ácido linoleico.
O CLA é naturalmente encontrado em
alimentos como carnes bovinas e de animais ruminantes, como também em aves,
ovos e leite e seus derivados. Gorduras vegetais não são fontes significativas
de CLA. No entanto, este pode ser produzido a partir do ácido linoleico contido
no óleo de girassol.
Em camundongos e ratos houve
reduções da ingestão alimentar e da deposição da gordura corporal, além do aumento
do gasto energético. Dentre os mecanismos propostos estão a redução da
lipogênese, aumento da lipólise, oxidação dos ácidos graxos e a interferência
na diferenciação e proliferação dos pré-adipócitos e indução da apoptose do
tecido adiposo.
Cafeína
A cafeína pertence ao grupo das
metilxantinas, encontradas em grãos de café e de cacau, chás, guaraná,
chocolate, bebidas à base de colas e sob a forma de comprimidos. A cafeína,
sendo estimulante adrenérgico, influencia a termogênese, a lipólise e o apetite.
O efeito térmico da substância em indivíduos não tomadores habituais de café é
linear e dose dependente (100, 200 e 400mg de cafeína), embora esta resposta
seja menor nos obesos que nos magros. O consumo de cafeína (=300mg/d) parece
reduzir também a ingestão calórica, embora este efeito se perca ao longo do
tempo. Apesar da sua influência tanto no gasto energético como na ingestão
alimentar, não se demonstrou diferença na perda de peso de obesos que usaram
placebo ou o princípio ativo isolado.
Capsaicina
A capsaicina é uma substância que
está presente nas pimentas e pimentões. Em ratos estimula a termogênese por
ação adrenérgica. Estudos experimentais em humanos mostraram aumento do gasto
metabólico de repouso e redução da ingestão alimentar (provavelmente
relacionada à modificação sensorial oral e à passagem da substância no sistema
digestório). Não há relatos de eficácia em relação à perda de peso. Um dos
fatores limitantes é a quantidade necessária de capsaicina para a obtenção dos
efeitos desejados (0,9g de pimenta vermelha junto às principais refeições): os
voluntários não suportam o sabor ácido do suplemento.
Chá Verde
Os chás são bebidas muito consumidas
no mundo. Os mais utilizados são feitos de folhas de Camellia sinensis e são
categorizados em 3 tipos, dependendo do grau de fermentação ou oxidação: o chá
verde (não fermentado/ não oxidado), oolong (parcialmente fermentado) e o chá
preto (fermentado/oxidado). Quanto menor a fermentação, maior a quantidade de
catequinas, principalmente de epigalocatechina-galato. Por isto, a maioria dos
estudos é feita com os chás verdes e oolong.
In
vitro, o chá verde aumenta oxidação lipídica; em animais, modula o apetite,
estimula o metabolismo hepático dos lipídeos, inibe a sintetase dos ácidos
graxos.
Em seres humanos, extratos de chá
verde estimularam o sistema nervoso simpático, aumentaram o gasto energético e
a oxidação de gorduras, apesar de pequena ou nenhuma redução do peso. A
associação de oolong aos hipoglicemiantes orais parece ter algum efeito no
controle do diabetes tipo 2.
Crômio
O picolinato de crômio é utilizado
em muitas fórmulas para emagrecimento. Teoricamente o composto poderia ajudar a
redução do peso, aumentando a saciedade através da ativação serotoninérgica e
ainda estimulando a síntese protéica e o gasto energético. Os trabalhos
mostraram discreta redução de peso (~1kg), porém sem significado clínico.
Lesões renais e rabdomiólise têm sido relatadas com o uso de grandes
quantidades de suplementos com crômio.
Ephedra
sinica
A
ephedra sinica (ou ma-huang) é uma planta nativa da Ásia Central cujo principal
componente é a efedrina. Apesar de relatos da eficácia da combinação de
efedrina (30-150mg) com cafeína (150-600mg) na perda de peso, o uso isolado da
efedrina mostrou efeito apenas modesto (~0,9kg) na redução do peso quando
comparado ao placebo, com aumento importante no risco de efeitos adversos
psiquiátricos, gastrointestinais e cardíacos.
A
frequência e a magnitude dos efeitos colaterais várias vezes relatados foram
suficientes para que, em abril de 2004, o FDA proibisse a venda de suplementos
dietéticos contendo alcaloides de efedrina.
No
entanto, muitos fabricantes começaram a substituir estes alcaloides por
derivados da erva citrus aurantium, cujo princípio ativo é a fenilefrina. Sem
efeitos na redução do peso, seu consumo pode acarretar alterações na pressão
arterial e na frequência cardíaca e trazer maior risco de eventos
cardiovasculares, semelhantes aos encontrados com o consumo da efedrina
Fibras
dietéticas
Os
polissacarídeos galactomanan (Goma guar) e glucomanan, e outras fibras
dietéticas tais como o Psyllium (derivado do Plantago psyllium), são
reconhecidos por modular a saciedade, a absorção de gorduras e as funções
intestinais.
Apesar
da discreta redução da ingestão alimentar, os estudos até agora realizados não
demonstraram diferença na perda de peso de indivíduos obesos usando 15 a 30g/d
de fibras em cápsulas ou em pó, quando comparados ao placebo. Foram freqüentes
náuseas, flatulência e diarreia. É importante lembrar que o uso destes
suplementos pode interferir na absorção de medicamentos como antibióticos e
digitálicos e potencializar a ação de drogas anticoagulantes.
Mesmo
sem bases científicas, existem vários produtos à base de fibras no mercado que
prometem perda de peso sustentada.
Garcínia
Cambogia
Esta
substância, extraída da casca de uma fruta cítrica exótica (brindleberry),
contém ácido hidroxicítrico ao qual se tem atribuído papel importante no
metabolismo dos ácidos graxos, carboidratos e inibição do apetite. Não houve
diferença na redução de peso entre os indivíduos que usaram ácido
hidroxicítrico isoladamente e aqueles que usaram
placebo, bem como não comprovaram um aumento na oxidação de gordura ou
alteração do apetite. Além disto, é comum a associação de outros produtos na
mesma cápsula, colocando em dúvida a eficácia da própria substância.
Hoodia
gordonii
O
uso da Hoodia é conhecido pelas populações indígenas da África do Sul há muito
tempo.
Frequentemente
usam a planta para o tratamento de indigestão e pequenas infecções. Em 1977 foi
isolado o princípio ativo, um glicosídeo (P57), que supostamente reduziria o
apetite. Uma única publicação científica sobre seus efeitos em animais foi
encontrada: o extrato da planta injetado no cérebro de ratos provocou redução
da ingestão alimentar nos roedores. Em seres humanos, nenhum estudo foi feito
para investigar os efeitos do uso da planta e seus derivados na perda de peso.
A cobertura da mídia e a propaganda maciça das companhias de suplementos
alimentares criaram tamanha demanda pela Hoodia, que vários países africanos
conferiram a ela um status de protegida. A planta só pode ser colhida de seu
ambiente original por nativos e pelas poucas companhias que detêm os direitos
de exploração.
A
escassez da substância acarretou outro problema: vários produtos que dizem
conter Hoodia, na verdade não contêm o ingrediente ativo que supostamente
modera o apetite.
Quitosana
A
quitosana é um polissacarídeo, componente do exoesqueleto dos crustáceos. Com
base em estudos pré-clínicos, tem sido sugerido que esta substância reduziria a
absorção intestinal das gorduras. Observou-se que, na ausência de dieta
hipocalórica, não há efeito da quitosana na perda de peso. Além disto, não foi
demonstrada a presença de gordura nas fezes dos indivíduos testados.
Flatulência e obstipação foram os efeitos adversos mais frequentes.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Mourão,
DM. et al. Ácido linoléico conjugado e perda de peso. Rev Nutr. 2005; v.18, n.3: p. 391-399.
Radominski,
R. O uso dos suplementos dietéticos no tratamento da obesidade. Rev Abeso,
2007; n.29.
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