quinta-feira, 5 de junho de 2014

Alimentação Complementar

            O aleitamento materno exclusivo é a forma de alimentação indicada para o lactente nos seis primeiros meses de vida. A partir dos seis meses, o consumo exclusivo de leite materno não supre todas as necessidades nutricionais da criança, sendo necessária a introdução de alimentos complementares. Também é a partir dessa idade que a maioria das crianças atinge estágio de desenvolvimento geral e neurológico (mastigação, deglutição, digestão e excreção), que as habilitam a receber outros alimentos além do leite materno.

            Alimentos complementares são definidos como quaisquer alimentos, que não o leite materno (cereais, frutas, legumes, verduras e raízes, além dos grupos das carnes, gorduras e ovos), oferecidos para a criança amamentada. Os termos “alimentos de desmame” ou “alimentação suplementar” muitas vezes são usados como sinônimos de alimentação complementar, no entanto podem transmitir uma ideia errada, pois podem dar a entender que esses alimentos devem ser oferecidos para substituir o leite materno e não para complementá-lo, induzindo assim o desmame precoce.

A introdução precoce de alimentos pode ser desvantajosa, pois diminui a duração do aleitamento materno, interfere na absorção de nutrientes importantes do leite materno, aumenta o risco de contaminação e de reações alérgicas. Por outro lado, a introdução tardia de alimentos é desfavorável, na medida em que não atende às necessidades energéticas do lactente e leva à desaceleração do crescimento da criança, aumentando o risco de desnutrição e de deficiência de micronutrientes.

Os alimentos complementares devem ser introduzidos de forma gradual, um de cada vez, para que a criança possa reconhecer e aceitar o novo sabor. A rejeição de alimentos novos é muito comum, mas a mãe não deve considera isso como uma aversão permanente e deve oferecer o alimento novamente em uma outra ocasião. O oferecimento do alimento para a criança deve ser feito de forma paciente, a criança não deve ser forçada a se alimentar, devendo-se respeitar a sensação de saciedade, e em ambiente tranquilo, que não distraia a criança da refeição.


As frutas devem ser oferecidas nesta idade, preferencialmente sob a forma de papas e sucos. O tipo de fruta a ser oferecido terá de respeitar as características regionais, custo, estação do ano e a presença de fibras, lembrando que nenhuma fruta é contra-indicada. Os sucos naturais devem ser usados preferencialmente após as refeições principais, e não em substituição a estas, em uma dose máxima de 100ml/dia.

A primeira papa principal deve ser oferecida a partir do sexto mês, no horário de almoço ou jantar, conforme o horário que a família estiver reunida, completando se a refeição com o leite materno até que a criança se mostre saciada apenas com a papa. A segunda papa principal será, oferecida a partir do sétimo mês de vida.

O óleo vegetal (preferencialmente de soja ou canola) deve ser usado na proporção de 3 a 3,5 mL por 100 mL ou 100 g da preparação pronta. Não refogar a papa com óleo. Não é permitido o uso de caldos ou tabletes de carne industrializados, legumes ou quaisquer condimentos industrializados nas preparações.

Há muitas dúvidas quanto à introdução de carnes e peixes; ao se introduzirem os alimentos complementares, é importante que já se inclua a carne para garantir o zinco e o ferro de boa disponibilidade. A mães têm receio de que a criança não consiga triturar os pedaços de carne, ou que possa engasgar. Devemos orientá-las explicando que os movimentos orofaciais e a pressão das gengivas iniciam o processo mastigatório e que a criança; levando-se em consideração seu grau de desenvolvimento; têm defesas motoras, o que o faz expelir os alimentos que não conseguem engolir. O peixe pode ser introduzido desde o início, pois possibilidade de alergia a esse alimento na população é sempre menos comum.

A papa deve ser amassada, sem peneirar ou liquidificar, para que sejam aproveitadas as fibras dos alimentos e fique na consistência de purê. A carne, na quantidade de 50 a 70 g/dia (para duas papas), deve ser picada, cozida e amassada com as mãos ou desfiada e misturar a outros alimentos, como batata, aipim ou arroz.

A consistência dos alimentos deve ser progressivamente elevada, respeitando-se o desenvolvimento da criança e evitando-se, dessa forma, a administração de alimentos muito diluídos (com baixa densidade energética) para propiciar a oferta calórica adequada. Além disso, as crianças que não recebem alimentos em pedaços até os 10 meses apresentam, posteriormente, maior dificuldade de aceitação de alimentos sólidos.

O leite de vaca integral, por várias razões, entre as quais o fato de ser pobre em ferro e zinco, não deverá ser introduzido antes dos 12 meses de vida. É um dos grandes responsáveis pela alta incidência de anemia ferropriva em menores de 2 anos no Brasil. Para cada mês de uso do leite de vaca a partir do quarto mês de vida, ocorre queda de 0,2 g/dL nos níveis de hemoglobina da criança.

É importante oferecer água potável a partir da introdução da alimentação complementar porque os alimentos dados ao lactente apresentam maior quantidade de proteínas por grama e maior quantidade de sais, o que causa sobrecarga de solutos para os rins, que deve ser compensada pela maior oferta de água.

Deve-se evitar alimentos industrializados pré-prontos, refrigerantes, café, chás e embutidos, entre outros. A oferta de água de coco (como substituta da água) também não é aconselhável por conter sódio e potássio. No primeiro ano de vida não se recomenda o uso de mel. Nessa faixa etária, os esporos do Clostridium botulinum, capazes de produzir toxinas na luz intestinal, podem causar botulismo.

                Fonte: Ministério da Saúde
                LD: Aleitamento materno livre demanda


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

Accioly, E; Saunders, C; Lacerda, EMA. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria. 1 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica 2004.

Oliveira, LPM; Assis, AMO; Pinheiro, SMC; Prado, MS; Barreto, ML. Alimentação complementar nos primeiros dois anos de vida. Rev Nutr. 2005; v.18, n.4: p.459-469.

Saldiva, SRDM; Escuder, MM; Mondini, L;  Levy, RB; Venâncio, SI. Práticas alimentares de crianças de 6 a 12 meses e fatores maternos associados. J Pediatr 2007; v.83, n.1: p. 53-58.

Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. Departamento Científico de Nutrologia Sociedade Brasileira de Pediatria, 2006.


Vitolo, MR. Nutrição: da Gestação à Adolescência. 1 ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2003.

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