A busca de um corpo perfeito com minimização
da celulite tem se tornado assunto de destaque em todo o mundo. A celulite ou
hidrolipodistrofia ocorre em maior incidência nas mulheres, podendo acometer
qualquer parte do corpo exceto couro cabeludo, palmas das mãos e dos pés. É
caracterizada por um aspecto acolchoado ou “casca de laranja“. A exata
etiologia da celulite é desconhecida, contudo fatores genéticos, hormonais,
sexo, hipertensão arterial, obesidade, fumo, sedentarismo e má alimentação
predispõem o aparecimento da hidrolipodistrofia.
CONDUTA NUTRICIONAL
NO TRATAMENTO DA HIDROLIPODISTROFIA
São vários os fatores que contribuem para
desenvolver ou agravar o surgimento da hidrolipodistrofia, sendo um deles, maus
hábitos alimentares. A nutrição é o campo da área da saúde mais promissor para
que a população permaneça em excelente estado de saúde, promovendo uma pele
mais saudável com minimização da hidrolipodistrofia. Sendo, um dos meios mais
saudáveis para se combater a hidrolipodistrofia em detrimento de outras
técnicas, como o uso indiscriminado de medicamentos, cirurgias plásticas e
tratamentos estéticos. Ainda há falta de estudos mais recentes sobre o tema,
que elucidem seu quadro multifatorial, além de pesquisas sobre a relação da
nutrição com a mesma (SCHNEIDER, 2009).
De
acordo com Sandoval (2003), o
tratamento não promove a cura da celulite, mas uma melhora de seu aspecto. Na
literatura há poucos estudos bibliográficos, o que limita a comprovação
científica da conduta nutricional do tratamento e da prevenção. Entretanto,
percebe-se na prática clínica e por meio de dados subjetivos e objetivos
(perimetria e registro fotográfico) que há uma melhora considerável no quadro
quando considerada a seguinte conduta: dieta anti- inflamatória, dieta
desintoxicante, dieta de baixo índice glicêmico (IG) e carga glicêmica (CG).
Juntamente, com o controle do efeito tóxico da constipação intestinal, acúmulo
do tecido adiposo, permeabilidade capilar, fator hormonal e insuficiência
linfática.
DIETA ANTI-INFLAMATÓRIA
O
processo inflamatório é a principal característica das desordens cutâneas, a
nutrição pode auxiliar na melhora dos sintomas por meio da modulação do sistema
inflamatório (BRIGANTI & PICARDO, 2003). O alto consumo dietético de
açúcares e gorduras saturadas está associado com aumento dos níveis circulantes
de glicose e ácidos graxos livres (KLEIN et al, 1998; KELLEY, 2003), gerando
glicotoxicidade e lipotoxicidade, que alteram a função mitocondrial, promovendo
um aumento na formação de radicais livres e, consequentemente, aumento de
substâncias pró-inflamatórias (BELLIN et al, 2006; MEYER et al, 2006). Dentre
os nutrientes e fitoquímicos que tem ação de modular o estado inflamatório são:
ômega 3 (HUDERT et al, 2006), lignanas (NAM, 2006; LEE et al, 2005), catequinas
(ANDREADI et al, 2006; HAN et al, 2006; PFEFFER et al, 2005), beta-glucanas
(EVANS, et al 2005), curcumina (KIM et al, 2005) antocianinas (PERGOLA, et al
2006; AFAQ, et al 2005), ácidos graxos insaturados (MORENO, 2003) e isoflavonas
(LAM et al, 2004; SEAVER &SMITH, 2004).
DIETA DESINTOXICANTE
Arcangeli (2002),
expressa que uma dieta equilibrada, rica em frutas e verduras, com baixo teor
de gordura saturada e trans e com moderado consumo de sal e açúcar, garante um
organismo mais harmonioso, livre de toxinas e que uma importante forma de
eliminação de toxinas do corpo é o consumo de água. Para reduzir o consumo de sal é preciso diminuir tanto o consumo
de alimentos processados com a alta quantidade de sódio e evitar adicionar sal
aos alimentos já preparados. Produtos enlatados têm até 20 vezes mais sal que o
produto natural (PUJOL, 2011).
DIETA DE BAIXO ÍNDICE GLICÊMICO (IG) E CARGA GLICÊMICA
(CG)
Jenkins
e colaboradores (1981) constataram
que as dietas de alto IG apresentam menor poder de saciedade, resultando em
excessiva ingestão alimentar e favorecendo o aumento do peso corporal, que de
acordo com Francischelli (2003), há
uma relação direta entre gordura corporal total ou regional aumentada com
hidrolipodistrofia. Além disto, Fonseca-Alaniz
et al (2006) observaram que, a dieta de alto IG poderia contribuir para a
isquemia e a redução do fluxo sanguíneo, uma vez que, na hidrolipodistrofia há
um comprometimento circulatório com redução do fluxo sanguíneo. Já dieta de
alta CG promove a hiperinsulinemia, que favorece hipertrofia dos adipócitos,
inibe a lipólise e pode contribuir para elevar os níveis de estrogênio,
importante hormônio desencadeador da hidrolipodistrofia, já que o aumento da
adiposidade influencia a síntese e a viabilidade dos hormônios esteroides sexuais. Dieta de baixo IG é
recomendada, tendo em vista a redução do fluxo sanguíneo, estimulo da
lipogênese e inibe lipólise, retém líquido por reabsorção de sódio e água,
favorece a síntese de estrogênios e o processo inflamatório. (PUJOL, 2011).
EFEITO TÓXICO DA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
A
constipação intestinal é um fator predisponente da hidrolipodistrofia (SCHNEIDER,
2009). Para que se possa controlar o efeito tóxico da constipação intestinal
devemos incluir na alimentação alimentos que possuam fibras alimentares,
prebióticos e probióticos (MALETT et al, 2002; SAAD, 2006).
As fibras insolúveis agem acelerando o trânsito
intestinal (BORTOLOTTI et al, 2008) e aumentando o peso das fezes por trabalho
mecânico de absorção de água em sua matriz (NELSON et al, 1994). As fibras
insolúveis (75% da RDA de fibras totais) estão presentes em farelos de cereais,
grãos integrais entre outros (COZZOLINO & COLLI, 2001). As fibras solúveis desempenham papel
importante no trânsito intestinal, não apenas pela ação mecânica de captação de
água, mas essencialmente por serem matéria-prima de fermentação bacteriana,
aumentando, assim, a microbiota saudável (TAN & SEOW-CHOEN, 2007). Já os
probióticos são organismos vivos que, quando administrados em quantidades
adequadas, conferem benefícios á saúde do hospedeiro (FAO-WHO, 2001). Os
principais microrganismos bacterianos considerados como probióticos são
aqueles dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, além de Escherichia,
Enterococcus e Bacillus. Os prebióticos encontram-se em formulações disponíveis
comercialmente em produtos como leites fermentados e iogurtes, contendo
culturas probióticas (BELLO & WITT, 2011). E por fim, os prebióticos
estimulam seletivamente as bactérias ou colônias de bactérias da microbiota do
cólon intestinal quando chegam ao intestino delgado, proporcionando efeito
benéfico á saúde do indivíduo (FAO-WHO, 2002). A inulina e os FOS são os
principais prebióticos encontrados nos alimentos. A inulina está presente em
quantidade significativa nos vegetais. Os FOS são produzidos a partir da
inulina fermentada por bifidobacterias, a recomendação de FOS é em média 3 a 10
gs-dia (FREITAS & NAVES, 2010).
Juntamente com os termos descritos
acima, a ingestão hídrica adequada é de extrema importância, sendo
indispensável na elaboração do bolo fecal e com propriedade detoxificantes
(SOARES & OLIVEIRA, 2007) e evitando o consumo de cereais refinados ou
polidos, como arroz branco, além de alto consumo de proteínas e gorduras, pois
dificultam a digestão e o peristaltismo intestinal (GARCIA, 2003).
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Texto
elaborado por: Dra.
Juliana Gonçalves
Nutricionista. Mestre e Doutora em Ciências da Saúde pelo Instituto de
Cardiologia, RS.
Especialista em Nutrição Clínica
pela ASBRAN.
Especialização em Fitoterapia pela Universidade de Léon (Espanha).
Especialização em Nutrição Clínica pela Faculdade CBES.
Autora do Manual de Atendimento em Nutrição Estética, 2ª edição, editora
IPGS (2011). Coautora do livro Atendimento Nutricional em Cirurgia
Plástica - Uma Abordagem Multidisciplinar, editora Rúbio (2013).
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente,
para seu conhecimento.
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