O chá é uma bebida amplamente
utilizada, apresentando um consumo mundial per capita de,
aproximadamente, 120mL/dia, perdendo apenas para a água como a bebida mais
consumida no mundo. Dependendo do nível de fermentação ou oxidação, o chá
proveniente das folhas da Camellia sinensis pode ser categorizado em
três tipos: chá verde, o qual não sofre fermentação durante o processamento e
deste modo retém a cor original de suas folhas, sendo amplamente consumido em
países da Ásia; o chá oolong o qual é parcialmente fermentado,
resultando em um chá verde-preto, tendo sua produção e o consumo acentuados na
China; e o chá preto, cujo processo de fermentação é maior do que o do chá oolong,
contribuindo assim para uma coloração escurecida, além de lhe conferir sabor
característico.
O chá verde contém componentes
polifenólicos, que incluem flavonóis, flavonoides e ácidos fenólicos, que
totalizam cerca de 30% do peso seco das folhas. A maioria dos polifenóis do chá
verde se apresentam como flavonóis, e dentre estes, predominam as catequinas.
As principais catequinas do chá verde são: epicatequina (EC), 3-galato de
epicatequina (GEC), epigalocatequina (EGC) e 3-galato de epigalocatequina
(GEGC).
Fonte: Lamarão &
Fialho, 2009.
Uma típica bebida de chá verde,
preparada em uma proporção de 1 grama de folhas para 100mL de água por 3
minutos de fervura, geralmente, contém cerca de 35-45 mg/100mL de catequinas e
6 mg/100mL de cafeína, dentre outros constituintes. Estimou-se que uma xícara
de 240mL de chá verde contém cerca de 200mg de GEGC, o maior constituinte
polifenólico do chá verde.
As catequinas são flavonóides que
auxiliam contra diversos tipos de câncer, pois agem varrendo os radicais livres
que oxidam as células no nosso organismo. Estas substâncias favorecem ainda a
remineralização óssea, sendo ótima para evitar osteoporose; outros benefícios
são atividade antibacteriana (atua contra diversas bactérias), antivirótica
(age contra diversos tipos de vírus), antifibrótica (age contra o endurecimento
das artérias e de outras fibras ligadas a diversos órgãos, auxiliando também
como anti-inflamatório) e neuroprotetora (protege os neurônios contra o
envelhecimento precoce e contra sua perda), além de ser excelente fonte de
antioxidantes no combate ao envelhecimento precoce de maneira geral.
Câncer
O consumo de chá tem-se mostrado
prática protetora contra agentes químicos indutoras de carcinoma (câncer) no
estômago, pulmão, esôfago, duodeno, pâncreas, fígado, mama, cólon. Vários
derivados de epicatequina presentes nos chás verdes têm mostrado atividade em
reduzir e impedir a formação de tumores cancerígenos. O mais ativo deles é a
epicatequina-3-galato (EGCG). Embora os mecanismos dos efeitos
quimiopreventivos do chá não estejam completamente esclarecidos, várias teorias
têm sido propostas. Essas propriedades dos polifenois dos chás exibem efeito
quimiopreventivo contra agentes de iniciação, promoção e progressão no
desenvolvimento dos cânceres.
Parece que as substâncias presentes
no chá verde, principalmente a EGCG, evitam o sangramento de tumores de pele,
impedem o aparecimento de lesões cancerosas no estômago, ajudam no tratamento
do câncer de intestino e desestimulam a proliferação das células cancerígenas
do pulmão.
As catequinas e outros bioflavoides
exibem atividade antioxidante semelhante à das vitaminas C e E, que também
demonstram reduzir o risco de certos tipos de câncer, quando administradas como
suplementos ou constituem naturalmente parte importante da alimentação.
Obesidade
Entre uma variedade de efeitos
benéficos do chá verde, grande atenção tem sido dada à redução da gordura
corporal. Evidências sugerem que o extrato do chá verde contendo 25% de
epigalocatequina (GEGC) possa reduzir o apetite e aumentar o catabolismo de
gorduras. As doses de chá verde que surtem tais efeitos variam largamente, mas
tipicamente ficam em torno de 3 copos por dia, equivalente a, aproximadamente,
240 a 320mg de polifenois.
Alguns autores estudaram o efeito do
chá verde no conteúdo de gordura e de proteína corporal, na ingestão alimentar,
na digestibilidade e na energia despendida em ratos que foram alimentados com
uma dieta hiperlipídica (30% de gordura). Os autores também avaliaram se os
efeitos do chá estavam associados à ativação do β-adrenoreceptor e da
termogênese no tecido adiposo marrom. Um dos grupos experimentais que recebeu
alta concentração de gordura na sua dieta associada ao extrato aquoso de chá
verde (ECV) na concentração de 20g/kg de dieta preveniu o incremento no ganho da
gordura corporal sem afetar a ingestão energética e o peso corporal, quando
comparado com o grupo controle, que recebeu dieta normolipídica. A
administração simultânea de propranolol, um antagonista de β-adrenoreceptor, na
concentração de 500mg/kg de dieta, inibiu o efeito supressor do chá verde em
relação à gordura corporal e ao conteúdo protéico no tecido adiposo marrom. O
autor concluiu que o efeito inibidor promovido pelo chá verde no ganho de
gordura corporal em ratos com dieta contendo alto teor de gordura foi
resultante, em parte, da redução na digestibilidade e do incremento da
termogênese e do conteúdo proteico no tecido adiposo marrom pela ativação do β-adrenoreceptor.
Em estudo semelhante, investigou o
efeito das catequinas do chá verde no metabolismo lipídico, no status
antioxidante e no excesso de massa corporal em ratos durante a administração de
uma dieta hiperenergética por 7 semanas. Um dos grupos experimentais recebeu as
catequinas na quarta semana de experimento e ao final do tratamento esse grupo
apresentou diminuição na concentração de colesterol total, triglicerídeos, LDL
(lipoproteína de baixa densidade) e de gordura visceral.
Estilo de vida saudável, associado a
uma dieta adequada, prática de exercícios físicos, abstinência de bebidas
alcoólicas e do tabaco, podem combater a doença além de contribuírem para a
melhora da qualidade de vida. Além disso, o consumo de certos alimentos funcionais,
que produzem efeitos metabólicos, fisiológicos e benéficos à saúde parece ser
muito útil no controle do peso. Enquanto alguns desses alimentos são capazes de
promover saciedade, caso das fibras, outros possuem ação termogênica e aumentam
a oxidação de gorduras, como é o caso do chá verde.
Doenças
Cardiovasculares
A presença dos antioxidantes
naturais parece conferir o segundo principal benefício do chá verde, que é a
probabilidade de redução do desenvolvimento da doença arterial coronária. A
oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) é uma das causas
importantes no desenvolvimento da doença coronária.
Alguns estudos realizados em
animais, sobre a oxidação lipídica, revelaram que certas catequinas são cerca
de 10 vezes mais eficazes, como antioxidantes, do que a vitamina E. Os
flavoides existentes no chá verde também demonstraram, em experiências
laboratoriais, limitar a peroxidação potencialmente prejudicial das LDL. Também
existem provas de que as catequinas existentes no chá verde poderão reduzir o
aumento da taxa de colesterol e, em particular, do colesterol LDL, quando é
administrada aos animais experimentais dieta rica em gorduras.
Dica:
►
Calcule uma colher rasa do chá verde para cada xícara de água fervendo. Deixe-o
em infusão por 4 a 8 minutos, tempo necessário para os princípios ativos
passarem para a água.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Cardoso, GA. Chá verde: uma planta milenar a
favor da saúde. Disponível em: www.alimentofuncional.webnode.com
Acessado em: 02/06/2014.
Cardoso, GA. Efeito do consumo de chá verde
aliado ou não ao treinamento de força sobre a composição corporal e a taxa
metabólica de repouso em mulheres com sobrepeso ou obesas. [Dissertação de Mestrado]
Universidade de São Paulo – USP, 2011.
Chá verde é aliado na perda de peso e gordura
corporal. Disponível em: www.usp.br Acessado
em: 04/06/2014.
Grenteski, J. Chá verde na prevenção do
câncer. Disponível em: www.nutritotal.com.br
Acessado em: 02/06/2014.
Lamarão, RC; Fialho, E. Aspectos funcionais das catequinas do chá
verde no metabolismo celular e sua relação com a redução da gordura corporal.
Rev Nutr 2009; v.22, n.2: p. 257-269.
Resende, FCP;
Cordeiro, R; Navarro, F. O Papel do chá verde na alteração da composição
corporal de indivíduos obesos sedentários. Rev Bras Nutr Esportiva 2009; v.3,
n. 18: p. 529-536.
Salgado, JM. Faça
do alimento o seu medicamento. 7. ed. São Paulo: Madras, 2004. p.51-53.
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