O futebol é hoje um dos esportes
mais popular em todas as nações, sem exceção. É uma modalidade esportiva que
consiste em exercícios intermitentes de intensidade variável. Aproximadamente
88% de uma partida de futebol envolve atividades aeróbias, e os 12% restantes,
atividades anaeróbias de alta intensidade.
As necessidades energéticas de um
jogo de futebol dependem da posição que o jogador desempenha, da distância
percorrida e do estilo de jogo.
Os jogadores de futebol devem seguir
uma dieta que contenha uma quantidade de calorias adequada e permita tanto a
manutenção do peso corporal, quanto o fornecimento de calorias suficientes,
para atender a demanda de treinos e jogos. Este gasto diário médio está entre
3.150 e 4.300kcal.
A quantidade e a qualidade do
treinamento são fatores que influenciam o gasto energético do jogador. Um
jogador de 75kg gasta, durante o treinamento, 1.360kcal e tem uma captação
máxima de oxigênio de 60 a 67mL/kg de peso/minuto, valor este 10mL/kg de
peso/minuto superior ao valor encontrado em indivíduos sedentários e 10mL/kg de
peso/minuto menor daqueles encontrados nos atletas de resistência.
O consumo apropriado de carboidrato
é fundamental para a otimização dos estoques iniciais de glicogênio muscular, a
manutenção das concentrações da glicose sanguínea durante o exercício e a
adequada reposição das reservas de glicogênio na fase de recuperação. O reparo
e o crescimento muscular e a relativa contribuição no metabolismo energético
são exemplos que confirmam a relevância do adequado consumo proteico para
indivíduos envolvidos em treinamento físico diário. Os lipídios participam de
diversos processos celulares de especial importância para atletas, como o
fornecimento de energia para os músculos em exercício, a síntese de hormônios
esteroides e a modulação da resposta inflamatória.
Carboidratos
Através da dieta, os carboidratos
tornam-se disponíveis para o nosso organismo. Após o processo de digestão são
armazenados em forma de glicogênio muscular e hepático e sua falta leva a
fadiga. O glicogênio muscular e o hepático exercem papel fundamental na
produção de energia durante o exercício intermitente, e a fadiga (incapacidade
de manutenção em uma determinada potência, causando uma redução no desempenho)
está frequentemente associada à depleção de seus estoques, sendo a exaustão
evitada na presença de concentrações adequadas do mesmo.
A ingestão diária de carboidrato é importante pelo
fato de os estoques de carboidrato no organismo serem limitados e, além disso a
sua disponibilidade como substrato energético durante o exercício é fator que
pode limitar o desempenho.
Exercícios intermitentes de alta intensidade podem
reduzir o conteúdo de glicogênio muscular em 72% em menos de 10 minutos.
O
consumo de carboidratos antes do exercício exerce papel fundamental nos
estoques de glicogênio. O aumento da ingestão para aproximadamente 10 g por kg
de massa corporal nos dias que antecedem uma competição promove aumento dos
estoques de glicogênio muscular e está associado com aumento da performance em
eventos com duração > 90 minutos. O aumento da concentração de glicogênio
muscular pré-exercício é uma das explicações para o aumento do desempenho.
A
ingestão de carboidratos durante o exercício, visando aumento da performance,
deve ocorrer preferencialmente em exercícios com duração > 90 minutos e
intensidade > 70% VO2 máx. Uma suplementação com carboidratos
que forneça de 40 a 65 g de carboidratos por hora mantém a concentração
sanguínea de glicose e, positivamente, influencia sobre o desempenho. A
ingestão de glicose, sacarose e maltodextrina durante o exercício apresentam
efeitos positivos sobre o desempenho. As taxas de oxidação de carboidratos
exógenos (como maltose, sacarose e maltodextrina) são comparáveis às da glicose.
A taxa máxima de oxidação desse carboidrato em particular é de cerca de 1,0 a
1,2 g/min. Isto significa que atletas devem ingerir aproximadamente 60 a 70 g
de carboidratos por hora para um ótimo aproveitamento desse nutriente.
O
consumo de carboidratos pós exercício tem sido associada à reposição dos
estoques de glicogênio. Resultados a partir de estudos que tem monitorado o
estoque de glicogênio muscular após 24 horas de recuperação, a partir de uma
sessão de exercícios capaz de depletar os estoques de glicogênio, demonstram
que há uma relação direta e positiva entre a quantidade de carboidrato da dieta
e o estoque de glicogênio pós exercício, ao menos até que a capacidade máxima
de estoque muscular tenha sido alcançada. A mais alta taxa de síntese de glicogênio
muscular tem sido reportada quando grandes quantidades de carboidrato (1,0 a
1,85 g/kg/h) são consumidas imediatamente após o exercício, em intervalos de 15
a 60 minutos, e por até cinco horas pós-exercício. O retardo da ingestão de
carboidrato por diversas horas pós exercício pode acarretar em diminuição de
cerca de 50% na taxa de síntese de glicogênio muscular.
A
ingestão de carboidratos pode ser dividida com base na intensidade do treino e
individualizar por gramas/kg de peso/dia. Aqueles atletas que treinam de cinco
a seis horas por dia numa intensidade moderada a intensa devem consumir de 10 a
12 g de carboidrato/kg/dia; dentro do mesmo intervalo de intensidade, porém com
duração entre uma hora e meia e cinco horas, a ingestão deve ser entre 7 a
10g/kg/dia; e uma a quatro horas de treino leve a moderado exigem 5 a 7
g/kg/dia. Esses valores absolutos acabam totalizando 500 a 600 g de
carboidratos por dia e ocupando 60 a 70% do valor energético total (VCT) da
dieta dos atletas.
Proteínas
As necessidades proteicas de
um atleta são maiores do que as de um indivíduo sedentário por causa do reparo
de lesões induzidas pelo exercício nas fibras musculares, do uso de pequena
quantidade de proteína como fonte de energia durante a atividade e, do ganho de
massa magra.
Sabe-se que a recomendação proteica aumenta em até
100% para pessoas fisicamente ativas e, esta recomendação é influenciada por
fatores como ingestão energética, disponibilidade de carboidrato, intensidade,
duração e tipo de exercício realizado, qualidade da proteína ingerida, sexo e
idade.
A
ingestão de 1,4 a 1,7 g/kg de peso corporal ou 12 a 15% é considerada adequada
para jogadores de futebol. Quantidades maiores geram elevação na oxidação ou
estocagem do esqueleto carbônico dos aminoácidos na forma de gordura, em ambos
os casos aumentando a formação de ureia. A oxidação de aminoácidos aumenta o
risco de desidratação devido a necessidade da diluição dos seus metabólitos
excretados pela urina. Sabe-se que cada grama de ureia excretada leva consigo
cerca de 100 ml de água.
Lipídios
Os lipídeos são considerados
importantes fontes de energia para a realização da atividade física. Durante o
exercício, a gordura é a principal fonte de energia juntamente com o
carboidrato. Para os atletas, a presença da gordura na dieta é importante para
atingir o total energético necessário e poupar o glicogênio muscular.
Os
ácidos graxos provenientes da dieta podem seguir imediatamente três caminhos
após a ingestão: serem diretamente metabolizados para gerarem energia,
armazenados para posterior utilização ou incorporados nas estruturas das
células. Além de apresentarem a maior reserva e o mais eficiente substrato em
termos de fornecimento absoluto de energia, os lipídios juntamente com os
carboidratos estabelecem uma relação conhecida como ciclo glicose-ácidos
graxos, ou seja, uma interação entre os carboidratos e lipídios.
Segunda
a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, 2003, as necessidades lipídicas
de um atleta são semelhantes às de um adulto normal, ou seja, cerca de 1 g de
gordura por kg/peso corporal, o que significa 30% do valor calórico total (VCT)
da dieta. O consumo inferior a 20% do valor calórico total não favorece o
desempenho do atleta. A parcela de ácidos graxos essenciais deve ser de 8 a 10
g/dia sendo, 10% de saturados, 10% de polinsaturados e 10% de monoinsaturados.
Vitaminas e Minerais
A atividade física aumenta a
necessidade no consumo de alguns destes nutrientes, o que pode ser facilmente
atingido através de uma dieta adequada. Portanto, a deficiência de um ou mais
micronutrientes pode prejudicar tanto o desempenho aeróbio quanto o anaeróbio.
Os atletas podem atender às suas necessidades vitamínicas
e de minerais através do consumo de uma dieta adequada. Mudanças na distribuição
dos macronutrientes da dieta podem resultar em um aumento da ingestão de micronutrientes.
A suplementação com vitaminas e minerais é uma
prática bastante comum entre os atletas visando melhorar seus desempenhos,
porém esta suplementação não é maior do que em indivíduos sedentários.
Não há evidências científicas de que a
suplementação tenha efeito ergogênico. No entanto, a suplementação pode ser
útil quando houver necessidade de compensar dietas deficitárias devido ao
estilo de vida, assegurar as demandas de certos nutrientes devido ao
treinamento intenso, corrigir alguma suposta inadequação nutricional, e,
atender às recomendações Geralmente, a utilização de suplementos nutricionais é
usada para compensar uma dieta inadequada e atender às recomendações induzidas
pelo treinamento intenso.
O uso de suplementação indiscriminadamente pode ser
prejudicial e resultar em desequilíbrios nutricionais. A suplementação não
melhora o desempenho em indivíduos com níveis bioquímicos normais de vitaminas
e minerais, e/ou, em indivíduos que consomem dieta adequada.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
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Liberali, R; Navarro, F. Futebol e Macronutrientes. Rev Bras Nutri Esportiva
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Guerra I. Estratégias de nutrição e suplementação no esporte. Barueri,SP:
Manole, 2005. p.366-384.
Guerra, IPLR; Neto, TB;
Tirapegui, J. Necessidade dietéticas de jogadores de futebol: uma revisão. Rev
Soc Bras Alim Nutr 2004; v. 28, p: 79-90.
Guerra,
I; Tirapegui, J. Nutrição no Futebol: Aspectos Nutricionais e Fisiológicos.
Nutrição, Metabolismo e Suplementação na Atividade Física. 1 ed. Editora
Atheneu, 2005; p. 269-277.
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