A obstipação ou constipação
intestinal é um problema de origem funcional comum nas sociedades ocidentais e atinge
principalmente crianças, mulheres e idosos. É uma disfunção decorrente de um
mau funcionamento intestinal relacionado a evacuação insatisfatória, esforço
excessivo para evacuar, evacuação incompleta e fezes endurecidas. Ainda podem
ocorrer períodos prolongados entre uma e outra evacuação, distensão abdominal e
flatulência.
Pode ser classificada por hábito intestinal não frequente
ou menor do que 3 vezes/semana, tempo de trânsito intestinal superior a 4 dias,
o tipo de fezes, que normalmente precisam ser pastosas, não fragmentadas e
umedecidas e peso fecal abaixo de 50g/dia.
As principais causas para o desenvolvimento
da constipação são hábitos alimentares errôneos como dieta sem fibras, uso
excessivo de proteínas e alimentos industrializados e refinados; doenças
metabólicas, endócrinas e neurológicas; condições psicológicas (estresse,
depressão e ansiedade); anormalidades estruturais (fístula anal, hemorroidas,
doenças inflamatórias intestinais, dentre outras), uso de fármacos, inclusive o
uso excessivo de laxantes.
Se a constipação intestinal não for
tratada adequadamente, a longo prazo, pode evoluir e gerar complicações para o
organismo como:
●
Diverticulose:
herniações da parede do cólon do intestino. Este processo pode resultar de uma
dieta com baixo conteúdo de fibras e a incidência pode aumentar com a idade.
●
Hemorróidas:
dilatação dos vasos sanguíneos da região anal, que podem sangrar, causar dor e
prurido (coceira), provocados por fezes ressecadas e esforço ao evacuar.
●
Fístulas
anais: pequenos “cortes” na região anal, provocada por fezes ressecadas
e esforço ao evacuar, gerando dor, ardência e sangramento.
Tratamento
O tratamento da constipação se
constitui na adaptação da dieta, com ingestão de fibras, alimentos funcionais
prebióticos e probióticos, além da ingestão habitual de líquidos e exercícios
físicos.
Uma dieta rica em fibras forma um
bolo fecal volumoso, o que estimula a evacuação. As fibras insolúveis são a
celulose, a lignina e algumas hemiceluloses. Elas são pouco fermentáveis e
aumentam a absorção de água, acelerando o tempo de trânsito intestinal. Estão
presentes no farelo de trigo, grãos integrais e verduras. Já as fibras
solúveis, que são representadas pela pectina, gomas e mucilagens,
retardam o esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal. São altamente
fermentáveis que alteram o metabolismo do cólon e aumentam o bolo fecal,
estimulando a evacuação. Suas principais fontes são frutas, verduras,
leguminosas e o farelo de aveia.
Os alimentos prebióticos são alguns
tipos de fibras alimentares, carboidratos não digeríveis e assim resistentes à
ação de enzimas, e apresentam funções importantes contra a obstipação, como
atuar na manutenção da flora intestinal e contribuir com a consistência normal
das fezes.
Probióticos são bactérias que
produzem efeitos benéficos no hospedeiro. Um dos seus papeis é equilibrar a
flora intestinal. Podem ser componentes de alimentos industrializados como
leites fermentados e iogurtes, ou podem ser encontrados na forma de pó ou
cápsulas. As bactérias mais utilizadas nos alimentos fermentados ou iogurtes
são as Bifidobacterium e Lactobacillus, como exemplo o Lactobacillus acidophillus.
A ingestão de líquidos ajuda no
aumento o trânsito intestinal e na expulsão do bolo fecal, de maneira
facilitada, pois hidrata o bolo fecal e o deixa amolecido. É recomendado pelo
menos 1,5L de água por dia.
A recomendação de fibras diárias é
de 25-30g para adultos saudáveis e mais 5g/dia para crianças. A recomendação
para homens de 50-70 anos e mais de 70 anos é de 30g/dia; para mulheres de
50-70 anos e mais de 70 anos é de 21g/dia.
Dicas:
1. Inclua fibras na sua alimentação
consumindo maior quantidade de verduras, legumes e frutas. Prefira estes
alimentos crus e com casca, se possível.
2. Tome sucos naturais, ou seja, da
própria fruta. Lembre-se que estes sucos não devem ser coados e deve-se evitar
adicionar açúcar refinado, pois estes podem provocar ainda mais o sintoma.
3. Substitua os alimentos refinados
pelos integrais. Assim, prefira o pão integral ao branco, o arroz integral ao
refinado. Pequenas trocam trazem excelentes resultados.
4. Consuma bastante água ao longo do
dia. O ideal é consumir de 10 a 12 copos por dia, pois o consumo de água ajuda
a manter a mucosa intestinal hidratada.
5. Faça de 6 a 7 refeições por dia,
diminuindo a quantidade consumida em cada refeição. Este hábito simples
estimula o intestino e melhora a constipação.
6. Pratique atividade física
regularmente, orientada por profissional educador físico. O fortalecimento dos
músculos, principalmente os da região abdominal, facilita o trabalho
intestinal.
7. Mastigue bem os alimentos. Não
transfira para o intestino o trabalho que deve ser feito pela boca. Se isto
acontecer, o trabalho do intestino não será bem feito, prejudicando a
evacuação.
8. Estabeleça horário para ir ao
banheiro. Fazendo desta maneira, você estará educando seu intestino a funcionar
melhor e no horário certo.
9. Alguns cereais auxiliam muito ao
combate da prisão de ventre. Podemos citar a aveia, o trigo integral, farelo de
trigo, milho, entre outras. Adicionar estes alimentos ao iogurte é uma boa
opção para os que querem melhorar o funcionamento do intestino.
10. Evite alguns alimentos como
chocolates, chás escuros, carne vermelha, queijos, açúcar, pão branco,
refrigerantes, goiaba, jabuticaba, caqui e brócolis.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
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