A obesidade abdominal ou obesidade androide, isto é, o
aumento de tecido adiposo na região abdominal, é considerada um fator de risco
para diversas morbidades, representando risco diferenciado quando comparada a
outras formas de distribuição de gordura corporal, predispondo os indivíduos a
diabetes melito, hipertensão arterial, alterações desfavoráveis no perfil das
lipoproteínas plasmáticas, resistência insulínica, síndrome metabólica e
problemas cardiovasculares. A obesidade abdominal é composta de gordura
subcutânea e gordura visceral.
O tecido adiposo abdominal é composto de tecido adiposo
intra-abdominal (tecido adiposo visceral) e tecido adiposo subcutâneo. Uma das
principais diferenças entre eles é que os adipócitos do tecido adiposo visceral
(TAV) são metabolicamente mais ativos e apresentam maior atividade lipolítica
de que os adipócitos do tecido adiposo subcutâneo (TAS). Porém, o acúmulo de
gordura visceral, está associado com hiperglicemia, hiperinsulinemia,
hipertrigliceridemia e intolerância à glicose.
Há uma variedade de técnicas para a avaliação da
composição corporal, como medidas antropométricas (circunferência da cintura,
razão cintura/quadril, razão cintura-estatura, índice de conicidade, e o
diâmetro sagital) e medidas de imagem (tomografia computadorizada, ressonância
magnética e ultrassonografia).
● Circunferência da Cintura
A circunferência da cintura (CC) é o método mais
comumente usado para avaliar a adiposidade visceral, por sua simplicidade,
facilidade de execução, baixo custo e reprodutibilidade.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a CC
seja aferida com uma fita métrica não-flexível diretamente sobre a pele, na
região mais estreita entre o tórax e o quadril ou, em caso de não haver ponto
mais estreito, no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, sendo a
leitura feita no momento da expiração.
Quadro 1: Riscos de complicações metabólicas associadas à
obesidade em função da circunferência da cintura (cm) por sexo.
RISCO
AUMENTADO
|
RISCO
MUITO AUMENTADO
|
|
HOMENS
|
≥
94cm
|
≥
102cm
|
MULHERES
|
≥
80cm
|
≥
88cm
|
Fonte: Cuppari, 2002.
● Relação
Cintura-Quadril (RCQ)
É uma medida antropométrica que apresenta baixo custo,
praticidade, e sensibilidade para distribuição da gordura corporal, apesar de
não fornecer uma avaliação tão acurada e detalhada, já que é utilizado, na
maioria das vezes, sem prévia validação na população que se pretende avaliar.
Esse indicador é determinado pela divisão dos perímetros
da cintura (cm) e do quadril (cm) e deve ser obtido pela aferição da região do
quadril na área de maior protuberância e da cintura na área mais estreita entre
o tórax e o quadril, fazendo parte dos critérios diagnósticos para síndrome
metabólica propostos pela OMS; entretanto vem perdendo espaço para a CC, que,
por se tratar de uma única medida, estaria menos sujeita à variabilidade na
mensuração e características raciais.
Os pontos de cortes estabelecidos pela OMS, para
discriminar valores adequados da RCQ são inferiores a 0,85 e 1,0, para sexos
feminino e masculino, respectivamente.
● Relação Cintura-Estatura (RCE)
A RCE, determinada pela divisão da circunferência da
cintura (cm) pela estatura (cm), apresenta-se como um bom marcador para
monitorar excesso de peso em jovens, por considerar o crescimento tanto da
cintura quanto da estatura. Nesta faixa etária, indicadores antropométricos que
utilizem a medida da circunferência do quadril podem ser inapropriados, pois a
largura pélvica modifica-se rapidamente durante o estirão do crescimento, e
esses índices poderiam estar refletindo mais essa variação do que,
propriamente, o acúmulo de gordura.
Os pontos de corte sugeridos para discriminação da obesidade
abdominal e risco cardiovascular são ≥ 0,5 para homens e mulheres.
As informações
contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Castro, RCB. Diferença metabólica entre o tecido adiposo abdominal
subcutâneo e visceral. Disponível em: WWW.nutritotal.com.br Acessado em: 25/06/2014.
Cuppari, L. Nutrição Clínica
no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar –Unifesp. 1 ed. Barueri,
SP: Manole, 2002: p. 71-109.
Petribú, MMV. et al. Métodos
de avaliação de gordura abdominal. Rev Bras Nutr Clin 2012; v.27, n.4:
p.250-256.
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