quinta-feira, 10 de julho de 2014

Ostomias

A ostomia (estoma) é uma exteriorização de parte do intestino para saída das fezes, que são coletadas através de bolsa acessória. Pode ser transitória ou definitiva, dependendo do caso. São descritos dois tipos de ostomias para eliminação intestinal: a ileostomia (intestino delgado), que consiste na união da porção do íleo à parede abdominal; e a colostomia (intestino grosso), que designa a união de uma porção do colo à parede abdominal, ambas com a finalidade de permitir a eliminação de fezes e gases.

Estima-se que no Brasil existam entre 80.000 a 100.000 pessoas com ostomia intestinal e urinária. Estudos mostram taxas de complicações relacionadas aos estomas que variam de 21 a 60%.

As principais complicações relacionadas aos estomas incluem: adaptação inadequada da placa de ostomia devido à má localização do estoma na parede abdominal, dermatite periostomal, necrose isquêmica, retração, prolapso, estenose, fístula periostomal, hérnia periostomal e abscesso periostomal. Como manifestações sistêmicas podem ocorrer distúrbios hidreletrolíticos em estomas de alto débito e anemia, nos casos de sangramento de varizes localizadas no estoma.

Algumas destas complicações, tanto precoces como tardias, podem influenciar de forma direta ou indireta o estado nutricional dos pacientes. 

As ileostomias envolvem maior risco de má absorção e de distúrbios hidroeletrolíticos, já que não se contará com a absorção do cólon. No pós-operatório, a dieta por via oral deve ser iniciada com líquidos, evoluindo a consistência conforme a condição clínica do paciente. Devido à ressecção intestinal, é recomendado que leite e derivados sejam excluídos nos primeiros 3 dias de alimentação por via oral, e depois sejam introduzidos aos poucos, respeitando-se a tolerância do paciente. Com relação às fibras, deve-se iniciar com uma oferta de fibras solúveis, e, observando o débito da ostomia, introduzir, aos poucos, as fibras insolúveis (que aceleram o trânsito intestinal e por isso tendem a aumentar o débito da ostomia).

Tipos de Bolsas

Há diversos tipos de bolsas para atender melhor às diferentes necessidades e tamanhos de ostomas. Podem ser, basicamente, de dois tipos, de acordo com a finalidade: as intestinais (que coletam fezes), e as urinárias (que armazenam urina).

Elas podem ser:

Abertas (drenáveis): podem ser esvaziadas quando necessário.

Fechadas (não drenáveis): são descartadas após o uso.

Uma peça: em uma só peça são dispostas a bolsa coletora e a barreira protetora de pele (placa).

Duas peças: barreira protetora da pele e bolsa separadas.

Quando esvaziar a bolsa?

Dispositivos para ileostomias e urostomias deverão ser esvaziados quando estiverem com pelo menos 1/3 de seu espaço preenchido. É necessário esvaziar constantemente para que ele não pese muito e descole da pele.

● Dispositivos para colostomias podem ser esvaziados sempre que necessário, geralmente uma ou duas vezes por dia.

Alimentação

       A alimentação é muito importante para o paciente ostomizado. Uma alimentação adequada evita a produção exagerada de gases, prevenindo o deslocamento da bolsa e evitando o desconforto. Contribui, ainda, para que as fezes não fiquem líquidas demais e não tenham odor desagradável.

            Levar em conta a posição da ostomia e, em casos de ileostomia, controlar o volume de perdas e atentar para adequada reposição oral, e, se necessário, por via endovenosa. Espera-se que haja um processo de adaptação intestinal e que com o tempo o balanço hídrico seja conseguido com maior facilidade.

            Alguns alimentos produzem gases demais, como os ovos, feijão, bebidas gasosas etc. Outros amolecem demais as fezes, como as verduras e frutas cruas, lentilha, ervilhas, bagaços de laranja etc. Há também alimentos que provocam prisão de ventre, como batata, inhame, maçã cozida, banana prata, arroz branco etc.

Atenção aos alimentos que produzem cheiros fortes, como a cebola, alho cru, ovos cozidos, repolho, frutos do mar etc. Outros, ao contrário, neutralizam odores fortes, como cenoura, chuchu, espinafre, maisena, entre outros.

A utilização de probióticos pode ser interessante para auxiliar no restabelecimento da flora intestinal. Assim, pode ser indicada a utilização de leites fermentados uma vez ao dia no pós-operatório.

Leite e derivados podem ser utilizados com moderação, sempre considerando a tolerância individual do paciente com relação à formação de gases. Em alguns casos, o iogurte é mais bem tolerado que o leite.

O paciente deve fazer as refeições em local tranquilo, comer devagar e mastigar bem os alimentos, procurando não falar enquanto estiver mastigando para evitar aerofagia.

Cuidados com o estoma e a pele ao redor do estoma:

- Observar sempre a cor (deve ser vermelho vivo), o brilho, a umidade, a presença de muco, o tamanho e a forma;

- A limpeza do estoma deve ser feita delicadamente. Não é necessário nem aconselhável esfregá-lo;

- A limpeza da pele ao redor do estoma deve ser feita com água e sabonete neutro, sem esfregar com força, nem usar esponjas ásperas;

- Os pelos ao redor do estoma devem ser aparados bem curtos, com tesoura. Exponha a pele ao redor do estoma (sempre que possível) ao sol da manhã, de 15 a 20 minutos por dia. Tenha cuidado de sempre proteger o estoma com gaze umedecida;

- Não utilize substâncias agressivas à pele, como álcool, benzina, colônias, tintura de benjoim, mercúrio, Merthiolate, pomadas e cremes. Estes produtos podem ressecar a pele, ferindo-a e causando reações alérgicas.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Caruso, L; Simony, RF; Silva, ALND. Dietas Hospitalares: uma abordagem na prática clínica. 1 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004, p.31.

Egito, ETBN; Medeiros, AQ; Moraes, MMC; Barbosa, JM. Estado nutricional de pacientes ostomizados. Rev Paul Pediatr 2013; v. 31, n.1: p. 58-64.


Orientações sobre Ostomias. Disponível em: http://www.inca.gov.br/publicacoes/ostomias.pdf Acessado em: 30/06/2014.

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