De acordo com as estimativas da
Organização das Nações Unidas (ONU), os adolescentes representam cerca de 25%
da população mundial. No Brasil, segundo o censo demográfico do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), esse grupo corresponde a
18% da população do país.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde, a adolescência é o período da vida que se inicia aos 10 anos de idade e
se prolonga até os 20 anos (inclusive). Esse período é marcado por intensas
mudanças corporais e fisiológicas caracterizada pelo crescimento ósseo, aumento
de massa magra, desenvolvimento e amadurecimento dos órgãos sexuais e de órgãos
internos.
Os jovens são vulneráveis do ponto de vista nutricional,
pois tendem a omitir refeições, em particular o café da manhã, em paralelo ao
consumo elevado de alimentos com alta densidade energética e de baixo valor
nutricional, agregado a calorias provenientes de açúcar e gordura saturada e ao
baixo consumo de frutas, verduras e leite e derivados.
Hábitos alimentares não saudáveis no período da
adolescência podem ter efeitos deletérios imediatos sobre as características
físicas e psicossociais dos indivíduos. Muitas doenças que ocorrem na idade
adulta, tais como obesidade e diabetes, tiveram sua origem na adolescência,
podendo ser em decorrência de um padrão alimentar inadequado associado ou não
ao sedentarismo e a outros fatores de risco como consumo de bebidas alcoólicas
e hábito de fumar.
Alguns estudos demonstraram esse padrão alimentar na
adolescência, caracterizado pela ingestão excessiva de açúcares, sódio, gordura
saturadas, que muitas vezes representam de 35% a 55% da oferta energética
diária. Há simultaneamente carência de consumo de frutas, grãos, fibras e
produtos lácteos.
Para uma adequada intervenção, diante dos problemas
nutricionais na adolescência, a atitude há de ser de flexibilidade, uma vez que
os hábitos alimentares fazem parte da evolução sociocultural dos países
ocidentais. Sua origem possui uma série de fatores difíceis de modificar e que
se fazem atrativos para os jovens, pois os alimentos mais consumidos (fast-food
e junk-food) têm boa apresentação, bom paladar, baixo custo e podem ser
consumidos em qualquer lugar. No entanto, deve-se limitar seu consumo e compensar
os possíveis desequilíbrios de distintos nutrientes com uma alimentação
adequada. Outra medida útil seria recomendar que, dentro dos menus de
fast-food, sejam a opção aqueles mais equilibrados e de menor tamanho,
restringindo-se o uso de molhos e alternando-se esse tipo de alimento com
saladas e frutas.
Orientações:
1)
Dar preferência a uma dieta variada, que
inclua todos os grupos alimentares, evitando-se o consumo de balas e outras guloseimas;
2)
Se
alimente 5 ou 6 vezes ao dia. Coma no café da manhã, almoço e jantar e faça
lanches saudáveis nos intervalos;
3)
O consumo de frutas, verduras e legumes deve
ser diário e variado (> 5 porções/dia); a quantidade de sucos naturais,
quando oferecidos, não deve ultrapassar o máximo de 240ml/dia;
4)
A ingestão de sal deve ser controlada (<
5g/dia) para prevenção de hipertensão arterial;
5)
O consumo de cálcio deve ser apropriado
(cerca de 1.300mg/dia) para permitir a formação adequada da massa óssea e a
prevenção da osteoporose na vida adulta. Esta quantidade, 1.300mg, corresponde
de 3-5 porções de derivados lácteos, sendo 1 porção de leite ou iogurte igual a
240ml e 1 porção de queijo igual a 2 fatias, ou 40g;
6)
Incentivar o consumo de alimentos ricos em
ferro (carnes vermelhas, fígado, miúdos, leguminosas, vegetais folhosos
verde-escuros. A absorção do ferro dos alimentos de origem vegetal é aumentada
quando ingeridos junto à uma fonte de vitamina C, como morango, limão, laranja,
entre outros). A deficiência de ferro pode causar anemia, prejudica o
desenvolvimento cerebral e aumenta a mortalidade de mulheres e crianças;
7)
Incentivar o consumo de alimentos ricos em
zinco (carnes vermelhas e brancas, fígado, frutos do mar, ovos, cereais
integrais, lentilha). O zinco é importante para o crescimento e reparo dos
tecidos coagulação sanguínea, cicatrização de feridas, desenvolvimento
ponderal, à maturação sexual e etc;
8)
Priorizar o consumo de carboidratos complexos
(são digeridos e absorvidos lentamente, ocasionando
aumento pequeno e gradual da glicemia. Exemplos de alimentos fontes de
carboidratos deste grupo: arroz, pão, batata, massa e fibras);
9)
Avaliar a presença de fatores de risco de
distúrbios nutricionais: fumo, poucas horas de sono, ingestão de álcool e
energéticos;
10) Reduzir
o consumo de refrigerantes e sucos artificiais;
11) Estimular a prática de atividade física.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Previdelle, AN. Padrões da
dieta de adolescentes do município de São Paulo e fatores associados: estudo de
base populacional. [Tese de Doutorado] Universidade de São Paulo – USP, 2013.
Weffort, VRS; Fisberg, M; Pires, MMS et. al. Alimentação
do Adolescente. Manual de orientação do departamento de nutrologia: alimentação
do lactente ao adolescente, alimentação na escola, alimentação saudável e
vínculo mãe-filho, alimentação saudável e prevenção de doenças, segurança
alimentar. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012.
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