quinta-feira, 31 de julho de 2014

Alimentação dos Adolescentes

De acordo com as estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), os adolescentes representam cerca de 25% da população mundial. No Brasil, segundo o censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), esse grupo corresponde a 18% da população do país.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a adolescência é o período da vida que se inicia aos 10 anos de idade e se prolonga até os 20 anos (inclusive). Esse período é marcado por intensas mudanças corporais e fisiológicas caracterizada pelo crescimento ósseo, aumento de massa magra, desenvolvimento e amadurecimento dos órgãos sexuais e de órgãos internos.

            Os jovens são vulneráveis do ponto de vista nutricional, pois tendem a omitir refeições, em particular o café da manhã, em paralelo ao consumo elevado de alimentos com alta densidade energética e de baixo valor nutricional, agregado a calorias provenientes de açúcar e gordura saturada e ao baixo consumo de frutas, verduras e leite e derivados.

       Hábitos alimentares não saudáveis no período da adolescência podem ter efeitos deletérios imediatos sobre as características físicas e psicossociais dos indivíduos. Muitas doenças que ocorrem na idade adulta, tais como obesidade e diabetes, tiveram sua origem na adolescência, podendo ser em decorrência de um padrão alimentar inadequado associado ou não ao sedentarismo e a outros fatores de risco como consumo de bebidas alcoólicas e hábito de fumar.

            Alguns estudos demonstraram esse padrão alimentar na adolescência, caracterizado pela ingestão excessiva de açúcares, sódio, gordura saturadas, que muitas vezes representam de 35% a 55% da oferta energética diária. Há simultaneamente carência de consumo de frutas, grãos, fibras e produtos lácteos.

            Para uma adequada intervenção, diante dos problemas nutricionais na adolescência, a atitude há de ser de flexibilidade, uma vez que os hábitos alimentares fazem parte da evolução sociocultural dos países ocidentais. Sua origem possui uma série de fatores difíceis de modificar e que se fazem atrativos para os jovens, pois os alimentos mais consumidos (fast-food e junk-food) têm boa apresentação, bom paladar, baixo custo e podem ser consumidos em qualquer lugar. No entanto, deve-se limitar seu consumo e compensar os possíveis desequilíbrios de distintos nutrientes com uma alimentação adequada. Outra medida útil seria recomendar que, dentro dos menus de fast-food, sejam a opção aqueles mais equilibrados e de menor tamanho, restringindo-se o uso de molhos e alternando-se esse tipo de alimento com saladas e frutas.

            Orientações:


1)    Dar preferência a uma dieta variada, que inclua todos os grupos alimentares, evitando-se o consumo de balas e outras guloseimas;

2)     Se alimente 5 ou 6 vezes ao dia. Coma no café da manhã, almoço e jantar e faça lanches saudáveis nos intervalos;

3)    O consumo de frutas, verduras e legumes deve ser diário e variado (> 5 porções/dia); a quantidade de sucos naturais, quando oferecidos, não deve ultrapassar o máximo de 240ml/dia; 

4)    A ingestão de sal deve ser controlada (< 5g/dia) para prevenção de hipertensão arterial;

5)    O consumo de cálcio deve ser apropriado (cerca de 1.300mg/dia) para permitir a formação adequada da massa óssea e a prevenção da osteoporose na vida adulta. Esta quantidade, 1.300mg, corresponde de 3-5 porções de derivados lácteos, sendo 1 porção de leite ou iogurte igual a 240ml e 1 porção de queijo igual a 2 fatias, ou 40g;

6)    Incentivar o consumo de alimentos ricos em ferro (carnes vermelhas, fígado, miúdos, leguminosas, vegetais folhosos verde-escuros. A absorção do ferro dos alimentos de origem vegetal é aumentada quando ingeridos junto à uma fonte de vitamina C, como morango, limão, laranja, entre outros). A deficiência de ferro pode causar anemia, prejudica o desenvolvimento cerebral e aumenta a mortalidade de mulheres e crianças;

7)    Incentivar o consumo de alimentos ricos em zinco (carnes vermelhas e brancas, fígado, frutos do mar, ovos, cereais integrais, lentilha). O zinco é importante para o crescimento e reparo dos tecidos coagulação sanguínea, cicatrização de feridas, desenvolvimento ponderal, à maturação sexual e etc;
 
8)    Priorizar o consumo de carboidratos complexos (são digeridos e absorvidos lentamente, ocasionando aumento pequeno e gradual da glicemia. Exemplos de alimentos fontes de carboidratos deste grupo: arroz, pão, batata, massa e fibras);

9)    Avaliar a presença de fatores de risco de distúrbios nutricionais: fumo, poucas horas de sono, ingestão de álcool e energéticos;

10)    Reduzir o consumo de refrigerantes e sucos artificiais;

11)  Estimular a prática de atividade física.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:
Previdelle, AN. Padrões da dieta de adolescentes do município de São Paulo e fatores associados: estudo de base populacional. [Tese de Doutorado] Universidade de São Paulo – USP, 2013.
Weffort, VRS; Fisberg, M; Pires, MMS et. al. Alimentação do Adolescente. Manual de orientação do departamento de nutrologia: alimentação do lactente ao adolescente, alimentação na escola, alimentação saudável e vínculo mãe-filho, alimentação saudável e prevenção de doenças, segurança alimentar. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012. 

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