A Food Protein Induce Enterocolitis
Syndrome (FPIES), Síndrome
da Enterocolite Induzida Por Proteína Alimentar (FPIES) é uma
hipersensibilidade gastrointestinal a alimentos, não mediada por IgE,
provavelmente mediada por células, que se manifesta através de vômitos
abundantes e repetitivos, às vezes com diarreia, levando a desidratação aguda e
letargia. Na forma crônica, FPIES pode causar anemia, hipoalbuminemia e
dificuldades no crescimento e desenvolvimento. [1]
Um estudo de Israel avaliou um grupo
de 13.019 bebês de até 12 meses de idade, 0,34 % foram diagnosticados com FPIES
para leite de vaca nos testes de provocação oral, em comparação, 0,5 % dos
bebês foram diagnosticados com alergia mediada por IgE ao leite de vaca. [2]
Embora seja impossível estender os
resultados de Israel para outras populações, este estudo sugere que FPIES pode
ser uma doença mais comum do que se imagina.
Nos estudos americanos são mais
frequente os Relatos de Casos de FPIES para o Leite de Vaca ou a Soja. Vários
estudos demonstram que até 50 % dos pacientes reagem aos dois alimentos.
Os sintomas da FPIES normalmente
começam nos primeiros meses de vida (até 1 ano de idade), normalmente de 1
(uma) a 4 (quatro) semanas após a introdução do leite de vaca ou proteína da
soja. [3]
A introdução tardia do leite de vaca
ou soja nas crianças exclusivamente amamentadas pode resultar em inicio tardio
dos sintomas. Isto quer dizer que as mães que amamentam devem prestar bastante
atenção em todos os primeiros sinais de alteração gastrointestinal de seu bebe
e, se possível, fazerem um registro alimentar para poderem discutir com o
gastropediatra em momento oportuno.
Ainda com base em dados americanos,
arroz, aveia, cevada, frango, peru, clara de ovo, ervilhas, amendoim, peixe e
moluscos são reportados como alimentos desencadeadores de reações FPIES. [4] [6] Estes “gatilhos” alimentares também
são alimentos cuja fração proteica é bastante alergênica.
O
Início da FPIES depois de 1 ano de idade é raro, porém, FPIES a peixe e
mariscos têm sido relatados em crianças mais velhas e adultos. [6]
O arroz é o alimento sólido que mais
induz a FPIES. [5]
[7]. Os pacientes com
histórico de FPIES a um tipo de grão têm 50 % de chance de desenvolver FPIES a
outros tipos de grão.
Contudo, FPIES a trigo não foi
reportada em crianças com FPIES a aveia ou arroz, provavelmente porque a
introdução do trigo significativamente mais tarde nestes casos evita a “janela
de suscetibilidade imunológica”. [3] [4,7]. Note-se bem que não é uma intolerância ao glúten ou
Doença Celíaca e, portanto não deve-se confundir o tratamento alimentar das
três patologias.
Entre as crianças com FPIES a
alimentos sólidos, 80% reagiram a mais de um alimento, 65% foram diagnosticados
previamente com FPIES a leite e/ou soja e 35% foram amamentados.
O diagnóstico tardio da FPIES a
alimentos sólidos pode ser devido ao fato que os grãos como arroz, aveia e
vegetais tem baixo potencial alergênico e normalmente não são suspeitos de
desencadearem reações alérgicas [8].
A FPIES pode ser
crônica ou aguda.
Na forma crônica o alimento é
oferecido constantemente e a criança apresenta pequenos vômitos ou diarreias
com sangue.
Quando
se suspende por um período o alimento, na provocação oral se observa o FPIES de
forma aguda.
Em geral, aproximadamente 75% das
crianças com FPIES aparecem na forma aguda, 15% desenvolvem hipotensão e
requerem hospitalização. [9]
Crianças com sintomas crônicos
normalmente melhoram em 3 a 10 dias substituindo a fórmula por uma à base de
caseína hidrolisada, com ou sem hidratação venosa.
Por volta de 10 a 20% das crianças
podem requerer formulas à base de aminoácidos livres.
A FPIES é considerada a mais grave das
hipersensibilidades alimentares gastrointestinais não mediadas por IgE. [10] FPIES precisa ser diferenciada das
proctocolites induzidas por alimentos, enteropatia induzida por alimentos e
esofagite eosinofilica/gastroenterocolite. Êmese aguda, diarreia e desidratação
podem imitar anafilaxia gastrointestinal, doença viral, sepsis ou intoxicação
gastrointestinal. Devem ser descartados, refluxo gastresofágico grave,
obstrução intestinal e distúrbios metabólicos.
O teste de provocação oral deve ser
conduzido em ambiente controlado onde acesso intravenoso pode ser garantido e a
rápida reposição de perda volêmica pode ser feita, se necessário. Isto deixa
claro que nenhum teste de provocação oral deve ser realizado em ambiente não
hospitalar.
Durante um teste de provocação oral, o
alimento é servido em 3 porções iguais durante 45 a 60 minutos, seguido de um
período de observação de 4 horas.
A conduta consiste em evitar o
alimento causador. Por volta de um terço das crianças com FPIES a leite ou soja
desenvolvem FPIES a alimentos sólidos, mais comumente ao arroz e outros grãos.
Portanto, a introdução de frutas
amarelas e vegetais é recomendada aos 6 meses de idade. [3, 7]
Introdução de leite de vaca e soja
nessas crianças pode ser tentada após 1 ano de idade se não houver reações
anteriores a estes alimentos. A tolerância a um alimento de cada grupo de alto
risco, por exemplo, soja para legumes, frango para aves ou aveia para grãos,
aumenta a probabilidade de tolerância a outros alimentos do mesmo grupo. [7]
Testes de provocação oral podem ser
usados para estabelecer o diagnóstico ou para avaliar a tolerância da FPIES.
Uma conduta conservadora recomenda testes a cada 18 a 24 meses em pacientes sem
reações recentes. [7]
O objetivo de se estudar e multiplicar
as informações a respeito da FPIES é de se atingir cada vez mais profissionais
de saúde cuja capacitação garantirá a segurança e saúde destes bebês.
Texto elaborado por: Vanderlí Fátima Marchiori
Assessora
Técnica da Faculdade de Medicina de São Jose do Rio Preto.
Vice
Presidente da APFIT – Associação Paulista de Fitoterapia
Assessora
Técnica da ABICAB (Associação Brasileira das Indústrias de Cacau,
Amendoim e Balas), ABITRIGO (Associação Brasileira das Indústrias do
Trigo) e ABIMA (Associação Brasileira de Massas).
Secretária
Geral da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva.
Sócia
Fundadora da Sociedade Brasileira de Nutrição Esportiva
Colaboradora
Técnica da Associação Paulista de Nutrição,
Fitoterapeuta
pelo Medicina Natural Alternativa no Manchester Institute of Medicine.
Especialista
em Nutrição Clinica Funcional - CVPE
Especialista em Psicologia Transpessoal
pela Associação Luso Brasileira de Transpessoal – 2010.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
1. Boyce, J., et al., Guidelines for the Diagnosis and Management of
Food Allergy in the United States: Summary of the NIAIDSponsored Expert Panel
Report. J Allergy Clin Immunol, 2010. 126(6 Suppl): p. S1-S58.
2. Katz, Y., et al., The prevalence and natural course of food
protein-induced enterocolitis syndrome to cow's milk: a large-scale,
prospective population-based study. J Allergy Clin Immunol, 2011. 127(3):
p. 647-653.
3. Nowak-Wegrzyn, A., et al., Food protein-induced enterocolitis
syndrome caused by solid food proteins. Pediatrics, 2003. 111(4 Pt
1): p. 829-835.
4. Nowak-Wegrzyn, A. and A. Muraro, Food protein-induced enterocolitis
syndrome. Curr.Opin.Allergy Clin Immunol, 2009. 9(4): p. 371-377.
5. Mehr, S., et al., Food protein-induced enterocolitis syndrome:
16-year experience. Pediatrics, 2009. 123(3): p. e459-e464.
6. Sampson, H.A. and J.A. Anderson, Summary and recommendations:
Classification of gastrointestinal manifestations due to immunologic reactions
to foods in infants and young children. J Pediatr Gastroenterol Nutr, 2000.
30: p. S87-S94.
7. Sicherer, S.H., Food protein-induced enterocolitis syndrome: Case
presentations and management lessons. J Allergy Clin Immunol, 2005. 115(1):
p. 149-156.
8. Nowak-Wegrzyn, A., Future approaches to food allergy. Pediatrics,
2003. 111(6 Pt 3): p. 1672-1680.
9. Caubet, J.C. and A. Nowak-Wegrzyn, Current understanding of the
immune mechanisms of food protein-induced enterocolitis syndrome. Expert.Rev.Clin
Immunol, 2011. 7(3): p. 317-327.
10. Leonard, S.A. and A. Nowak-Wegrzyn, Food protein-induced
enterocolitis syndrome: an update on natural history and review of management. Ann.Allergy
Asthma Immunol, 2011. 107(2): p. 95-101.
11. Nowak-Wegrzyn, A., et al., Work Group report: oral food challenge
testing. J Allergy Clin Immunol, 2009. 123(6 Suppl): p. S365-S383.
12. Sicherer, S.H., P.A. Eigenmann, and H.A. Sampson, Clinical features
of food-proteininduced entercolitis syndrome. J Pediatr, 1998. 133(2):
p. 214-219.
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