O fósforo é um
mineral fundamental ao organismo humano, está amplamente distribuído nos
alimentos e possui boa eficiência na absorção. No organismo, a maior parte do fósforo que não se
encontra mineralizado nos tecidos está na forma de fosfato inorgânico, a forma
livre, ou orgânico, a forma covalentemente ligada a açúcares, proteínas e
outros componentes celulares.
Cerca de 85% do fósforo
encontra-se nos ossos e nos dentes, sob a forma de fosfato de cálcio,
conferindo resistência a esses tecidos; o restante distribui-se por todas as
células e pelos fluidos extracelulares no organismo na forma de fosfato,
desempenhando diversas funções, principalmente participando do metabolismo
energético como parte das adenosinas tri, di e monofosfato (ATP, ADP e AMP). A
ATP é normalmente o grupo fosfato mais associado à geração de calor e à síntese
de ligações entre substâncias e compostos.
Além das funções referidas, o
fósforo participa dos processos de crescimento, manutenção e reparo dos tecidos
orgânicos; tem função nos transportadores celulares e participa do metabolismo
dos carboidratos por meio de enzimas e da ativação da tiamina (Vitamina B1). Também é componente das lipoproteínas e dos
fosfolipídios, sendo as primeiras responsáveis pelo transporte dos ácidos
graxos no organismo e um dos componentes de todas as membranas celulares do
corpo humano. Estabelece as ligações entre os nucleotídeos do DNA e RNA por
meio dos grupamentos de fosfato, e age como bloqueador para manter o pH dos
sistemas biológicos.
Metabolismo
Em adultos,
aproximadamente 55% a 70% do fósforo total ingerido pela dieta é absorvido. O fósforo alimentar é uma mistura
das formas orgânicas e inorgânicas do mineral, sendo que a absorção ocorre mais
na forma inorgânica, após as fosfatases intestinais hidrolisarem o fósforo
orgânico.
A absorção depende
significativamente do pH intestinal, sendo que o meio ácido da porção mais
proximal do duodeno é importante para a manutenção da solubilidade do fósforo,
aumentando sua biodisponibilidade. A combinação com cálcio e sódio no
intestino, podendo formar fosfatos de sódio, dicálcico ou tricálcico, a
combinação com ácido fítico e a ingestão de alumínio a partir de antiácidos
diminuem a biodisponibilidade do fósforo. Uma dieta rica em cálcio ou alumínio
pode agravar essa situação, no entanto, níveis normais de cálcio não interferem
com o processo absortivo. A absorção tanto de cálcio quanto de fósforo chega a
ser ótima quando a relação Ca/P é próxima de 1.
Diferentemente do cálcio, a baixa ingestão de
fósforo parece não gerar um mecanismo de adaptação que estimule sua absorção. O
fósforo é absorvido em todo o intestino delgado, por transporte ativo no
duodeno, num sistema de cotransporte com o íon sódio. A vitamina D aumenta seu
transporte dependente de sódio. Já no
jejuno e no íleo, a absorção ocorre por difusão passiva.
No plasma, o fósforo é transportado unido o cálcio,
magnésio, sódio e proteínas. Da mesma forma que o cálcio, porém de forma menos
precisa, o fósforo também possui um sistema de regulação de sua concentração no
plasma, uma vez que uma situação de hipofosfatemia ocasiona transferência de
fosfato do osso para o sangue a fim de normalizar sua concentração plasmática,
sendo que o osso atua como um reservatório desse mineral.
A excreção ocorre por via renal, onde as perdas
aumentam em virtude de aumento da concentração sanguínea mineral, sendo este o
mecanismo primário de sua homeostase no corpo humano.
Avaliação do Estado Nutricional
do Fósforo
Em adultos, a concentração total
de fósforo no sangue é de 35 a 45mg/dL, sendo a maior parte em fosfolipídios de
células vermelhas e em lipoproteínas do plasma. Um total de 10% está na forma
de fosfato inorgânico, a forma mais rapidamente utilizada pelo organismo, e
seus níveis plasmáticos normais variam de 2,5 a 4,5 mg/dL em adultos; 3,5 a 6,8
mg/dL em crianças e 4,2 a 9,0 mg/dL em lactentes.
Ingestão e Fontes Alimentares
Alimentos proteicos são as
principais fontes de fósforo, inclusive as leguminosas e oleaginosas. No
entanto, as fontes vegetais contêm uma parte do fósforo na forma de ácido
fítico, que não é disponível para absorção do organismo. Em alguns alimentos,
por colonização bacteriana, há a presença da enzima fitase, que hidrolisa o
ácido fítico e disponibiliza parte do fósforo para absorção. Isso também ocorre
pelos processos de fermentação, aumentando em até 50% a disponibilidade do
fósforo vindo do ácido fítico.
As
principais fontes alimentares de fósforo são os alimentos proteicos (carnes,
leite, leguminosas e oleaginosas), mas os cereais, legumes, verduras e frutas
também são boas fontes do mineral, comprovando sua ampla distribuição nos
diversos grupos de alimentos.
Os aditivos de polifosfatos, utilizados no processamento
industrial, podem aumentar a quantidade de fósforo de alguns alimentos
industrializados, como nas bebidas carbonatadas.
Recomendações de Ingestão de Fósforo
Quadro 1. Ingestão
dietética recomendada (RDA) para o fósforo.
Idade
|
Homens (mg/dia)
|
Mulheres (mg/dia)
|
Crianças e Adolescentes
|
|
|
1-3
anos
|
460
|
460
|
4-8
anos
|
500
|
500
|
9-13
anos
|
1.250
|
1.250
|
14-18
anos
|
1.250
|
1.250
|
Adultos
|
|
|
19-30
anos
|
700
|
700
|
31-50
anos
|
700
|
700
|
51-70
anos
|
700
|
700
|
˃ 70
anos
|
700
|
700
|
Gravidez
|
|
|
≤ 18
anos
|
|
1.250
|
19-30
anos
|
|
700
|
31-50
anos
|
|
700
|
Lactação
|
|
|
≤ 18
anos
|
|
1.250
|
19-30
anos
|
|
700
|
31-50
anos
|
|
700
|
Fonte:
Cozzolino, 2005.
Deficiência de Fósforo
Nas dietas vegetarianas estritas, a maior parte do
fósforo está na forma de fitatos, pouco digeridos em humanos devido à ausência
da enzima fitase. Alguns alimentos, as bactérias intestinais e o levedo
utilizado na fabricação de pães possuem essa enzima para hidrolisar o fósforo
do fitato, sendo que esses alimentos e bactérias contribuem para tornar
disponível certa quantidade de fósforo para absorção no trato gastrointestinal.
Toxicidade
O excesso de ingestão de fósforo é
expresso como hiperfosfatemia e essencialmente todos os efeitos adversos do
fósforo se dão por causa do elevado teor desse mineral no fluido extracelular.
Os principais efeitos atribuídos à hiperfosfatemia são: ajustes no controle do
sistema hormonal regulando a economia de cálcio; calcificação, em particular do
rim; aumento da porosidade dos ossos; e possivelmente redução na absorção de
cálcio. Atualmente, maior atenção tem sido dispensada em relação à alta
ingestão de fósforo por meio de bebidas carbonatadas e de aditivos de fosfato adicionados
a diversos alimentos.
As informações contidas neste blog, não devem ser
substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde,
como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim,
utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Cozzolino,
SMF; Bortolli, MC; Cominetti, C. Grupo dos feijões e oleaginosas. In: Philippi,
ST. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. 1. ed. Barueri,
SP: Manole, 2008.
Silva,
AGH; Cozzolino, SMF. Fósforo. In: Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade de
nutrientes. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2005.
Vannucchi,
H; Monteiro, TH. Fósforo. São Paulo: ILSI Brasil-Internacional Life Sciences
Institute do Brasil, 2010.
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