Vitaminas são compostos orgânicos
essenciais para a realização de reações metabólicas específicas e não podem ser
sintetizadas pelos tecidos humanos a partir de simples metabólito. As vitaminas
não são fontes de energia para o exercício, porém, participam dos processos
metabólicos de forma importante, especialmente na regulação das reações de
produção de energia, de síntese e degradação de compostos.
O metabolismo aeróbio é extremamente regulado pelas
vitaminas hidrossolúveis, como, por exemplo, a atuação das vitaminas do
Complexo B como cofatores na mobilização e utilização dos carboidratos nos
processos de oxidação.
Outras
vitaminas muito estudadas por suas funções metabólicas são as vitaminas
antioxidantes, especialmente, C, E e β-caroteno. Essas substâncias atuariam
como “varredores” de radicais livres, que podem ser definidos como qualquer espécie química capaz de existir
independentemente e que contenha um ou mais elétrons livres. Estes compostos
são altamente reativos, sendo responsáveis por processos de destruição celular.
Os radicais livres, quando produzidos em excesso, podem causar sérios danos aos
tecidos e doenças como câncer, enfermidades cardiovasculares, diabete melito,
entre outras.
Vitamina C
É
uma importante vitamina hidrossolúvel, também conhecida como ácido ascórbico,
facilmente oxidável em solução, em especial sob a exposição ao calor. A
vitamina C é essencial para a manutenção da integridade capilar, importante nas
respostas imunes e nas cicatrizações de ferimentos e aumenta a absorção de
ferro não-heme.
A carência de vitamina C por
períodos prolongados pode causar escorbuto, que se caracteriza por gengivas
inchadas e que sangram eventual perda dentária, fadiga, dores reumáticas nas
pernas, atrofia muscular, lesões na pele e várias alterações psicológicas, tais
como depressão.
A
vitamina C pode ser encontrada nas frutas cítricas, como o limão, a laranja e a
mexerica, no caju, na goiaba, na manga, no mamão, no morango, no kiwi, na
acerola e na carambola. Pode ser encontrada também nas hortaliças como o
tomate, o pimentão, a couve e o repolho.
Vitamina C e Exercício Físico
É importante que a dieta de indivíduos que praticam
exercícios físicos contenha quantidades adequadas de vitaminas, em especial do
Complexo B, A, β-caroteno, E e C, que atuam como antioxidantes e ajudam a
evitar possíveis lesões teciduais ocasionadas pelo aumento dos radicais livres.
Na literatura o consenso é que a suplementação a
curto ou longo prazo com vitamina C não tem efeito ergogênico na performance, na capacidade aeróbica, nem
na força muscular. No entanto, o uso de vitamina C tem sido associado efeitos
favoráveis mais sutis. Assim, a vitamina C tem sido relacionada com uma
diminuição dos danos causados pelo exercício e menor susceptibilidade a
infecções respiratórias.
Em primeiro lugar, o potencial antioxidante do
ácido ascórbico explica sua possível atuação na diminuição dos danos associados
ao exercício. Vale esclarecer que o exercício físico intenso bem como a prática
de atividade física por indivíduos não treinados ou idosos leva à produção de
radicais livres de oxigênio que podem acarretar peroxidação lipídica e injúria muscular,
além de contribuir para o desenvolvimento de diversos processos
fisiopatológicos como envelhecimento, câncer, doenças inflamatórias e
aterosclerose.
Segundo Thompson et al. 2001 a suplementação com
vitamina C por tempo prolongado pode trazer benefícios em relação à dor e à recuperação
da lesão muscular. Neste estudo, um grupo recebeu duas doses de 200mg de
vitamina C/dia e duas semanas após o início da suplementação, os indivíduos
foram submetidos a um protocolo de exercício intenso e prolongado. Observou-se que
a suplementação atenuou o aumento da concentração de maloaldeído (marcador
utilizado para lesão tecidual oxidativa) e da dor muscular, beneficiando a
recuperação da função do músculo. Os autores, também verificaram uma diminuição
do processo de inflamação muscular, pois a concentração plasmática de IL-6
(citocina antiinflamatória) foi menor, duas horas após o exercício, no grupo
suplementado em relação ao grupo placebo.
Ainda em um estudo realizado com ultramaratonistas
observou-se que a suplementação de 600mg/ dia durante 20 dias reduziu a
ocorrência de sintomas de infecção no trato respiratório.
A concentração plasmática de
vitamina C de indivíduos que consomem suplementos regularmente é, em média, 60
a 70% maior em relação a pessoas que não os consomem (75-80 e 45-50μmol/L,
respectivamente). Uma ingestão diária de cerca de 1000 mg é necessária para
manter essa concentração plasmática (75-80μmol/L), o que corresponde a, aproximadamente,
15mg de vitamina C/kg de peso corporal. Por outro lado, a ingestão diária
recomendada (RDA) para vitamina C é de 60mg/dia, o que representa uma ingestão
diária de menos de cerca de 1mg de vitamina C/kg de peso corpóreo/dia.
A
toxicidade da vitamina C é considerada relativamente baixa, pois não é significativamente
armazenada no organismo e, quando ingerida em grandes doses, não é completamente
absorvida, sendo rapidamente excretada na urina. Deste modo, devido aos
mecanismos de controle descritos anteriormente, torna-se improvável a
ocorrência de sobrecarga de ácido ascórbico em humanos.
Distúrbios gastrintestinais como náuseas, cólicas
abdominais e diarreia são os mais comuns efeitos colaterais associados à ingestão
excessiva de vitamina C. Esses efeitos são decorrentes do efeito osmótico
provocado pelas células intestinais. Os estudos que observaram esses efeitos
adversos tinham como protocolo de suplementação de 2 a 10g de vitamina C/dia.
Para
atletas, a Associação Dietética Americana (ADA) orienta que a suplementação
pode ser utilizada quando o esportista estiver em fase de emagrecimento,
apresentar a necessidade de retirar algum alimento ou grupo alimentar da dieta,
doença ou deficiência de determinado micronutriente. Alguns trabalhos, que
avaliaram atletas em regime de treinamento intenso, sugerem o consumo de
vitamina C e vitamina E entre 500 e 1.500mg/dia, para melhor resposta
imunológica e antioxidante. No entanto, essa informação está baseada em baixo
grau de evidência científica. De qualquer maneira, nenhuma suplementação pode
ser consumida sem a avaliação do médico ou nutricionista, para que não haja
prejuízo para a saúde humana.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
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Diet Association, Dietitians of Canada, and the American College of Sports
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Disponível em: www.nutrociencia.com.br Acessado em: 16/02/2015.
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