A prevalência cada vez mais
alarmante de sobrepeso e obesidade que vem sendo observada em muitos países e,
em especial, no Brasil, é cada vez maior, aumentando a preocupação com o
excesso de alimentos consumidos pelos indivíduos de uma maneira geral. Esta
situação está se tornando um problema de saúde pública entre nós e provocando o
aparecimento de muitas dietas especiais para emagrecimento; a maioria deles,
porém, pouco fundamentada em conhecimentos científicos. É que o aumento de peso
corporal está vinculado ao maior consumo de alimentos calóricos e também a o
hábito alimentar pouco saudável, com excessos de gorduras e doces, além de
serem insatisfatórios em valor nutricional.
Este desequilíbrio pode levar a déficits nutricionais e
também aumentar o risco de doenças crônicas não transmissíveis por falta de
alguns nutrientes protetores, como geralmente ocorre nas doenças cardíacas, na
hipertensão e em certos tipos de câncer. O aumento de peso corporal dos indivíduos,
acima de certos parâmetros considerados normais, leva inicialmente ao sobrepeso
e, ainda mais, à obesidade.
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – Vigitel 2014
O índice de obesidade está estável
no país, mas o número de brasileiros acima do peso é cada vez maior. Pesquisa
do Ministério da Saúde, Vigitel 2014, alerta que o excesso de peso já atinge
52,5% da população adulta do país. Essa taxa, nove anos atrás, era de 43% - o
que representa um crescimento de 23% no período. Também preocupa a proporção de
pessoas com mais de 18 anos com obesidade, 17,9%, embora este percentual não
tenha sofrido alteração nos últimos anos. Os quilos a mais na balança são
fatores de risco para doenças crônicas, como as do coração, hipertensão e
diabetes, que respondem por 72% dos óbitos no Brasil. O índice de obesidade do
Brasil está abaixo, por exemplo, da Argentina (20,5%), Paraguai (22,8%) e Chile
(25,1%).
Entre
os homens e as mulheres brasileiros, são eles que registram os maiores
percentuais. O índice de excesso de peso na população masculina chega a 56,5%
contra 49,1% entre elas, embora não exista uma diferença significativa entre os
dois sexos quando o assunto é obesidade. Em relação à idade, os jovens (18 a 24
anos) são os que registram as melhores taxas, com 38% pesando acima do ideal,
enquanto as pessoas de 45 a 64 anos ultrapassam 61%.
A
pesquisa demonstra ainda que as pessoas com menor escolaridade, 0 a 8 anos de
estudo, registram a maior índice, 58,9%, enquanto 45% do grupo que estudou 12
anos ou mais está acima do peso. O impacto da escolaridade é ainda maior entre
as mulheres, em que o índice entre os mais escolarizados é ainda menor, 36,1%.
As mesmas diferenças se repetem com os dados de obesidade. O índice é maior
entre os que estudaram por até 8 anos (22,7%) e menor entre os que estudaram 12
anos ou mais (12,3%).
Além do
avanço do excesso de peso e da obesidade, outros indicadores levantados pelo
Vigitel também apontam para o maior risco de doenças crônicas entre os
brasileiros. Do total de entrevistados em todo o país, 20% disseram ter
diagnóstico médico de colesterol alto. Nesse caso, são as mulheres que
registram percentual acima da média nacional, de 22,2%, contra 17,6% entre os
homens. Em ambos os sexos, a doença se torna mais comum com o avanço da idade e
entre as pessoas de menor escolaridade. Entre os que têm mais de 55 anos o
índice ultrapassa 35%.
● Atividade
Física
Apesar do avanço de fatores de risco
como excesso de peso e colesterol alto, a população brasileira está mais atenta
a hábitos saudáveis, com crescimento do número de pessoas que se exercitam
regularmente e daquelas que mantém uma alimentação adequada, com maior presença
de frutas e hortaliças e menos gordura.
Segundo
o Vigitel 2014, o brasileiro está se exercitando mais, com aumento de 18% nos
últimos seis anos do percentual de pessoas que praticam atividade física no
lazer. Este ano, 35,3% dos entrevistados disseram dedicar pelo menos 150
minutos do seu tempo livre na semana com exercícios, enquanto o índice de 2009
era de 29,9%.
Os
homens são mais ativos que as mulheres, 41,6% deles praticam o recomendado de
atividade física contra 30% entre o público feminino. Os jovens, em ambos os
sexos, são os que mais se exercitam, com índice de 50%. Mais uma vez, a
escolaridade aparece como um fator importante. Enquanto 47,8% das pessoas que
tem 12 anos ou mais de estudo praticam exercícios no tempo livre, entre os de
escolaridade menor (até oito anos de estudo) o índice é 22,9%.
Embora
o número de pessoas que disseram praticar atividade física é maior que aqueles
que não se exercitam, ainda é alto o índice da população fisicamente inativa,
ou seja, que afirmam não ter feito nenhuma atividade nos últimos três meses:
15,4% dos entrevistados. Os mais inativos são os idosos com 65 anos ou mais
(38,2%), mas 12% dos jovens de 18 a 24 anos disseram também não ter feito
esforços físicos. Apesar disso, o hábito de ver televisão cai: o índice de
pessoas que passam mais de três horas de frente para a telinha passou de 31%
para 25,3% em nove anos.
O
sedentarismo está relacionado ao aparecimento de doenças crônicas, como câncer,
hipertensão, diabetes e obesidade. No mundo, segundo a Organização Mundial de
Saúde, 31% dos adultos com 15 anos ou mais não são suficientemente ativos. Esse
índice no Brasil, segundo o Vigitel 2014, que soma apenas as pessoas com mais
de 18 anos, é de 48,7%. O desafio assumido pelo Ministério da Saúde é reduzir
esse percentual a 10% até 2025.
Segundo
a OMS, 3,2 milhões de mortes todo ano são atribuídas à atividade física
insuficiente e o sedentarismo é o quarto maior fator de risco de mortalidade
global, responsável por pelo menos 21% dos casos de tumores malignos na mama e
no cólon, assim como 27% dos registros de diabetes e 30% das queixas de doenças
cardíacas.
● Sal e
Gordura
Outro
hábito positivo para a saúde do brasileiro é que as frutas e hortaliças estão
presentes na rotina da população. Do total de entrevistados, 36,5% disseram
consumir esses alimentos cinco ou mais dias da semana. Mas o índice cai para
24,1%, equivalente a um quarto da população, quando se considera a quantidade
recomendada pela OMS – cinco ou mais porções diárias, 400 g. As mulheres são as
que mais diversificam seus pratos. O consumo recomendado de frutas e hortaliças
entre elas sobe para 28,2% enquanto entre os homens cai para 19,3%.
Já
o consumo de carnes com excesso de gordura caiu. Entre 2007 e 2014, o
percentual de entrevistados que disseram consumir esses alimentos passou de
32,3% para 29,4%. Nesse caso, os homens consomem duas vezes mais, com 38,4%,
enquanto entre as mulheres o índice é de 21,7%. Apesar da busca por carnes mais
magras, o sal continua bem presente no prato do brasileiro. A frequência de
adultos que consideram seu consumo de sal muito alto ou alto foi de 15,6%,
sendo maior entre os homens (17,4%). Esse percentual cai com a idade, mas
aumenta com os anos de escolaridade.
Segundo
o Vigitel 2014, a percepção da população ainda é baixa em relação ao consumo de
sal em excesso. O percentual deve ser ainda maior, uma vez que o estudo da
POF/IBGE de 2008 mostrou que, naquela época, o consumo de sódio do brasileiro
excedia em mais de duas vezes o limite máximo recomendado pela OMS, cinco
gramas por dia. A média nacional é de 12 gramas.
O
consumo de refrigerantes e doces também está caindo. Dados de 2014 apontam que
20,8% da população toma refrigerante cinco vezes ou mais na semana, menor que o
índice de 2007 (30,9%). Já os alimentos doces estão na rotina cinco ou mais
dias da semana de 18,1% da população, sendo mais presentes nas refeições das
mulheres (20,3%) que dos homens (15,8%).
A
pesquisa mostrou ainda mudanças na alimentação relacionadas às rotinas mais
modernas das famílias. Do total, 16,2% da população substitui o almoço ou a
janta por lanche sete ou mais vezes na semana. Mesmo assim o consumo do feijão,
tão popular no prato do brasileiro, permanece alto: 66% dos adultos consomem
feijão cinco ou mais dias na semana.
É extremamente importante que as
crianças sejam educadas desde cedo a consumir uma alimentação saudável,
mantendo certa atividade física, com a finalidade de se habituarem na escolha
de comer quantidade e qualidade de alimentos cobrindo todas as necessidades,
porém sem exagerar para mais ou para menos.
É muito difícil querer corrigir na
vida adulta hábitos errados adquiridos na infância. Por isso, recomenda-se consumir,
desde cedo e sempre, comida bem variada, nutricionalmente adequada e em
quantidades moderadas.
As
informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento
presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas,
psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente,
para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Angelis, RC de. A
importância dos alimentos vegetais na proteção da saúde: fisiologia da nutrição
protetora e preventiva de enfermidades degenerativas. 2ª ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2005.
Vigitel 2014: Obesidade estabiliza no Brasil, mas
excesso de peso aumenta. Ministério da Saúde. Disponível em: www.portalsaude.saude.gov.br
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