Da mesma forma que o
recordatório de 24 horas, o diário alimentar recolhe informações sobre a
ingestão atual de um indivíduo ou de um grupo populacional. Neste método,
também conhecido como registro alimentar, o paciente ou pessoa responsável
anota, em formulários especialmente desenhados, todos os alimentos e bebidas
consumidos ao longo de um ou mais dias, devendo anotar também os alimentos
consumidos fora do lar. Normalmente, o método pode ser aplicado durante três,
cinco ou sete dias, períodos maiores que sete dias podem comprometer a
aderência e a fidedignidade dos dados.
A aplicação do registro alimentar, independentemente dos
dias selecionados, deve ser em dias alternados e abrangendo um dia de final de
semana. O diário alimentar pode ser aplicado de duas maneiras: na primeira, o
indivíduo deve registrar o tamanho da porção consumida; na segunda, todos os
alimentos devem ser pesados e registrados antes de serem consumidos e, da mesma
maneira, as sobras devem ser pesadas e registradas. Essa última maneira de
aplicação é utilizada, em geral, em estudos nos quais é necessário estimar com
precisão nutrientes ou compostos bioativos, nem sempre disponíveis em tabelas
de composição de alimentos, e tem emprego escrito na prática clínica. Em ambos
os casos, o indivíduo registrará de forma detalhada o nome da preparação, os
ingredientes que a compõem, a marca dos alimentos e a forma de preparação.
Devem também ser anotados detalhes como adição de sal, açúcar, óleo e molhos,
se a casca do alimento foi ingerida e também se o alimento ou bebida consumido
era regular, diet ou light. Para a melhor estimativa do
tamanho da porção, o paciente poderá contar com o auxílio de medidas caseiras
tradicionalmente usadas, podendo recorrer também a fotografias de diferentes
tamanhos de porções ou modelos tridimensionais de alimentos.
O registro alimentar que inclui o uso de balança pode ser
considerado método bastante preciso, mas requer treinamento, esforço e muita
vontade de colaboração, fatores que fazem que seja pouco utilizado. Uma das
limitações é a tendência de se modificar os hábitos alimentares, diminuindo o
consumo de alimentos para ser mais simples o registro.
Quadro
1.
Comparação entre o registro alimentar estimado e o registro alimentar por peso
dos alimentos.
Registro Estimado
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Registro por Peso
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Quantidades
dos alimentos, das bebidas e sobras são estimadas por meio do auxílio de
medidas caseiras, de fotos de porções, modelos de alimentos.
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Os
alimentos, as bebidas e as sobras são pesados em balanças, sendo o peso
anotado.
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Considerado
menos preciso que o registro do peso.
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Mais
preciso que o registro estimado.
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Bem
aceito para coletar ingestão de grupo de pessoas.
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Requer
cooperação e treinamento dos participantes.
|
O
entrevistador tende a cooperar, pois a responsabilidade de transformar
medidas caseiras em gramas é do entrevistador.
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Pode
alterar o hábito alimentar do indivíduo, preparação mais sofisticada requer
mais tempo, e também o indivíduo pode considerar que sua alimentação está
inadequada.
|
|
Custo
pode ser elevado, em razão da aquisição e da calibração das balanças.
|
Fonte: Fisberg
et al, 2005.
Uma variação desse método é o registro através de foto ou
filmagem das porções ingeridas. No caso de fotos, o entrevistado necessita ser
treinado sobre como fotografar os alimentos, além de anotar em um diário
algumas características dos alimentos que não podem ser identificadas através
das fotos, como, por exemplo, bebidas diet e light. Quando a opção é a filmagem
dos alimentos ingeridos, o envolvimento dos entrevistados é menor, tendo o
benefício de não alterar os hábitos alimentares das pessoas. Geralmente, esse
recurso é utilizado em refeitórios de instituições como creches e casas de
repouso. Estudos de validação relativa, em que os resultados são comparados com
registros alimentares pesados, mostram que as duas técnicas estimam bem a
ingestão de nutrientes. As desvantagens recaem no alto custo com equipamentos e
treinamento para interpretar as porções.
Quadro
2.
Vantagens e Desvantagens do Registro Alimentar.
Vantagens
|
Desvantagens
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Os
alimentos são anotados no momento do consumo.
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Consumo
pode ser alterado, pois o indivíduo sabe que está sendo avaliado.
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Não
depende da memória.
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Depende
mais do entrevistado.
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Menor
erro quando há orientação.
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Há
dificuldade de estimar as porções.
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Mede
o consumo atual.
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Menor
adesão de pessoas do sexo masculino.
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Maior
precisão (registro do peso) e exatidão das porções ingeridas.
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O
número de dias de registro depende do que será avaliado (nutriente).
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As
sobras são computadas como alimentos ingeridos.
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Requer
tempo.
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Custo
elevado (registro do peso).
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O
indivíduo deve conhecer medidas caseiras.
|
Fonte: Fisberg
et al, 2005.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por
atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Fisberg, RM; Marchioni, DML;
Colucci, ACA. Avaliação do consumo alimentar e da ingestão de nutrientes na
prática clínica. Arq Bras Endocrinol Metab 2009; v.53, n.5, p: 617-624.
Fisberg, RM; Slater, B; Marchioni, DML; Martini, LA. Inquéritos
Alimentares: Métodos e bases científicos. Barueri, SP: Manole, 2005.
Pino, DLD. Adaptação e
validação de um questionário de frequência alimentar para crianças de 6 a 10
anos. [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
UFRGS, 2009.
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