Os
carotenoides são compostos lipossolúveis amplamente distribuídos na natureza e
sintetizados por vegetais. São pigmento que, de modo geral, apresentam cor
intensa que varia do amarelo ao vermelho. Eles
podem ser divididos em duas classes: carotenoides provitamina A, ou seja, que
podem ser convertidos em retinol e correspondem ao alfa-caroteno, beta-caroteno
e beta-criptoxantina; e em carotenoides que não tem atividade de vitamina A,
como a luteína, licopeno, zeaxantina.
O organismo humano não é capaz de
sintetizar carotenoides; assim, frutas e hortaliças constituem suas principais
fontes. Alfa e beta-caroteno, beta-criptoxantina, luteína, zeaxantina e
licopeno consistem nos principais carotenoides presentes na alimentação.
Os
efeitos benéficos dos carotenoides estão relacionados com a atividade biológica
como antioxidante, regulação do crescimento celular, modulação da expressão de
genes e resposta imunológica. Além disso, os carotenoides modulam o metabolismo
de substâncias carcinogênicas, inibem a proliferação descontrolada de células e
contribuem para a diferenciação celular, tornando as células mais
especializadas para determinada função.
As evidências epidemiológicas sugerem os efeitos
positivos na redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas
degenerativas, como câncer, doenças cardiovasculares, catarata e degeneração
macular (que resulta em perda de visão) relacionada à idade.
Quadro 1. As principais funções biológicas dos carotenoides e
benefícios para a saúde.
Carotenoide
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Funções
e benefícios para a saúde
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Licopeno
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●
Inibe a progressão de hiperplasia prostática e prevenção de câncer de
próstata;
●
Prevenção da aterosclerose e síndromes coronárias.
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β-caroteno
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●
Função provitamina A;
●
Prevenção de câncer colorretal;
●
Prevenção de síndromes coronárias;
●
Fotoproteção da pele contra a luz UV.
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Astaxantina
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●
Inibe a progressão de hiperplasia prostática e prevenção de câncer de
próstata e fígado;
●
Propriedades anti-inflamatórias.
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Zeaxantina
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●
Prevenção de síndromes coronárias;
●
Prevenção de câncer hepático;
●
Ajuda na manutenção da função visual normal;
●
Prevenção de catarata;
●
Prevenção de degeneração macular associada à idade.
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Luteína
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●
Prevenção de síndromes coronárias e acidente vascular cerebral;
●
Ajuda na manutenção da função visual normal;
●
Prevenção de catarata;
●
Prevenção de degeneração macular associada à idade;
●
Prevenção de retinite;
●
Evita a infecção gástrica por H. Pylori.
|
Fonte: Vílchez et
al., 2011.
Biodisponibilidade
Carotenoides não estão livres nos alimentos, mas
associados a proteínas e a uma variedade de estruturas celulares, como fibras e
polissacarídeos; para que ocorra a absorção, é necessária sua liberação do
alimento de origem. Esse processo ocorre de forma incompleta durante a cocção,
mastigação, deglutição e também no estômago, o que resulta em 11 a 50% de
biodisponibilidade.
Grande parte dos carotenoides é proveniente de
alimentos de origem vegetal (frutas, verduras e legumes), embora também possam
ser encontrados em alimentos de origem animal, como ovos, leite, queijos,
vísceras e alimentos processados (adicionados com o objetivo de dar cor aos
alimentos). São estáveis na célula vegetal, mas, se isolados, são sensíveis à
luz, ao calor e aos ácidos. Vários fatores podem afetar a biodisponibilidade
dos carotenoides dos alimentos, tais como a cocção e a frequência em que são
consumidos. Em geral, a cocção facilita a liberação dos carotenoides,
principalmente nas verduras, em que estão juntos os cloroplastos. Porém, o
excesso de aquecimento pode causar perdas importantes, principalmente com o uso
de forno micro-ondas. Com relação à frequência, é recomendável o fracionamento
dos alimentos-fonte para a manutenção da concentração sérica. Outro fator
importante de biodisponibilidade de carotenoides é a combinação de substâncias
alimentares. A presença de lipídios e proteínas na dieta pode contribuir com a
absorção intestinal e alguns tipos de fibras podem ocasionar redução.
Fontes Alimentares
As principais fontes de carotenoides
são os legumes e as frutas vermelhas e amarelas, e a s verduras verdes. As
melhores fontes de betacaroteno são abóboras e cenouras e as verduras como
brócolis, almeirão e couve-manteiga. Os animais não produzem a vitamina A ou
seus precursores, mas as obtêm dos vegetais (na forma de seus precursores) ou
de outros animais e armazenam essa vitamina em seus depósitos de gordura e no
fígado. Alimentos de origem animal são, em especial, fontes de vitamina A e os
de origem vegetal, fontes de carotenoides. Fígado, óleo de fígado de peixes,
ovos, leite integral, manteiga e queijo são considerados boas fontes de
retinol. Por serem pigmentos, os carotenoides têm sido utilizados como corantes
naturais pela indústria de alimentos, em produtos como margarina, sucos, queijo
e produtos de panificação.
Recomendações Nutricionais
Segundo o preconizado pelo Institute of Medicine, os níveis
prudentes de ingestão diária são de 3.000 a 6.000µg para o beta-caroteno; de
5.200 a 6.000µg para carotenoides pró-vitamínicos A e 9.000 a 18.000µg para os
carotenoides totais. Para o licopeno o intervalo seguro de ingestão considerado
é de 5.000 a 10.000µg.
Toxicidade
A principal manifestação visível ao
consumo elevado de carotenoides (acima de 30mg/dia) é a carotenodermia.
Caracteriza-se por coloração amarelada da pele, não associada a qualquer
condição deletéria à saúde. A carotenodermia é facilmente revertida com redução
da ingestão de carotenoides.
Doses elevadas de β-caroteno não são
tidas como causa de toxicidade de vitamina A. Uma explicação seria que, por
ocasião de estoques adequados dessa vitamina, ocorreria redução da conversão de
carotenoides com função pró-vitamínica A. Assim, doses farmacológicas (acima de
180mg/dia) de β-caroteno estão indicadas para o tratamento da protoporfiria eritropoietica
com ausência de efeitos tóxicos.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Amancio, RD; Silva, MV. Consumo de
carotenoides no Brasil: a contribuição da alimentação fora do domicílio.
Segurança Alimentar e Nutricional 2012; v.19, n.2, p: 130-141.
Castro, RCB. Quais são os principais
benefícios da ingestão de carotenoides? Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em:
21/07/2015.
Horst, MA; Moreno, FS. Carotenoides. International Life Sciences Institute – ILSI, 2009.
Institute of Medicine. Dietary reference intakes for vitamin C, vitamin
E, selenium, and carotenoids. Food and Nutrititon Board Washington: National
Academy Press, 2000.
Philippi, ST; Jaime, PC; Ferreira, CM. Grupo das Frutas e dos Legumes e Verduras.
In: Philippi, ST. Pirâmide dos Alimentos: fundamentos básicos da nutrição. 1.
ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2008.
Vílchez C, Forján E, Cuaresma M,
Bédmar F, Garbayo I, Vega JM. Marine carotenoids: biological functions and
commercial applications. Mar Drugs.
2011; v.9, n.3, p. 319-333.
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