A
Organização Mundial de Saúde (OMS) define adolescência como o
período compreendido entre dez e dezenove anos de idade. Nessa etapa, o
crescimento e o desenvolvimento físico são fortemente influenciados pela
interação de fatores genéticos e ambientais.
Na atualidade, há uma enorme
exigência por um “corpo esbelto”, criando mais conflitos do que aqueles já
vivenciados pela própria adolescência, como as mudanças biopsicossociais, que
ocorrem no início da definição da identidade, bem como o estabelecimento de
sistemas de valores pessoais, contribuindo para que os adolescentes se tornem
especialmente vulneráveis aos enormes agravos enfrentados pela maioria das
sociedades.
Em
relação à adolescência, é importante destacar que as necessidades nutricionais
estão condicionadas por um rápido crescimento corporal e desenvolvimento do
sistema muscular e ósseo e também pela necessidade de reservas para a
puberdade. Assim, a nutrição adequada é uma das necessidades básicas de saúde
para que tal grupo etário, possa expressar adequadamente o seu potencial
genético, em termos de crescimento e desenvolvimento.
A preocupação e o desconforto, na
forma de vivenciar o peso ou o corpo, são temas de interesse central e as
imposições sociais acabam incentivando os adolescentes a experimentar métodos
de controle de peso, como dietas restritivas, jejuns, uso de laxantes e
diuréticos, e exercícios físicos, como uma tentativa de manter o peso corporal.
Independentemente
do estado nutricional, as meninas desejam ser mais magras, em contrapartida
jovens com sobrepeso e obesidade almejam emagrecer e aqueles com baixo peso
desejam aumentar o tamanho corporal. Alguns autores constataram que as
influências socioculturais afetam diferentemente meninos e meninas. Os
primeiros são estimulados a praticarem atividades esportivas enquanto meninas a
praticarem atividades que impliquem perda de peso. Isso significa que os
meninos estão sendo protegidos, uma vez que são estimulados a praticar
atividades que desenvolvem outras competências, como as afetivo-cognitivas e
sociais, o mesmo não ocorrendo com as meninas, que são estimuladas a praticar
atividades individuais, com enfoque no caráter estético.
Atualmente,
observa-se uma série de distúrbios nutricionais em adolescentes, caracterizados
tanto pelo excesso quanto pelo déficit nutricional.
Entre
as consequências da obesidade em adolescentes, encontram-se maiores
probabilidades de ser um adulto obeso e de desenvolver doenças como hipertensão
arterial, dislipidemias, diabetes tipo 2, além de problemas respiratórios,
musculares, baixa autoestima, dificuldade de relacionamento entre os pares e
piora da qualidade de vida.
Na
cultura ocidental, ser magra, para mulher, simboliza competência, sucesso,
controle e atrativos sexuais, enquanto excesso de peso e obesidade representa
preguiça, indulgência pessoal e falta de autocontrole e força de vontade. Sendo
assim, o excesso de peso oferece uma conotação pejorativa às adolescentes,
sendo, possivelmente, uns dos fatores explicativos para a insatisfação
feminina.
Essa
insatisfação com o tamanho corporal gera, especialmente nas meninas, o desejo
de ser mais magra. Alguns autores, estudando esse aspecto perceptivo entre
adolescentes de catorze a dezoito anos de idade, constataram que esse desejo se
mostra quatro vezes superior nas meninas quando comparado com o desejo entre os
meninos.
As
recomendações para ajudar o adolescente com suas desordens alimentares são:
Excesso
de Ingestão Alimentar
●
Comentar favoravelmente sobre o poder de modificações alimentares, com respeito
e delicadeza;
●
Congratular o adolescente quando este evitar situações que estimulam o comer em
excesso;
●
Evitar ter alimentos muito calóricos e gordurosos ao alcance do adolescente;
●
Encorajar o adolescente a planejar e escolher métodos de preparo de alimentos
saudáveis, com pouca gordura;
●
Compreender se o adolescente falhar em seu plano alimentar;
●
Não contar a outras pessoas as falhas do adolescente para que este não se sinta
inibido;
●
Estimular os alimentos especialmente preparados para ele, sem dizer que são
sinal de afeto para não incentivá-lo a consumir mais do que o necessário.
Anorexia
Nervosa
●
Aumentar o consumo energético, iniciando com 800 a 1.200kcal/dia;
●
Prescrever dietas bem equilibradas com algumas variações de acordo com as
preferências da pessoa afetada;
●
Estimular o consumo de alimentos que contenham fibra;
●
Evitar as sensações de plenitude gástrica com lanches frequentes;
●
Utilizar suplementos líquidos sempre que a pessoa não desejar consumir sólidos;
●
Assegurar aconselhamento nutricional interativo como um processo promissor;
Bulimia
Nervosa
●
Evitar alimentos que possam ser consumidos sem o uso de utensílios;
●
Incluir vegetais e frutas na alimentação a fim de prolongar o tempo comendo;
●
Escolher alimentos ricos em grãos e fibras (pães, cereais) para maximizar o
volume gástrico;
●
Usar alimentos que naturalmente estão divididos em porções: iogurtes, batatas,
queijos, aves (partes);
●
Incluir alimentos com carboidratos complexos (para a saciedade) e alguma
gordura (para reduzir o tempo de esvaziamento gástrico);
●
Planejar as refeições incentivando o hábito de anotar antes de consumir.
A
cultura e os avanços tecnológicos ocidentais apresentam-se particularmente
responsáveis em promover esse padrão de beleza magro e de reforçar crenças
culturais sobre a importância do controle de peso.
Outro
fator a ser observado se refere à pressão da mídia. Constatou-se o efeito
negativo das campanhas publicitárias em revistas de moda em adolescentes de dez
a catorze anos de idade, provocado pela comparação dos próprios atrativos
físicos com os dos modelos dos anúncios. Dessa forma, as meninas
apresentaram-se mais vulneráveis ao desenvolvimento e reforço da insatisfação
corporal.
Considerando
as consequências adversas decorrentes dos transtornos alimentares, bem como da
obesidade, os profissionais da saúde devem se comprometer não só com os
aspectos curativos voltados ao tratamento, mas também, e principalmente, com os
aspectos preventivos, evitando, assim, que futuramente outros jovens possam
desenvolver patologias semelhantes, tendo como consequência o bloqueio do seu
desenvolvimento global.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
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