A
obesidade infantil vem aumentando de forma significativa ao longo dos anos,
tornando-se uma espécie de epidemia em vários países. Tal fato é motivo de
preocupação, tendo em vista haver um consenso por parte de pesquisadores e
profissionais da área de saúde de que a obesidade é um importante determinante
para o surgimento de várias complicações e agravos à saúde ainda na infância e
também na vida adulta.
A
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Ministério da Saúde em
parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra
que 60,8% das crianças com menos de dois anos de idade consomem biscoitos,
bolachas e bolos, e que 32,3% tomam refrigerantes ou suco artificial. O reflexo
da má alimentação é visto ainda na infância. Segundo dados divulgados em março
pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, um terço das
crianças (33,5%) entre 5 e 9 anos de idade estão com sobrepeso. Isso se deve,
principalmente, ao estilo de vida e aos hábitos alimentares. As crianças estão
consumindo, cada vez mais, alimentos altamente calóricos e pobres em vitaminas
e minerais e estão mais sedentárias, devido ao aumento de tempo na TV,
computadores e videogames, e consequentemente, reduzem as atividades físicas.
Existem
inúmeras causas associadas à obesidade em crianças e adolescentes, dentre elas,
se destaca a alimentação inadequada desde o primeiro ano de vida. O tempo de
aleitamento materno exclusivo (sem água, chá e/ou outro leite) está abaixo do
recomendado no Brasil. Isso faz com que a alimentação complementar ocorra de
forma precoce e incorreta, com a introdução de farinhas, açúcares e leite de
vaca integral, antes do tempo. Outras causas seriam: hábitos alimentares
inadequados da família (ausência do café da manhã, baixo consumo de frutas,
legumes, entre outros), servindo de mau exemplo às crianças; a disseminação da
alimentação fast-food, rica em
gorduras e calorias, levando à substituição de refeições importantes por
lanches pouco nutritivos e o aumento do sedentarismo.
O
principal dano da obesidade é o desenvolvimento precoce de doenças crônicas,
como as doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão
arterial, dislipidemia e alterações hepáticas, doenças, normalmente observadas
em adultos, a partir dos 50-60 anos. Além disso, o dano psicológico causado
pelo excesso de peso pode trazer transtornos graves para crianças e
adolescentes, como depressão, vergonha da autoimagem corporal, baixo nível de
autoestima, não aceitação social e consequente isolamento social.
Cuidar
da alimentação das crianças é fundamental. Os primeiros mil dias de vida do
bebê são os mais importantes. Portanto, desde a gestação à fase inicial, a
alimentação adequada determinará a saúde, o crescimento e o desenvolvimento
dessa criança. A alimentação materna rica em gorduras e açúcar ou a privação
alimentar na gravidez pode estar relacionada com o desenvolvimento da obesidade
da criança que ainda vai nascer. A amamentação exclusiva até o sexto mês de
vida é essencial e um fator benéfico na prevenção da obesidade. A introdução de
fórmulas infantis nesta fase só é indicada em situações específicas e oferecer
corretamente uma alimentação complementar a partir dos seis meses é decisivo
para que bons hábitos sejam incorporados. A alimentação adequada inclui uma boa
distribuição entre os grupos alimentares compostos por cereais e hortaliças;
legumes e verduras; frutas; leite e derivados; carnes e ovos; leguminosas ou
feijões. Além disso, minimizar o consumo de açúcares, doces e gorduras “ruins”,
como as saturadas. Os pais devem oferecer alimentos saudáveis, ensinar os bons
hábitos alimentares, estimular a manutenção a longo prazo desses hábitos, mas
também inseri-los nas próprias vidas, para servirem de exemplo. Isto vale não
só para os pais, mas para qualquer pessoa que seja responsável pela criação da
criança. Cabe ao responsável também observar problemas existentes e sinalizar
para os profissionais, como o pediatra e o nutricionista, para que eles sejam
corrigidos rapidamente.
Sugestão
de um programa alimentar baseado na reeducação alimentar para crianças obesas
em idade escolar
● Café da manhã: 1 pote de
frutas picadas (vitaminas antioxidantes); 200ml de leite semidesnatado (fonte
de cálcio); 1 xícara de cereais: aveia ou granola (fibras e vitaminas do
complexo B); 1 colher de chá de mel ou açúcar mascavo (energia).
● Lanche da manhã (escola):
barra de cereal; suco de frutas ou fruta.
● Almoço: salada mista,
conforme preferência (fibras e vitamina antioxidante); legumes cozidos amarelo
ou verde (betacaroteno e magnésio); 4 colheres de sopa de arroz integral ou
parboilizado, que pode ser substituído por batata ou massa (fonte de energia);
1 concha pequena de feijão ou lentilha (fonte de fibras e ferro); 80g de carne
magra (fonte de proteína e ferro); sobremesa: fruta cítrica (vitamina C).
● Lanche da tarde: 1
unidade: fruta ou salada de fruta; 200ml de leite semidesnatado com cacau
(cálcio e ferro); 1 torrada com queijo (proteína e cálcio).
● Jantar: 1 pão sírio
(energia); 2 fatias de queijo minas ou ricota (cálcio); 2 colheres de sopa de
atum sem óleo (ômega-3); 1 colher de chá de azeite de oliva (gordura saudável);
1 colher de sopa de requeijão light (proteína); alface e tomate (magnésio e
licopeno); 200ml de suco de uva (bioflavonoides).
● Ceia: iogurte de frutas
(lactobacilos).
Proporcione à criança opções de lazer, evitando que a
mesma fique em frente a televisão, computador ou videogame. Várias atividades
podem ser incluídas no dia-a-dia da criança: danças, jogos, brincadeiras ao ar
livre, natação, pular corda, esconde-esconde, caminhadas, bicicleta, skate....
O ideal é a família participar, em conjunto, de atividades diárias que
possibilitem à criança ser mais ativa.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Costa, MAP; Souza, MA;
Oliveira, VM. Obesidade infantil e bullying: a ótica dos professores. Rev Educ.
Pesqui. 2012; vol.38, n.3, p. 653-665.
Planejamento Alimentar Para
Crianças. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br
Um terço dos bebês
brasileiros consomem refrigerantes ou sucos artificiais. Ministério da Saúde.
Disponível em: www.blog.saude.gov.br
Stürmer,
JS. Reeducação alimentar na família: da gestação à adolescência. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2004.
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