Os alimentos sofreram muitas modificações ao passar
do tempo devido à correria do dia-a-dia, que criou a necessidade de alimentos
práticos, rápidos e que durem mais. Para isso foram empregadas novas
tecnologias a fim de suprir essa necessidade como é o caso dos aditivos
alimentares (corantes, conservantes, flavorizantes, entre outros) o que tem
levantado questionamentos sobre a segurança e impacto na saúde humana.
A segurança da adição alimentar é feita pelo
controle da IDA (Ingestão Diária Aceitável) desenvolvida pelo Joint FAO/WHO
Expert Committee on Food Additives (JECFA). No Brasil essa regulação se dá pela
Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), que define os aditivos alimentares
como qualquer substância adicionada intencionalmente nos alimentos e que tem
como objetivo modificar as características e aumentar a vida útil dos
alimentos.
Pesquisas tem mostrado que os aditivos alimentares
provocam reações tóxicas, agudas ou crônicas, desencadeando alergias,
alterações neurocomportamentais e, em longo prazo, até câncer. Os corantes
alimentares são considerados os aditivos mais genotóxicos existentes,
principalmente os pertencentes ao grupo “Azo”, capaz de gerar reações de
hipersensibilidade e tem sido foco de muitos estudos sobre mutagênese e
carcinogênese por produzir, após ser metabolizado pela microflora intestinal,
compostos com alto potencial cancerígeno.
Piasini e colaboradores em 2014 realizaram uma
pesquisa para analisar a concentração de tartrazina em alimentos consumidos por
crianças e adolescentes e observou uma média significativa em grande parte dos
alimentos industrializados comuns nessa faixa etária e também que as
quantidades de tartrazina encontrada em sucos em pó e em gelatina em pó que se
encontravam acima dos valores preconizados pela legislação.
Há algum tempo pesquisas tem associado o consumo de
alguns corantes alimentares (tartrazina, vermelho ponceau 4R, eritrosina, e
outros) com o surgimento de hiperatividade em crianças as quais apresentam
hipercinesia (excesso de movimentação), irritabilidade, impulsividade, déficit
de atenção e consequentemente dificuldade de aprendizagem e excesso de
distração.
Sobre os conservantes, os que mais apresentam
reações são os nitritos, nitratos e sulfitos, presentes nos embutidos cárneos.
O nitrito é bem mais tóxico que o nitrato, porém o nitrato se reduz a nitrito
na corrente sanguínea. O nitrito gera nitrosamina, produto carcinogênico que
desencadeia neoplasias gastrointestinais, além de poder agir sobre a hemoglobina
impedindo a função normal do transporte de oxigênio.
O BHA e BHT são compostos antioxidantes encontrados
em produtos ricos em gorduras. Estudos em animais apresentaram que doses
elevadas de BHT podem desencadear problemas hepáticos, gastrointestinais e levar
ao aparecimento de tumores. O BHA estimula a excreção urinária de vitamina C,
retardo do crescimento infantil e elevação da mortalidade perinatal. São também
considerados fatores de risco para o transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade de crianças, danos no DNA de células estomacais, do cólon, bexiga
e cérebro causando neoplasias a longo prazo.
O glutamato monossódico, usado como flavorizante em
altas doses pode ser tóxico ao sistema nervoso central ocasionando disfunção
sexual, obesidade, diabetes, distúrbios de comportamento (hiperatividade,
autismo, déficit de atenção e desenvolvimento) e em longo prazo podem
desenvolver distúrbios mais sérios como Alzheimer, Parkinson e Mal de Lou
Gehrig.
Podemos perceber que as crianças são as mais
afetadas pelos aditivos alimentares, devido aos alimentos voltados para essa
faixa etária serem os que mais possuem esses produtos na composição. Como
apresentado acima os efeitos em longo prazo podem ser devastadores, por isso é
importante estratégias de educação alimentar não só voltada para essa
população, mas para a população em geral, alertando dos perigos dessas
substâncias e os benefícios que uma alimentação saudável traz.
Veja alguns tipos de corantes artificiais mais
utilizados e seus efeitos conhecidos:
TARTRAZINA –
Urticária; reação anafilactoide (reação alérgica sem a presença de anticorpos
(sistema imune de defesa), o qual é semelhante anafilaxia causada por reação
alérgica de origem imunológica (o qual pode causar a morte por asfixia devido
ao inchaço na região da glote (ou da garganta);
ERITROSINA – Fotosensibilidade, eritrodermia, descamação, broncoespasmo, elevação dos níveis totais de hormônios tireoideanos.
AMARELO CREPÚSCULO – Urticária, angioedema, congestão nasal, broncoespasmo, reação não imunológica (anafilactoide), vasculite, vômitos, dor abdominal, náuseas, eructações, indigestão, púrpura, eosinofilia, reação cruzada com AAS, paracetamol, benzoato de sódio.
AMARELO QUINOLINA – Dermatite de contato, broncoespasmo, reação não imunológica (anafilactoide).
VERMELHO 40 – Broncoespasmo, reação não imunológica (anafilactoide)
VERMELHO PONCEAU – Broncoespasmo, reação não imunológica (anafilactóide);
AZUL BRILHANTE – Broncoespasmo, reação não imunológica (anafilactoide);
AZUL ÍNDIGO CARMIM – Dermatite de contato, Broncoespasmo, reação não imunológica (anafilactoide).
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Corantes e Conservantes. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br Acessado
em: 17/01/2016.
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GUIMARÃES, N.M.C.P. Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção – para além da genética. 2010. 31f. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina), Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto, Porto, 2010;
FREITAS, A. S. Tartrazina: uma revisão das propriedades e análises de quantificação. Acta Tecnológica. v. 7, n. 2, p. 65-72, 2012;
PIASINI, A. et al. Análise da Concentração de Tartrazina em Alimentos Consumidos por Crianças e Adolescentes. Revista Uningá, Lajeado, v.19, n.1, pp.14-18, Jul/Set 2014;
CARVALHO, P.R.R.M. et al. Características e Segurança do Glutamato Monossódico como Aditivo Alimentar: Artigo de Revisão. Visão Acadêmica, Curitiba, v. 12, n. 01, p. 53-60, Jan./Jun. 2011;
ALBUQUERQUE, M.V et al. Educação Alimentar: Uma Proposta de Redução do Consumo de Aditivos Alimentares. Química Nova na Escola. [S.I], v. 34, n. 2, p. 51-57, Maio 2012;
POLÔNIO, M. L. T. Percepção de mães quanto aos riscos à saúde de seus filhos em relação ao consumo de aditivos alimentares: o caso dos pré-escolares do Município de Mesquita. 2010. 129f. Tese (Doutorado em Ciências na área de Saúde Pública e Meio Ambiente). Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2010;
FERREIRA, F. S. ADITIVOS ALIMENTARES E SUAS REAÇÕES ADVERSAS NO CONSUMO INFANTIL. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 13, n. 1, p. 397-407, 2015.
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