A
obesidade é um acúmulo anormal de gordura corporal, podendo acarretar várias
implicações à saúde em médio ou longo prazo, sendo considerada, atualmente, a
maior desordem nutricional dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O manuseio clínico da obesidade é
difícil, pois não somente o emagrecimento, mas principalmente a manutenção da
perda de peso, não é possível para a maioria dos grandes obesos. Os resultados
dos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos são avaliados à luz dos
novos objetivos do tratamento da obesidade em atingir um peso saudável e não,
necessariamente, um peso ideal. Na maioria das vezes, o tratamento clínico da
obesidade mórbida, torna-se frustrante, sendo a cirurgia bariátrica,
atualmente, considerada a mais bem-sucedida medida terapêutica, neste caso.
Os tratamentos cirúrgicos da
obesidade realizados e disponíveis visam à promoção da redução do volume de
ingestão total do paciente (com restrição mecânica, gástrica, provocando
sensação de saciedade precoce) e/ou da absorção total ou seletiva do conteúdo
alimentar ingerido. Assim, o risco de complicações nutricionais no
pós-operatório aumenta se a prescrição dietética não for cuidadosamente
acompanhada e o estado nutricional frequentemente monitorado por um
nutricionista. Dentre seus principais benefícios, pode-se salientar a perda e
manutenção do peso em longo prazo, a melhora das comorbidades associadas e o
aumento da qualidade de vida.
Atuais Indicações da
Cirurgia Bariátrica
O Conselho Federal de
Medicina (CFM) publicou a Resolução nº 2.131/15, que especifica as comorbidades
que poderão ter indicação para a realização da cirurgia bariátrica a pacientes
com Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 35 kg/m². Depressão, disfunção
erétil, hérnias discais, asma grave não controlada, entre outras doenças como
diabetes e hipertensão estão relacionadas na norma, que altera o anexo da
Resolução CFM nº 1.942, de 2010.
O anexo anterior trazia
como indicações para a cirurgia, um IMC acima de 40 kg/m² ou um IMC acima de 35
kg/m², desde que portadores de comorbidades como diabetes tipo 2, apneia do
sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronariana, osteo-artrites e
outras, sem especificações. O novo texto aponta 21 doenças associadas à
obesidade que podem levar a uma indicação da cirurgia.
Como
era
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Como
ficou
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Pacientes
com IMC maior que 35 kg/m² e afetados por comorbidezes que ameacem a vida,
tais como diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia,
doença coronária, osteoartrites e outras
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Pacientes
com IMC maior que 35 kg/m² e afetados por comorbidezes que ameacem a vida
como: diabetes, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças
cardiovasculares incluindo doença arterial coronariana, infarto de miorcárdio
(IM), angina, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), acidente vascular
cerebral, hipertensão e fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor
pulmonale e síndrome de hipoventilação, asma grave não controlada, osteoartroses,
hérnias discais, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica,
colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose
hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, infertilidade
masculina e feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos,
veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática
(pseudotumor cerebri),
estigmatização social e depressão.
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Maiores
de 18 anos. Jovens entre 16 e 18 anos podem ser operados, mas exigem
precauções especiais e o risco/benefício deve ser bem analisado.
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Adolescentes
com 16 anos completos e menores de 18 anos poderão ser operados, mas além das
exigências anteriores, um pediatra deve estar presente na equipe
multiprofissional e seja observada a consolidação das cartilagens das
epífises de crescimento dos punhos. A cirurgia em menores de 18 anos é
considerada experimental.
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Cirurgias
Experimentais: Não havia essa previsão
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Qualquer
cirurgia que não seja a banda gástrica ajustável, a gastrectomia vertical,
derivação gastrojejunal e Y de Roux, a cirurgia de Scopinaro ou de ‘switch
duodenal’, são consideradas experimentais e não devem ser indicadas.
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Fonte: CFM/ABESO, 2016.
Acompanhamento
Nutricional
A cirurgia bariátrica é hoje
considerada o melhor e mais efetivo tratamento para a obesidade, por gerar
perda de peso e, principalmente, manutenção do peso perdido em longo prazo.
O tratamento nutricional deve ser
iniciado antes do paciente passar pela cirurgia bariátrica. O tempo de contato
entre o paciente e o nutricionista deve ser suficiente para concretizar o
trabalho de esclarecimento das evoluções dietéticas pelas quais o paciente irá
passar, evitando constrangimentos e complicações posteriores à cirurgia.
O nutricionista que atua em cirurgia
bariátrica deve proporcionar ao paciente uma avaliação nutricional
pré-operatória, aplicar uma anamnese completa clínica e alimentar, incluindo
aspectos nutricionais comportamentais, qualitativos e quantitativos, promover
educação adequada como os cuidados em longo prazo. Ele é o profissional que
entende as consequências na absorção e as necessidades dietéticas do paciente
bariátrico. Ajudar os pacientes a entender esses pontos e ensiná-los como
evitar problemas nutricionais com dieta e suplementos pode evitar complicações
na sua jornada pós-cirúrgica.
A investigação da história alimentar
é essencial para a monitoração do padrão alimentar e da ingestão de energia e
de nutrientes de risco, sendo parte importante para o alcance do sucesso do
tratamento cirúrgico. Na coleta da história alimentar, estão incluídos o número
de refeições diárias, as preferências e intolerâncias alimentares, os tamanhos
das porções, o uso de suplementos (tipo, quantidades, horários), entre outras
informações.
Exames de sangue são importantes para
verificar o real estado nutricional. É neste ponto que muitas vezes
profissionais são surpreendidos, pois muitos pacientes apresentam-se
subnutridos antes de serem submetidos ao procedimento cirúrgico. Pode haver
falta de um ou mais micronutrientes e muitos destes pacientes podem apresentar
anemia e deficiência de cálcio. É crucial a reposição desses elementos antes da
cirurgia para prevenir complicações que, sim, podem ser previstas e evitadas. É
também por meio da avaliação nutricional detalhada no pré-operatório, que são
obtidas informações importantes sobre o estilo de vida, hábitos alimentares e
estado nutricional do paciente.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Araújo, AM; Silva, THM; Fortes, RC. A
importância do acompanhamento nutricional de pacientes candidatos à cirurgia
bariátrica. Rev Com. Ciências Saúde 2010; v.21, n.2, p. 139-150.
CFM detalha lista de comorbidades que podem
levar a indicação da cirurgia bariátrica. Associação Brasileira para Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO. Disponível em: www.abeso.org.br Acessado em: 21/01/2016.
Coppini, LZ. Nutrição e Metabolismo em
Cirurgia Metabólica e Bariátrica. 1 ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2015.
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