quarta-feira, 26 de abril de 2017

Alimentos Causadores de Alergia Alimentar



A alergia alimentar pode ser definida como uma reação adversa a um antígeno alimentar mediada por mecanismos fundamentalmente imunológicos. É considerado também um problema nutricional e vem se tornando um problema de saúde em todo o mundo, causando impacto negativo e significativo na qualidade de vida. O crescimento dos casos de alergias nas ultimas décadas está associado a grande exposição da população a um número maior de alérgenos alimentares disponíveis. Qualquer alimento pode causar alergia alimentar, entretanto os alimentos mais citados como causadores de alergias alimentares são: leite, ovos, amendoim, castanhas, camarão, peixe e soja.

Alérgenos são substâncias de origem natural (ambientais ou alimentares), que podem induzir uma reação de hipersensibilidade (reação alérgica) em pessoas suscetíveis, que entraram previamente em contato com o alérgeno. Esta reação de hipersensibilidade envolve o reconhecimento do alérgeno como uma substância “estranha” e alheia ao organismo no primeiro contato. Na exposição posterior, o sistema imunológico reage a uma exposição excessiva, com a libertação de substâncias que alteram a homeostase do organismo, resultando em sintomas de alergia.

Os principais alérgenos alimentares identificados são de natureza proteica. Muitas destas proteínas podem conter múltiplos alérgenos. Entretanto, na maioria dos casos, um ou dois destes funcionam como alérgeno principal. Este é definido como aquele alérgeno que afeta 50% ou mais dos indivíduos com alergia. O leite de vaca é o alérgeno mais comum para a população infantil. A habilidade do sistema imune em responder aos antígenos, como as proteínas do leite de vaca dependem, entre outros fatores, do genótipo e idade do indivíduo, da natureza, dose e frequência de administração do antígeno. No caso do leite a α-lactoalbumina é considerada o principal alérgeno, enquanto a ß-lactoglobulina e a caseína tem sido implicadas em menor escala. O leite de outros animais também pode ser alergênico para os indivíduos com alergia ao leite de vaca.

Entre as leguminosas, a soja constitui uma fonte alimentar. Estudos encontraram vários alérgenos da soja com subunidades de peso molecular de 20 e 50 a 60 KDa. Observou-se, ainda, que as maiores frações das proteínas de soja apresentavam atividade alergênica. A alergia à soja é mais comum em crianças e jovens, podendo levar a cólicas e presença de sangue nas fezes. Mais da metade de todas as alergias provocadas pela soja é causado por uma proteína, chamada P34, amplamente disseminada entre grãos de soja selvagens e cultivados.

O peixe quando contaminado por bactérias é altamente alergênico. Sua contaminação por bactérias resulta em histamina, obtida a partir do aminoácido histidina, e presente nos mastócitos e basófilos. A histamina está presente em receptores H1 e H2 centrais e periféricos. Esta droga é um importante mediador das respostas alérgicas na pele, nariz e olhos, e causa vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular (edema) e contração da musculatura lisa (brônquica e gastrointestinal), através da ativação dos receptores H1. A histamina tem importantes papeis fisiológicos. Como a histamina é um dos mediadores pré-formados e armazenados nos mastócitos, a sua liberação como resultado da interação do antígeno com os anticorpos IgE na superfície dos mastócitos, exerce um papel central nas reações de hipersensibilidade imediata e nas respostas alérgicas.

As ações da histamina na musculatura lisa brônquica e nos vasos sanguíneos são responsáveis, em parte, pelos sinais e sintomas da resposta alérgica. A característica da histamina é provocar dilatação dos vasos sanguíneos menos calibrosos, resultando em ruborização, resistência periférica total diminuída e queda da pressão arterial sistêmica. Além disso, a histamina tende a aumentar a permeabilidade capilar.



Alguns indivíduos apresentam reações alérgicas muito graves a alérgenos potentes e específicos existentes em alimentos, especialmente no amendoim. As nozes, castanhas, legumes, sementes, mariscos, também, possuem potencial alergênico. Os indivíduos com este tipo de alergia alimentar podem apresentar uma reação grave, mesmo quando consomem uma quantidade mínima do alimento. Alguns sintomas citados são queda súbita da pressão arterial que pode acarretar tontura e desmaio. Essa emergência potencialmente letal é denominada anafilaxia, uma reação alérgica sistêmica, severa e rápida, caracterizada pela diminuição da pressão arterial, taquicardia e distúrbios gerais da circulação sanguínea, acompanhada ou não de edema de glote.

A principal substância causadora da reação alérgica são as aflatoxinas, que consistem em um grupo de compostos tóxicos produzidos por certas cepas dos fungos Aspergillus flavus ou Aspergillus parasiticus. Em condições favoráveis de temperatura e umidade, estes fungos crescem em certas rações e alimentos, resultando na produção das aflatoxinas. As contaminações ocorrem com maior intensidade em nozes, amendoim e outras sementes oleosas, incluindo o milho e sementes de algodão. As aflatoxinas são tóxicas, ligando-se ao DNA das células e provocando uma inibição da replicação do DNA. O fungo Aspergillus encontra-se bastante disseminado na natureza, afetando diversos tipos de culturas agrícolas. Estas se tornam, então, uma fonte primária de contaminação. A exposição a altas concentrações de aflatoxinas produz graves danos ao fígado, tais como necrose, cirrose hepática, carcinoma ou edema. A capacidade de absorção e processamento de nutrientes é gravemente comprometida. 


A ingestão de crustáceos ou frutos do mar, em algumas pessoas, pode desencadear reações severas, sendo responsáveis, principalmente, pela ocorrência em adultos. Segundo alguns autores o aparecimento de manifestações alérgicas (mediadas pela IgE) após ingestão destes alimentos pode ser causado por uma reação alérgica ao parasita Anisakis simplex, provocando desde urticária, angioedema e, inclusive, choque anafilático. Esta afirmação é confirmada através de exames laboratoriais (presença de IgE específico para Anisakis simplex no soro do paciente).

Os camarões, caranguejos, siris e lagostas podem, eventualmente, tornarem-se envenenados devido à ingestão de dinoflagelados tóxicos. Os crustáceos (fêmeas), quando na época reprodutiva, podem provocar intoxicação devido a grande quantidade de hormônios em seu organismo.

As proteínas dos ovos, juntamente com as do leite, são as que causam maiores problemas alérgicos. A proteína da clara, a albumina ou, mais especificamente, a ovoalbumina, é a causadora das alergias; a gema é normalmente bem tolerada. Além da albumina, os principais alérgenos da clara do ovo já identificados são o ovomucoide e a conalbuminal, que constituem, respectivamente, 11% e 12% da proteína total da clara; a ovoalbumina constitui 54% da proteína total da clara.

A alergia ao ovo pode ser classificada como mediata ou tardia. As reações imediatas envolvem mecanismos IgE mediados, sendo as mais comuns: anafilaxia, hipotensão, urticária, broncoespasmo, laringoespamo ou síndrome da alergia oral. A ovoalbumina pode estimular uma reação de hipersensibilidade do tipo IgE mediada a alimentos, levando a liberação de mediadores de células mastocitárias (histamina), que atuam sobre a pele, nariz, pulmões e trato gastrointestinal. As alterações decorrentes do efeito da histamina envolvem o aumento da permeabilidade capilar, a vasodilatação, a contração de músculo liso e a secreção de muco.

A prevenção da alergia alimentar em pacientes com alto risco de desenvolvê-la é uma das principais armas disponíveis. Sugere-se assim, uma atenção especial à esse grupo de pessoas, bem como um cardápio bem planejado e de fácil execução para maior adesão à dieta e melhora dos sintomas e qualidade de vida. Alergia alimentar é coisa séria e deve ser tratada.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Meuer, MC; Rocha, GDW. Alimentos Causadores de Alergia Alimentar. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br Acessado em: 10/04/2017.

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