quinta-feira, 13 de abril de 2017

Benefícios do Café



O café é uma das bebidas mais apreciadas em todo o mundo, não só pelas características organolépticas, mas pelo seu efeito estimulante. Os potenciais efeitos na saúde causados por essa bebida provocaram o interesse da comunidade científica.

A composição química do grão verde de café é bastante complexa. Durante o processo de torrefação ocorrem diversas reações químicas, através das quais se formam diversos compostos químicos. Sendo assim, os efeitos do consumo de café irão depender da qualidade e quantidade dos compostos químicos. Além do tipo de processamento que os grãos são submetidos (via seca, úmida ou mista, descafeinização) o grau de torra e de moagem, assim como o de preparação da bebida (filtro, expresso, cafeteira, fervido) e respectivo volume, irá contribuir para a variação química final da bebida.

O principal componente psicoativo do café é, sem dúvida, a cafeína. Os efeitos comportamentais mais notáveis ocorrem após a ingestão de doses baixas a moderadas (50 – 300mg) deste composto, podendo ser observada uma melhora na performance cognitiva e psicomotora do consumidor (melhoria do estado de alerta, da energia, da capacidade de concentração, do desempenho em tarefas simples, vigilância auditiva, do tempo de retenção visual e diminuição da sonolência e do cansaço).

 A cafeína é um nutriente amplamente utilizado por atletas que desejam otimizar seu desempenho e está presente em diversos alimentos e bebidas. O consumo de cafeína ocorre principalmente em competições onde predomina o metabolismo aeróbico. Dentre os diversos mecanismos fisiológicos pelos quais a cafeína poderia melhorar o desempenho, os mais estudados são o aumento no catabolismo de lipídios e o antagonismo dos receptores da adenosina monofosfato cíclica (AMP-c).

Essa substância afeta a termogênese pela inbição da enzima fosfodiesterase. Essa enzima degrada o aminomofosfato clínico intracelular. A fosfodiesterase usualmente hidrolisa o AMPc a AMP, mas após o consumo da cafeína, a concentração de AMPc eleva-se e a atividade do SNS aumenta e a lipase hormônio sensível inativa é ativada, promovendo a lipólise.

A atividade do SNS e a lipólise são dependentes do AMPc, visto que este ativa a proteína quinase A (PKA). Além da inibição da fosfodiesterase, a cafeína também afeta a termogênese por meio do estímulo de ciclos, tais como o ciclo de Cori e o ciclo do FFA-triacilglicerol.



No ciclo de Cori, o lactato move-se do músculo para o fígado, onde é convertido a piruvato. O piruvato pode ser convertido à glicose por meio da enzima lactato desidrogenase e circula de volta ao músculo através do sangue. Foi mostrado que o turnover dos ácidos graxos livres e a oxidação lipídica são aumentados após o consumo de cafeína, mas isso necessita de um grande aumento na oxidação lipídica. O turnover lipídico não oxidativo, a hidrólise e a re-esterificação do triacilglicerol são aumentados em maior grau em comparação a oxidação lipídica. Além disso, a cafeína antagoniza os efeitos inibitórios da adenosina sobre a lipólise pela adenilil ciclase.

Além disso, a cafeína parece ser benéfica aos indivíduos com Doença de Parkinson (DP), além de prevenir o aparecimento da doença. A cafeína tem grande semelhança à adenosina, ligando-se aos seus receptores, o que impede a ação da mesma no SNC. A adenosina, por sua vez, bloqueia a dopamina. Dessa forma, o consumo de alimentos ricos em cafeína como o café, chocolate amargo, chá preto, chá mate, pode levar ao bloqueio da adenosina e ao aumento das concentrações de dopamina, que estão diminuídas no indivíduo com DP.

Porém deve-se ficar atento à ingestão de café pelas grávidas. O metabolismo da cafeína é mais lento nas mulheres grávidas e no feto, resultando numa exposição a este composto mais longa e, possivelmente, em teores mais elevados. Uma vez que a cafeína atravessa facilmente a placenta e muitas mulheres consomem cafeína durante a gravidez, grande parte dos recém-nascidos possui níveis farmacologicamente ativos de cafeína no plasma. Por precaução, e porque são necessários ainda mais estudos sobre estas questões, recomenda-se a interrupção ou redução da ingestão diária de cafeína para o equivalente a uma ou duas xícaras de café (<150 mg), durante a gravidez. Algumas investigações demonstram um ligeiro aumento do risco de aborto espontâneo devido ao consumo deste composto (através do café ou outras fontes), especialmente quando a sua ingestão excede os 300 mg/dia.

O consumo moderado de cafeína não parece de um modo geral, acarretar riscos para a saúde. Porém, doses elevadas podem induzir efeitos negativos tais como taquicardia, palpitações, insônias, ansiedade, tremores, dores de cabeça e náuseas. Estes efeitos indesejáveis podem manifestar-se, igualmente, em alguns indivíduos sensíveis à cafeína, mesmo sem o consumo de elevadas quantidades de café.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Alves, RC; Casal, S; Oliveira, B. Benefícios do café na saúde: mito ou realidade?. Quim. Nova 2009; v.32, n.8, p: 2169-2180.

Meuer, MC; Rocha, GDW. Alimentos Causadores de Alergia Alimentar. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br Acessado em: 10/04/2017.

Moritz, B; Manosso, LM. Nutrição Clínica Funcional: Neurologia. São Paulo: VP Editora, 2015.


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