quinta-feira, 6 de abril de 2017

Gordura Localizada



A obesidade é uma doença que representa encargos elevados quer para os indivíduos quer para os sistemas de saúde. Num contexto em que as taxas de obesidade aumentam de forma generalizada em todos os países, tornou-se um problema de saúde pública. A obesidade entre crianças e jovens é um problema crescente em muitos países e o seu combate é alvo de várias medidas de saúde pública.

A alimentação ocidental mudou de alimentos frescos e vegetarianos para uma dieta farta de alimentos processados, refinados e de origem animal. Isso tem levado a população a ingerir em excesso calorias e gorduras, além de um alto consumo de açúcar refinado, sal e poucas fibras.

Outro aspecto importante é o avanço da tecnologia, o qual facilitou o cotidiano fazendo com que se poupe mais energia. Esses dois fatores (transição nutricional e tecnologia) resultaram em ganho de peso pela população na maioria dos países.

O excesso de peso é mais prevalente no público feminino. O aumento da gordura visceral abdominal acompanha a menopausa, estando assim associada à redução dos níveis de atividade física habitual e gera na mulher o surgimento de doença da inatividade física, caracterizada pela manifestação de um conjunto de patologias entre as quais se incluem a diabetes mellitus tipo 2, as doenças cardiovasculares, a depressão, a demência, algumas formas de câncer como os de mama, ovário e endométrio.

A proeminência abdominal pode ser determinada pelos fatores suscetíveis a alterar um ou mais desses compartimentos. Dentre eles, podemos destacar a dieta hipercalórica, hiperglicídica, hiperlipídica, consumo de alimentos de alto índice glicêmico e ricos em enxofre.

Sabe-se que os nutrientes que compõe a dieta regulam a lipogênese no fígado e no tecido adiposo, bem como o tipo de carboidrato. Se for fornecida apenas frutose como carboidrato, há maior atividade das enzimas lipogênicas que se for glicose. Ao contrário, a adição de gordura, em particular ácidos graxos poli-insaturados, reduz a atividade enzimática lipogênica. Conclui-se então que não dá modificar apenas em um componente da dieta sem modificar outros.

Um estudo com mulheres com obesidade visceral e subcutânea, os pesquisadores demonstraram que a dieta de baixa caloria leva à maior perda de gordura visceral que a de gordura subcutânea, fato mais evidente entre aquelas com obesidade visceral. Assim, a gordura intra-abdominal visceral tem maior facilidade de mobilização lipídica que a gordura subcutânea e tal mobilização acarretaram em melhora concomitante da glicemia plasmática e do metabolismo glicídico.

A diminuição da ingestão da quantidade de lipídio da dieta em geral leva à redução da ingestão da energia total. Isso pode provocar perda da gordura, de modo mais específico, redução da gordura visceral. Alimentos com alta razão lipídios/carboidratos costumam ter maior densidade energética que alimentos ricos em carboidratos, e, portanto promovem maior hiperfagia passiva (consumo energético maior que o gasto, sem intenção de fazê-lo), com balanço energético positivo e ganho de peso em indivíduos suscetíveis.



Já os alimentos de alto índice glicêmico desencadeiam uma sequência de eventos hormonais, que limita a disponibilidade de combustível metabólico no período pós-prandial, levando à fome e à ingestão alimentar excessiva. Essas mudanças hormonais e metabólicas resultantes da ingestão de dietas hiperglicídicas com alto índice glicêmico são a elevação da glicemia e da hiperinsulinemia pós-prandiais, o que leva ao rápido armazenamento de substratos na forma de gordura corporal, além de estimular a hiperfagia.

Os alimentos de baixo índice glicêmico são mais ricos em fibras e uma das teorias atesta que as fibras – sobretudo as solúveis – favorecem uma maior distensão gástrica, levando a uma maior secreção de colecistoquinina (CCK). Assim, por outra via, os alimentos de baixo índice glicêmico induzem a sensação de saciedade.

Sendo assim, deve-se estimular uma dieta rica em fibras, vegetais, legumes, alimentos integrais e não refinados e limitar a ingestão de tubérculos, carboidratos refinados e açúcar simples.

Ressalta-se a importância de estudos experimentais que investiguem os fatores relacionados à proeminência abdominal como um meio de propor tratamento dietoterápico para o controle da gordura abdominal em mulheres em geral, possibilitando intervenções que auxiliem na promoção de hábitos alimentares saudáveis para uma melhor redução de gordura abdominal.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Meuer, MC, Rocha, GDW. Gordura Localizada. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br Acessado em: 27/03/2017.

Pitanga, CPS. et al. Associação entre o nível de atividade física e a área de gordura visceral em mulheres pós-menopáusicas. Rev Bras Med Esporte vol.20 no.4 São Paulo July/Aug. 2014.

Pujol, AP. Fatores nutricionais e sua correlação com a proeminência abdominal em mulheres. In: Ana Paula Pujol (org). Nutrição Aplicada à Estética. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2011. 281-299.

Wijnhoven, TMA. et al. WHO European Childhood Obesity Surveillance Initiative 2008: weight, height and body mass index in 6–9-year-old children”, Pediatric Obesity, 8, pp. 79-97.

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