Desde 2013, a dieta mediterrânea é
considerada Patrimônio Mundial e Imaterial da Humanidade pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). E não é a toa que
ela é assim considerada. Neste artigo vamos esclarecer a razão pela qual esta
dieta é uma das mais saudáveis do mundo.
A dieta
mediterrânea é um conjunto de alimentos e hábitos alimentares que fazem parte
da cultura de determinados países da região mediterrânea, como Itália, França,
Grécia, Espanha, Portugal, Líbano, Marrocos, Turquia, entre outros. E, embora
esses países sejam diferentes em relação à cultura, religião e política,
compartilham muitas semelhanças, como o clima, temperatura e solo, fatores que
influenciam diretamente na agricultura e, consequentemente, nos costumes
alimentares da população dessa região.
É uma dieta que existe há anos, porém só começou a
ser estudada detalhadamente há pouco tempo. E o que se obteve foi vários
estudos científicos comprovando os benefícios deste hábito no tratamento e
prevenção de doenças.
Mas, por que isto ocorre? Primeiramente,
precisamos entender como esta dieta é constituída. As principais
características são: uso de azeite de oliva como principal fonte de gordura na
alimentação; alto consumo de vegetais, frutas, grãos e cereais; consumo de
peixes e aves semanalmente, e em quantidades moderadas; consumo de frutas secas
oleaginosas (nozes e similares) diariamente; consumo de produtos lácteos
diariamente, em quantidades moderadas, principalmente queijos e iogurtes; ovos
(no máximo, quatro vezes por semana); baixo consumo de carnes vermelhas (no
máximo, duas vezes por semana) e consumo de vinho tinto em pequenas
quantidades.
Por conta destas
características da dieta, os povos da região mediterrânea possuem baixas taxas
de doenças cardiovasculares e alta expectativa de vida. Além disso, o padrão
alimentar típico dos países mediterrâneos está associado a uma menor incidência
de declínio cognitivo leve e de doenças neurodegenerativas. Isto ocorre devido
aos alimentos consumidos serem ricos em compostos, como os ácidos graxos mono e
poli-insaturados, as vitaminas B, D e E e polifenóis, que desempenham,
principalmente funções anti-inflamatórias e antioxidantes.
Pesquisas mostram que os benefícios da dieta
mediterrânea estão associados com uma melhora significativa no estado de saúde
geral, redução significativa na mortalidade total, mortalidade por doenças
cardiovasculares, incidência ou mortalidade por câncer, além da diminuição na
incidência de doenças neurológicas, como doença de Parkinson e Alzheimer.
Um estudo publicado na New England Journal
of Medicine (2013) demonstrou que, entre as pessoas com alto risco
cardiovascular, a dieta mediterrânea reduziu a incidência de eventos
cardiovasculares. Foi um estudo que avaliou 7.447 indivíduos, homens e
mulheres, com idade entre 55 a 80 anos, e que teve a duração de quase 5 anos.
Todos os participantes tinham alto risco para desenvolver doença cardiovascular
e ao longo dos anos, os pesquisadores avaliaram as taxas de eventos
cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e morte
por causas cardiovasculares. Os participantes foram distribuídos em três
grupos: o primeiro recebeu orientações para consumir a dieta mediterrânea com
quatro colheres de sopa de azeite de oliva extra virgem por dia; o segundo
recebeu orientações para consumir a dieta mediterrânea suplementada com
castanhas e nozes (30 g por dia: com 15 g de nozes, 7,5g de avelãs, e 7,5g de
amêndoas); e o terceiro recebeu uma dieta controle, com orientações para
consumir uma dieta com baixo teor de gordura. Após a conclusão do estudo, os
pesquisadores observaram que os dois grupos da dieta mediterrânea apresentaram
redução de aproximadamente 30% no risco de desenvolvimento de eventos
cardiovasculares, em comparação com o grupo controle. Estes resultados
sustentam os benefícios da dieta mediterrânea para a prevenção primária da
doença cardiovascular.
Outro estudo
publicado British Journal of Nutrition (2012) também relacionou a dieta
mediterrânea com a prevenção de doenças cardiovasculares. Esta pesquisa, que
incluiu 40.142 indivíduos espanhóis participantes da Investigação Prospectiva
Europeia sobre Câncer e Nutrição sem histórico de doenças crônicas concluiu que
o consumo de azeite de oliva está relacionado com menor incidência no
desenvolvimento de doença arterial coronariana (DAC). Os pesquisadores
enfatizam a necessidade de manter o uso do azeite na culinária tradicional da
dieta mediterrânea para reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Eles
também demonstraram que, para cada 10 g por dia de azeite oliva consumido, há
redução significativa de 7% no risco de doenças cardiovasculares. Essa
associação inversa foi mais pronunciada em não fumantes (11% de redução do
risco de DAC) e nos indivíduos que nunca ou pouco consumiram bebida alcoólica
(25% de redução do risco de DAC).
Com isso, se confirmam os benefícios da
adesão à dieta mediterrânea, a qual protege de forma significativa contra as
principais doenças crônico-degenerativas. Portanto, trata-se de um modelo de
alimentação saudável que contribui para um estado de saúde favorável e melhora
a qualidade de vida. Para aderir este tipo de alimentação é preciso deixar o
cardápio rico em frutas, verduras, legumes, cereais, nozes e castanhas; azeite
de oliva como a principal fonte de lipídios; consumo moderado de iogurtes e
queijos, consumo moderado de vinho tinto durante as refeições, consumo
preferencial de peixes e baixo consumo de carne vermelha. Também não podemos
esquecer de atrelar tudo isso à prática de atividade física.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referência Bibliográfica:
Schwarz,
K. Dieta mediterrânea e os benefícios à saúde. Grupo de Estudos em Alimentos
Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br
Acessado em: 15/01/2019.
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