segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Nutrição e Diabetes Tipo 1


A grande diferença entre a diabetes tipo 1 e 2 é que no caso da Diabetes tipo 1, o pâncreas deixa subitamente de produzir insulina. Isso faz com que a subida do açúcar no sangue seja súbita e muito exagerada. Para além disso, a falta absoluta de insulina dá origem à produção de substâncias tóxicas no organismo, os chamados “corpos cetônicos”, que dão mal-estar e náuseas. Como não há qualquer produção de insulina, a única forma de tratar consiste em administrar insulina.

Após a conclusão do maior estudo envolvendo diabéticos tipo 1, o DCCT (Diabetes Control and Complications Trial) determinou que o tratamento disciplinado no diabetes mellitus tipo 1 permite prevenir ou retardar as complicações agudas e crônicas da doença. O controle metabólico adequado permite a redução da morbimortalidade no DM1.

O comprometimento significante da qualidade de vida é frequentemente relacionado ao diabetes, incluindo limitações funcionais, estresse social e financeiro, desconforto emocional e até depressão maior. Estima-se que a redução da qualidade de vida no diabético seja decorrente de múltiplas complicações a longo prazo e do controle glicêmico inadequado. O perfil psicológico e o grau de aceitação do DM1 parecem exercer influência direta nos níveis glicêmicos do paciente.

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune e geralmente surge ainda na infância ou adolescência.

A hemoglobina glicada (HbA1c) é o teste mais indicado na quantificação do risco de complicações crônicas em pacientes diabéticos. E trabalhos já concluíram que o risco de complicações em pacientes diabéticos é diretamente proporcional ao controle glicêmico, determinado através dos níveis de HbA1c. Alguns estudos vem mostrando que o acompanhamento nutricional com profissional especializado reduz a HbA1c - tanto de pacientes com DM1 quanto com DM2 - após 3 a 6 meses de tratamento.

Na gravidez, o acompanhamento da paciente pela dosagem de HbA1c não está indicado. Nessa situação é muito mais eficiente um controle rigoroso dos níveis das glicemias de jejum e duas horas após as refeições e a frutosamina. O acompanhamento pré-natal é fundamental para minimizar os riscos de complicações como macrossomia e, principalmente, aborto espontâneo.

Nas crianças, durante a fase pré-puberal, o nível aceitável de A1c é de até 8% e, na fase puberal, inferior a 8,5%. Nos pacientes idosos, um nível de A1c de até 8% é apropriado. A tentativa de um controle rígido da glicemia nessa faixa etária, assim como nas fases pré-puberal e puberal, pode induzir a efeitos colaterais indesejados, como, por exemplo, episódios importantes de hipoglicemia.

Conduta Nutricional

A conduta nutricional preconizada atualmente para pessoas com DM1 baseia-se em alimentação variada e equilibrada que atenda ás necessidades nutricionais, considerando todas as fases da vida do paciente. Em diabéticos tipo 1, a abordagem mais efetiva no controle da glicemia pós-prandial é o ajuste das doses de insulina antes das refeições com base na quantidade de carboidratos consumida. Pode-se fixar as doses de insulina e as quantidades de carboidratos na dieta. Quando houver variação em ambas, entretanto, é possível estimar a quantidade de carboidratos para se determinar a dose de insulina a ser empregada.

A nutrição equilibrada estabelecida a partir de macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios) e micronutrientes (vitaminas e minerais) prescritos de maneira individualizada, deve basear-se nos objetivos do tratamento. A ingestão dietética recomendada segue os mesmos padrões e recomendações definidas para a população em geral. Indivíduos com DM1 (e os diabéticos tipo 2) e seus familiares devem ser inseridos em programas de tratamento que priorizem a educação nutricional a partir do diagnóstico, pois assim terão certeza do autocuidado e saberão fazer com segurança suas escolhas alimentares.

Os carboidratos continuam fazendo parte da dieta do paciente diabético tipo 1. Mas quando o paciente usa a terapia de Contagem de Carboidratos ele sabe a quantidade certa de carboidratos a ser consumida em cada horário, bem como fazer suas substituições e, principalmente entender os rótulos dos industrializados. A quantidade de lipídios deve ser individualizada, sendo que a qualidade do ácido graxo é mais importante do que a gordura.
Quanto a prescrição de proteínas, devem estar entre 15 e 20% do valor energético total para pacientes que não têm nenhum comprometimento da função renal. Vitaminas e minerais devem seguir as recomendações normais ou serem suplementadas quando necessário. Alguns pacientes ficam com deficiências por terem muita perda na urina, quando descompensados, por exemplo.

A contagem de carboidratos é um instrumento de controle que deve ser inserido dentro de uma alimentação saudável e deve ser adequada ao uso da insulina, para que seja feita a aplicação de acordo com a alimentação que será ingerida.

As gorduras também tem seu papel na dieta e precisa ser balanceada como todos os macronutrientes. Assim como todas as pessoas, os portadores de diabetes são desencorajados a consumir qualquer alimento que contenha gordura trans (gordura vegetal hidrogenada) já que, além de elevar o colesterol sanguíneo, reduz a concentração do “colesterol bom”, o HDL-c. Já os ácidos graxos monoinsaturados, presentes no azeite de oliva e no óleo de canola, não elevam a concentração plasmática de colesterol e LDL. Os ácidos graxos monoinsaturados não elevam a glicemia quando comparados com a dieta rica em carboidratos (> 55% das calorias).

O uso de adoçantes artificiais

Os edulcorantes são produtos comumente utilizados na alimentação de indivíduos diabéticos e obesos. São indicados em substituição ao açúcar comum, sacarose, com a finalidade de, respectivamente, evitar a ocorrência de picos hiperglicêmicos e reduzir o teor calórico das dietas. Diferem quanto às suas propriedades químicas, poder adoçante e estabilidade na cocção e possuem finalidades e aplicações distintas. Os adoçantes reproduzem, na maioria das vezes, algumas características do açúcar, mas não todas. A solução empregada com a finalidade de aproximar o seu sabor ao do açúcar é a utilização de misturas (blends) com dois ou mais tipos de adoçantes. O uso do aspartame com ciclamato é o exemplo mais encontrado em bebidas e preparações de alimentos. Dessa forma, com a associação das duas substâncias, potencializam-se as vantagens de cada um dos edulcorantes e são neutralizadas as desvantagens, com o sabor residual.

Os adoçantes são classificados em duas categorias: calóricos e não calóricos. Os adoçantes calóricos não são contraindicados para diabéticos quando utilizados em pequenas quantidades nas preparações e em combinação com outros adoçantes. Porém, quando utilizados na forma livre, como é o caso da frutose, deve-se considerar o seu valor calórico e as possíveis alterações glicêmicas que possa provocar. Entre os adoçantes nutritivos encontram-se a frutose e o sorbitol. Os não nutritivos são: o aspartame (fenilalanina + ácido aspártico), a sacarina e o ciclamato, os três produtos sintéticos; o acessulfame-k, um sal de potássio; e a sucralose, derivada da cana de açúcar. 

Consulte sempre seu médico e nutricionista (familiarizado com terapia de insulinas).

Texto elaborado por: Priscila Di Ciero

Nutricionista formada em 2001, sou pós-graduada em Nutrição Esportiva Funcional e estou em formação para obtenção da certificação do Functional Medicine Institute (USA). Sou self e professional Coach formada pelo IBC e certificada pelo Internacional Society of Sports Nutrition (USA). Atualmente curso pós-graduação em Fitoterapia e atendo em consultório particular na zona sul de São Paulo (SP).

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

The Diabetes Control and Complications Trial Research Group: The effect of intensive treatment of diabetes on the development and progression of long-term complications in insulin-dependent diabetes mellitus. N Engl J Med 1993;329:977-85. 

Lottenberg, Ana Maria Pita. Características da dieta nas diferentes fases da evolução do diabetes melito tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metab vol.52 no.2 São Paulo Mar. 2008

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