terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Desnutrição na Terapia Antirretroviral

 


Apesar do avanço no tratamento, efeitos colaterais ainda são frequentes em pacientes com HIV/Aids

De acordo com dados de 2016 do Ministério da Saúde, do total de pessoas estimadas vivendo com HIV no Brasil, 55% estão em tratamento com medicamentos antirretrovirais, que têm a função de inibir a multiplicação do vírus no organismo, prevenindo, assim, danos ao sistema imunológico. Mesmo com a evolução do tratamento ao longo dos anos, que hoje recebe o nome de HAART (terapia antirretroviral de alta eficácia), muitos efeitos colaterais são relatados por pacientes, como: náusea, vômito, diarreia, cefaleia, sonolência, falta concentração, rash cutâneo, disfunção hepática, reações alérgicas, alterações hematológicas, entre outros a longo prazo. 

Alguns dos sintomas que mais preocupam os profissionais de saúde são a desnutrição e perda de peso, tanto como consequências da HAART, como da própria doença que, por meio de uma variedade de mecanismos, interfere na ingestão alimentar causando anorexia e disfagia e, consequentemente, levam à perda de peso.

De acordo com dados do Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, a perda de peso em pacientes com infecção pelo HIV, particularmente perda da massa muscular metabolicamente ativa, está associada ao aumento da mortalidade e aceleração da progressão da doença. Além disso, o Projeto também aponta que 18% dos pacientes, monitorados durante um ano, perderam 10% do peso corporal durante visitas seriadas, enquanto 21% perderam 5% e, 8%, apresentaram Índice de Massa Corporal (IMC) menor que 20kg/m².

HAART

A terapia combinada com drogas antirretrovirais (HAART) melhorou o prognóstico da infecção por HIV, mas aumentou o risco de alterações metabólicas e da composição corporal. Praticamente todas as medicações têm efeitos colaterais, mas nem todas as pessoas que a utilizam apresentam tais sintomas e na mesma proporção. Os medicamentos mais atuais são significativamente mais tolerados que os mais antigos, mas a desnutrição pode ocorrer, principalmente, como consequência dos efeitos colaterais gastrointestinais - náusea, vômito, diarreia, anorexia, alteração do paladar, dor na região do abdômen e pancreatite (infecção no pâncreas).

Além da desnutrição, outro efeito colateral comum que a HAART pode causar é a síndrome da lipodistrofia (alteração na distribuição da gordura corporal, podendo ser o acúmulo ou perda de gordura em determinadas partes do corpo, principalmente nos braços, pernas, rosto e nádegas).

Terapia nutricional

De acordo com o Projeto Diretrizes, um estudo realizado no Brasil demonstrou que a maioria dos pacientes adultos infectados com HIV em tratamento com antirretrovirais segue dietas inadequadas. Observou-se que 64,3% dos indivíduos ingerem dieta em excesso e de baixa qualidade, o que foi associado ao sobrepeso. Por outro lado, 8,7% fazem uso de dieta nutricionalmente pobre. 

A terapia nutricional está indicada quando o paciente apresenta significante perda de peso (> 5% em três meses ou diminuição da massa muscular corporal (> 5% em três meses). A TN deve ser também considerada em pacientes com IMC 2 evacuações por dia por mais de 30 dias) e atividades de citocinas. Há associação com aumento da morbidade e da mortalidade, além de maior susceptibilidade a infecções oportunistas e tumores. 

Lipodistrofia

No caso dos pacientes com lipodistrofia, a terapia nutricional associada à atividade física promove significativa alteração na composição corporal e pode ser usada de forma complementar nos pacientes com HIV sob terapia com HAART. Além disso, um dos estudos demonstrou que homens com HIV e lipodistrofia que seguiram uma dieta balanceada, por dez semanas, apresentaram significativa perda de tecido adiposo. Portanto, a dieta adequada pode ser recomendada para pacientes que utilizam antirretrovirais.

Ômega 3

Um estudo realizado pela Tufts School of Medicine, localizada em Boston (EUA), e apresentado em 2016 durante a IDWeek (evento que apresenta as mais recentes abordagens científicas para prevenção, diagnóstico, tratamento e epidemiologia de doenças infecciosas, incluindo o HIV), apontou uma diminuição dos níveis de lipídeos no sangue, inflamação e função vascular com o uso prolongado de suplemento de ácidos graxos Ômega-3. 

Especialistas recomendam que, sempre que houver perda de peso corporal e alterações importantes de composição corporal, deve-se atuar de imediato em qualquer indivíduo HIV+, assintomático ou na vigência de Aids.

 


 

A importância do tratamento

Apesar dos efeitos colaterais, médicos afirmam que começar o tratamento cedo é crucial para conseguir atingir uma qualidade de vida melhor e por mais tempo. Segundo um estudo publicado na revista científica britânica The Lancet, jovens contaminados com HIV que passam a tomar o coquetel de remédios já conseguem ter uma expectativa de vida "bem perto da normal" graças a avanços no tratamento.

Pessoas de 20 anos que começaram o tratamento antirretroviral em 2010 já têm uma expectativa de vida 10 anos mais alta que a de jovens da mesma idade submetidos ao tratamento em 1996. 


 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referência Bibliográfica:

 Desnutrição na Terapia Antirretroviral. ProDiet Nutrição Clínica. Disponível em: www.prodiet.com.br Acessado em: 01/12/2020.

 

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