sexta-feira, 29 de março de 2019

Disfagia


A palavra disfagia tem origem grega e significa dificuldade para comer. Chamamos de disfagia a dificuldade de deglutição. A deglutição é o ato de engolir e possui finalidade de levar o alimentos e/ou saliva desde a boca até o estômago. A deglutição é composta, didaticamente, pelas fases oral, faríngea e esofagogástrica. A fase oral, apesar da possibilidade de interferência voluntária, envolve várias ações automatizadas, sem a necessidade de coordená-las conscientemente. As fases faríngea e esofagogástrica são fases involuntárias, pois uma vez desencadeadas não há possibilidade de interferência volitiva.

Dessa forma, podemos dividir a síndrome disfágica em dois grandes grupos: a disfagia orofaríngea e a disfagia esofágica, sendo as alterações na fase oral e faríngea relacionadas ao primeiro grupo, e as anormalidades da fase esofagogástrica ao segundo.
O que sempre deve ser lembrado, é que, independente da localização ou causa, toda disfagia pode, potencialmente, levar a perda de peso e problemas nutricionais graves. Do diagnóstico depende a conduta correta, e em tempo hábil, que pode influir na morbidade e prognóstico do paciente.

Causas da Disfagia

Determinadas situações mórbidas podem desencadear a síndrome disfágica. As causas mais comuns da síndrome disfágica são acidente vascular cerebral (AVC), doença de Parkinson, Mal de Alzheimer, miastenia grave, distrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica, paralisia cerebral, distúrbios gastroenterológicos e câncer de cabeça e pescoço.

Diagnóstico e Sintomas

O diagnóstico da disfagia deve inicialmente ser clínico e efetuado preferencialmente por profissional habilitado. Exames diagnósticos complementares como nasofaringoscopia, videodeglutorama oral, pHmetria, manometria esofágica e endoscopia digestória alta podem ser realizados. 

Os sintomas da disfagia são: dificuldade em deglutir a saliva; dificuldade no controle da língua na alimentação em geral; diminuição da movimentação das estruturas envolvidas na alimentação; tosse frequente durante a ingestão de qualquer tipo de alimento ou líquido, e até de saliva; falta de ar; perda de peso ou nutrição inadequada por tempo prolongado.

Cuidados Nutricionais

Os objetivos da dietoterapia para pacientes com disfagia são: prevenir a perda de peso; evitar a aspiração, sufocação; facilitar alimentação e deglutição segura e independente; evitar e tratar efeitos indesejáveis relacionados ao tratamento (perda de fluidos, e eletrólitos, diarreia, vômitos); proporcionar calorias adequadas, proteínas, carboidratos, gordura, vitaminas, minerais e hidratação.

Maior atenção deve ser dada à ingestão de líquidos, pois exige maior controle fisiológico do paciente e oferece grande risco de aspiração. O recurso utilizado baseia-se na utilização de produtos industrializados ou naturais que possibilitem o espessamento do líquido.

Na orientação nutricional para o paciente disfágico, deve-se dar importância à consistência e ao tipo de alimento oferecido. Após a administração de leite ou derivados, deve-se orientar a ingestão de alimentos adstringente (como maçã ou pera) devido leite e derivados possuírem resíduos que podem ser depositados na laringe.

A consistência dietética utilizada dependerá do grau de disfagia, e caso esta seja grave, deverá ser indicada a terapia nutricional enteral.

Características da dieta e os graus de disfagia:

Disfagia 1: dieta pastosa homogênea – alimentos cozidos e/ou liquidificados de maneira espessa, quando necessário;

Disfagia 2: dieta pastosa – alimentos que necessitam de pouca habilidade de mastigação, como carnes e vegetais picados e bem cozidos, arroz pastoso e pães moles;

Disfagia 3: dieta branda – alimentos que necessitam de certa habilidade de mastigação. Deve conter alimentos macios como carnes bem cozidas e úmidas, legumes e verduras cozidos e algumas frutas;

Disfagia 4: dieta geral – inclui todos os alimentos de uma dieta habitual.

Faz parte da terapia fonoaudiológica a estimulação sensorial intraoral térmica (quente e fria, podendo-se usar alimentos) e tátil, o reflexo da deglutição, a gustação, bem como exercício para o controle oral.

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

Cukier, C; Magnoni, D; Alvarez, T. Nutrição baseada na fisiologia dos órgãos e sistemas. 1 ed São Paulo: Sarvier, 2005.

Magnoni, D; Cukier, C. Perguntas e Respostas em Nutrição Clínica. 2 ed. São Paulo: Rocca, 2004.

Medeiros, FJ; Diestel, CJ. Nutrição: questões, respostas comentadas. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

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