Você
já pensou em ter um mapa genético pra elaborar sua dieta, seus treinos, dosar
as medicações? E quais delas são mais eficientes para seu caso? Pois é, o
futuro parece que já está ao nosso alcance, e no último congresso Functional
Medicine nos EUA (2015) foi mostrado que o mapeamento genético já vem sendo
praticado por muitos médicos e nutricionistas para delinear o tratamento do
paciente. Isso sim que é individualidade bioquímica, o paciente ser analisado
como um organismo único, com necessidades nutricionais únicas, o estudo do
mapeamento genético confirma o que a nutrição funcional diz há anos: não existe
dieta pronta, não existe formula mágica, existe um planejamento alimentar para
ser eficiente tem que respeitar não somente as preferências do paciente mais
também seu histórico genético e sua individualidade bioquímica.
Antes de começar o post deixe eu explicar aqui alguns
termos:
DNA:
é o composto orgânico, cujas moléculas contêm as instruções genéticas que
coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos (e de
alguns vírus).
PROTEOMA:
Diferentes tecidos de nosso corpo têm diferentes proteínas. O proteoma é o
conjunto de proteínas e variantes de proteínas que podem ser encontrados numa
célula específica quando esta está sujeita a um certo estímulo. O projeto
proteoma humano dedica-se a aplicar a proteômica aos seres humanos.
PROTEÔMICA:
é um novo campo de estudo e tecnologia que analisa de forma global o conjunto
de proteínas expressa numa célula ou tecido (isto é, o proteoma). Devido à
natureza dinâmica do proteoma (ele se altera frente a diferentes condições e
estímulos), seu estudo representa uma forma de procurar possíveis funções de
proteínas, e uma forma de investigar processos metabólicos em sistemas vivos.
Podemos
comparar a idade de nossas células com a loja de um relojoeiro, aonde a maioria
dos relógios marca uma hora diferente do outro e alguns marcam à mesma hora.
Nossas células nascem e morrem frequentemente.
A
substituição destas milhões de células que necessitam ser repostas obriga o
corpo a sintetizar permanentemente novas células com todos os seus componentes.
Cujo arcabouço principal é a molécula de proteína. As proteínas são produzidas
a partir de informações armazenadas na molécula do ácido desoxirribonucleico
(DNA), herdada de nossos pais. O DNA armazena informações genéticas, caracteres
que passam de pai para filho e contêm informações necessárias para reproduzir
todas as proteínas necessárias para a vida. As enzimas, os hormônios e os
anticorpos são proteínas, assim como, a parede celular. Anteriormente
pensava-se que somente as células envolvidas com a reprodução continham as
informações necessárias para gerar um novo ser, isto é, somente o DNA do
espermatozóide e o óvulo teriam todas as informações genéticas para gerar uma
nova vida. Hoje sabe-se que qualquer célula do corpo contêm estas informações.
O que a maioria das pessoas pensa em medicina preventiva hoje é a descoberta e
tratamento realmente antes de desenvolver alguma doença.
A
nutrigenômica é a nutrição baseada em um exame genético que provêm a todos os
indivíduos informações sobre o futuro e o presente de sua saúde, tendo como
estratégia um tratamento direto e preventivo. Essas informações são obtidas
através do gene das pessoas e revelam os riscos de cada um desenvolver doenças
e ajudar a cada um fazer uma mudança de vida radical prevenindo com tratamento
adequado e modulado a resposta do seu exame.
Este
novo padrão de Nutrição Preventiva identifica através da genética os riscos de
doenças e uma ação específica para uma vida melhor, a prevenção é baseada,
portanto, na efetividade individual, ou seja, tratamento personalizado que
reconhece o fator individual e pontos específico de tratamento efetivo para
cada paciente, tornando clara as informações geradas de um guia personalizado
sobre hormônios, dietas, suplementos e medicamentos.
Utilizando
uma pequena amostra de material genético (sangue ou saliva), o exame avalia
pequenas porções do código genético que varia de pessoa para pessoa. Essas
variações são chamadas de Polimorfismos de nucleotídeos Simples (SNP), ou seja,
alterações na sequência de bases do DNA com uma alteração em um aminoácido da
sequência de uma enzima, sem mudança no fenótipo. As diferenças genéticas entre
as pessoas, relativas de uma mesma característica são possíveis pela existência
de diferentes versões para um mesmo gene na população. Cada indivíduo pode
carregar em seu DNA várias versões de um mesmo gene e a expressão pode ser
determinada por fatores ambientais. Todos nós temos SNPs, são as principais
características individuais. Alguns inclusive fazem com que as pessoas sejam
mais resistentes ou não a cada tipo específico de doença, faz com que nosso
corpo reaja de forma específica a cada dieta, estilo de vida e pode melhorar a
efetividade das medicações, ou ao contrário ampliar os efeitos colaterais de
determinados medicamentos.
Virtualmente
todas as doenças humanas resultam da interação da susceptibilidade genética e
modificação de fatores ambientas, infecciosos, químicos, físicos, nutricionais
e comportamentais, as discretas variações na maquiagem genética (SNP) estão
associadas a quase todas as doenças.
As
variações genéticas por si só, não causam as doenças, mas podem influenciar a
susceptibilidade da pessoa de acordo com alguns fatores específicos do ambiente
que aumentam seus riscos.
Genoma Clínico
O
conceito de individualidade bioquímica foi proposta inicialmente por Roger
Williams em 1956 para explicar a susceptibilidade de variações das doenças, necessidades
nutricionais e resposta de determinada droga. A revolução genômica nos permite
avaliar com testes preditivos a individualidade bioquímica verdadeira, podemos
avaliar com precisão que esta mais propenso a desenvolver determinada doença,
reações adversas ou favorável de uma droga específica ou suplemento terapêutico
e finalmente, quais os nutrientes são ótimos para a saúde e bem estar de uma
pessoa em particular.
Genética
é o estudo científico de hereditariedade, um gene de cada vez. Genoma é o estudo
dos genomas ou da totalidade do DNA de espécies simples. Enquanto a genética
estuda as leis da herança em uma linha linear e isolada. Os genomas tendem a
olhar todos os nossos genes juntos como um flexível sistema dinâmico,
interagindo e influenciando nossas vias bioquímicas e fisiológicas.
Vamos dar um exemplo como funciona na prática:
Após
o paciente passar em consulta, e analisar o histórico do paciente, podemos
indicar que ele faça um exame de polimorfismo para analisar suas
susceptibilidades genéticas de desenvolver doenças e saber como delinear melhor
o tratamento dietoterápico e suplementar. Vamos exemplificar o foco pra doença
cardiovascular.
Ao
retornar com exame, analisamos se ele apresenta polimorfismo em SELE
(E-selectina) pois mutações genéticas nesta glicoproteína aumenta drasticamente
o risco de aterosclerose e doença arterial coronariana prematura. O aumento da
expressão de E-selectina também está relacionado com risco de câncer de mama e
cólon.
O
que fazer com este exame em mãos? Tomar medicamentos? Não, a doença não se
desenvolveu você só sabe que pode vir a desenvolver determinada doença. O que
fazer? Prevenção e Modulação através da Nutrição Funcional (dieta e
suplementos, se necessário).
Usar
as informações gravadas no código genético para montar uma dieta é o que há de
mais moderno dentro da nutrição e esta é base da nutrigenômica. Porém não
devemos esquecer de olhar o paciente como um todo. Exames genéticos podem ser
úteis mas não definem o tratamento se analisado de forma isolada. O tratamento
e a conduta nutricional deve sempre levar em consideração o histórico do
paciente, sua rotina, estilo de vida, transtornos emocionais, entre outros
fatores.
Texto elaborado por: Ana Paula Martins
Especialista em Nutrição Clínica e Esportiva
Funcional e em Fitoterapia. Com mais de 14 anos de experiência em nutrição e
atendimento clínico. Membro da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Nutrigenomics in cardiovascular medicine, Dolores
Corella, PhD1,2 and Jose M. Ordovas, PhD.
Ligands for L-selectin: homing, inflammation, and
beyond, Annu Rev Immunol. 2004;22:129-56.
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