A
endometriose é uma doença hormônio-dependente, caracterizada por uma inflamação
crônica que causa muita dor pélvica e impacta bem estar físico, mental, social
e afeta muitas mulheres em idade fértil. Muitos gases abdominais, náuseas e
vômitos, retenção ou urgência urinária, alergias e outras doenças relacionadas
à imunidade também são relacionadas. Sim, é uma doença de caráter inflamatório,
e a dieta é super importante para prevenir e controlar a evolução da doença.
O diagnóstico é feito pelo médico, através de exames como a laparoscopia, e o tratamento geralmente envolve terapias como acupuntura, massagens, exercícios, tratamento hormonal, medicação para dor e claro, mudança na dieta e estilo de vida! Há ainda muitos dados conflitantes na literatura, mas sabemos que o papel de alguns nutrientes no aparecimento e controle do processo inflamatório, e no bem estar geral do ser humano, e por isso, não podemos esquecer do papel da dieta nisso tudo!
A
dependência estrogênica da doença é particularmente relevante aqui, e pesquisas
mostram que a dieta e o excesso de gordura tem peso muito grande na incidência
na endometriose, influenciando nos parâmetro inflamatórios, como o consumo de
PCBs, inseticidas e pesticidas através da dieta.
PCBs:
Bifenilos Policlorados, em geral conhecidos por PCB (do inglês polychlorinated
biphenyl), podem interferir com hormônios da tireoide e ter grande impacto no
desenvolvimento do sistema nervoso. Os organoestânicos – encontrados, por
exemplo, em plásticos e revestimentos para piso – podem interferir no
metabolismo do hormônio sexual masculino testosterona, impactando também à
fertilidade masculina. Em macacas, os PCBs e as dioxinas causam endometriose,
além de piorarem o quadro clínico em animais que já apresentam a doença. Outros
estudos sugerem que os PCBs e as dioxinas poderiam aumentar o risco de
endometriose em mulheres. As mulheres estão regularmente expostas a níveis de
dioxinas significativamente superiores àqueles que provocam endometriose em
macacas. Há diversas maneiras de se evitar o contato, converse com seu
Nutricionista e Médico para saber mais.
Pesticidas:
também chamados de praguicidas são todas as substâncias ou misturas que têm
como objetivo impedir, destruir, repelir ou mitigar qualquer praga. Um
pesticida pode ser uma substância química ou um agente biológico (tal como um
vírus ou bactéria) que é lançada de encontro com as pragas que estiverem
destruindo uma plantação, disseminando doenças, incomodando pessoas, etc. E
vários trabalhos já mostraram perigo de seu uso nos consumidores. Como evitar o
contato: Dê sempre preferência aos alimentos orgânicos e biodinâmicos.
Por
isso, há alguns riscos pré citados que podem ser modificados, e que você pode
começar o quanto antes!
Quanto
ao peso, bem, alguns trabalhos já mostraram uma relação inversa entre o IMC
(índice de massa corporal) e o risco da endometriose. Por isso, se você está
acima do peso e/ou carrega uma gordurinha abdominal, a correção da dieta deve
ser feita o quanto antes.
O que não pode faltar numa dieta protetora:
Folhas
verdes e frutas: Trabalhos mostram relação inversa entre o consumo folhas
verdes com o desenvolvimento da endometriose. As folhas verde escuras, em
particular, são ricas em folato, metionina, vitamina B6, nutrientes envolvidos
com o genoma nutricional – ajudam na expressão de genes e pode influenciar na
metilação do DNA.
Peixes e outros alimentos fontes de ômega-3
Há
dados conflitantes na literatura: alguns mostram efeitos protetores para
endometriose, outros não viram associação. Interessantemente, a gordura do tipo
ômega-3 atua na regulação de marcadores fisiológicos como as prostaglandinas e
citocinas, mostrando relação no controle da liberação de marcadores do tipo
inflamatórios (o que piorariam o quadro da endometriose). E por isso, deve-se
levar em conta dentro de uma dieta pra esse fim.
Frutas
cítricas: pela presença da vitamina C e outros bioflavonoides importantes
Cenoura,
beterraba, batata doce, abóbora, tomate, etc: por serem fontes de betacaroteno
(pró vitamina A), também tem seu papel no menor risco de endometriose. Claro,
dê sempre preferência aos orgânicos.
Abacate,
azeite de oliva e oleaginosas: ricas em diversos nutrientes protetores, em
especial a vitamina E, um potente antioxidante, que combate á peroxidação
lipídica (a agressão da camada de gordura que temos em todas as paredes de
nossas células). Essa peroxidação contribui para o aparecimento e
desenvolvimento de qualquer doença de caráter inflamatório, como a endometriose.
Derivados
de leite: excelentes fontes de cálcio e vitamina D, trabalhos associaram
inversão de risco para o desenvolvimento da endometriose com o consumo de
derivados de leite, como queijo e iogurte.
A
vitamina D e o cálcio possuem efeitos protetores dos mecanismos que promovem a
doença. E sim, a deficiência de vitamina D (tão presente na prática clínica de
consultório!) aumenta o risco para qualquer doença inflamatória, como a
endometriose.
E quanto ás gorduras saturadas?
Poucos
trabalhos foram feitos sobre esse consumo, mas um deles mostrou maior risco
para desenvolvimento da endometriose quanto maior fosse o consumo de carne
vermelha de carne vermelha (pela presença da gordura saturada), mas esses dados
não foram confirmados por outros autores. Porém, sabe-se que uma dieta rica em
carne vermelha tem associação com modesto aumento de estradiol e sulfato de
estrona, o que tem impacto direto na manutenção da doença propriamente dita.
Trabalhos não afirmaram nada sobre o consumo de manteiga. E em se tratando da
gordura trans (gordura vegetal hidrogenada), geralmente encontrada em alimentos
processados, tem impacto negativo na saúde de um modo geral. Em 2010, trabalho
mostrou que mulheres que ingeriam gordura saturada tinham 48% maior risco para
desenvolver endometriose. E claro, gordura trans são associadas com mais
marcadores inflamatórios na circulação (como fator de necrose tumoral, IL-6 e
proteína C reativa).
E quanto ás gorduras insaturadas?
Azeite
de oliva, oleaginosas, óleo de canola, etc. são fontes de gorduras insaturadas,
e possuem efeitos protetores diversos. Porém, ainda não se tem trabalhos
conclusivos a respeito dessas gorduras na endometriose. Como nutricionista,
acredito que o balanço entre as gorduras saturadas X insaturadas seja de grande
importância para o balanço do organismo, e aqui em consultório, reforço o
consumo disso em uma dieta, especialmente a do azeite de oliva, que fornece uma
variedade de antioxidantes e micronutrientes que não encontramos em outros
óleos, como o ácido oleico, potente antioxidante.
Pode tomar café?
Ufa!
Trabalhos não confirmaram associação entre o consumo de café com aumento de
risco pra endometriose. Mas vale ressaltar que o consumo de muito café, e
outros alimentos fontes de cafeína, junto às refeições (como almoço e jantar),
pode interferir na absorção de ferro e zinco, que são nutrientes protetores, e
desenvolvem papel importante na saúde da mulher como um todo.
E a soja?
Muito
consumida no Japão e outros países da Ásia, a soja possui um efeito
estrogênio-simile que tem impacto no aparecimento e poderia piorar o quadro de
quem apresenta endometriose. Porém, não há dados ainda confirmados em testes em
humanos. Minha opinião? Evite ao máximo, exceto algumas vezes o consumo dos
fermentados, como tempeh, natô e missô.
Não
há regra, há individualidade bioquímica! Por isso, consulte sempre seu
Nutricionista, ok?
Texto elaborado por: Priscila Di Ciero
Nutricionista formada em 2001, sou
pós-graduada em Nutrição
Esportiva Funcional e estou em formação para obtenção da
certificação do Functional Medicine Institute (USA). Sou self e professional
Coach formada pelo IBC e certificada pelo Internacional Society of
Sports Nutrition (USA). Atualmente curso pós-graduação em Fitoterapia e
atendo em consultório particular na zona sul de São Paulo (SP).
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências bibliográficas:
Parazzini, Fabio, et al. Diet and endometriosis risk: A literature review.
Reproductive BioMedicine Online (2013) 26, 323-336.
Rier S, Foster WG (2002). Environmental dioxins and
endometriosis. Toxicol Sci;70(2):161–70.
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