A berinjela, cujo nome científico
é Solanum melongena L., é uma planta pertencente à mesma família do
tomate e da batata. É consumida em todo o mundo e contém uma variedade de
compostos benéficos à saúde como os flavonoides, que são antioxidantes
polifenólicos também encontrados em outras verduras e frutas, condimentos,
vinhos e chás.
Há algum tempo, este vegetal tem sido usado pela população
como um tratamento alternativo para as dislipidemias. As dislipidemias, que
também podem ser chamadas hiperlipidemias, nada mais são do que o aumento dos
lipídios (gordura) no sangue, principalmente as gorduras conhecidas como
colesterol e triglicerídeos. Em quantidades adequadas, estas gorduras
cumprem com suas importantes funções no organismo, porém, quando em quantidades
elevadas podem levar ao aparecimento de placas de ateroma, que obstruem os
vasos sanguíneos causando doenças cardiovasculares.
No Brasil e em todo o mundo, as
doenças cardiovasculares apresentam um quadro cada vez mais preocupante, pois
estão entre as principais causas de morte.
Neste sentido, apesar da
contraditoriedade dos dados científicos, chá de berinjela, suco de berinjela
com laranja e outras variações, bem como extratos secos do vegetal vêm sendo recomendados
como tratamento para reduzir o colesterol, algo que se encontra disseminado no
Brasil todo. Como terapia alternativa, se o uso da berinjela for realmente
eficaz, torna-se um importante meio de combater às dislipidemias pelo baixo
custo e fácil obtenção pela população.
Sabe-se que os flavonoides, compostos presentes na berinjela,
têm relação inversa com a mortalidade por doença arterial coronariana e
acredita-se que isso ocorra por conta da ação dos flavonoides na inibição da
oxidação do colesterol LDL (colesterol ruim) e na redução da agregação
plaquetária. Outro nutriente presente na berinjela é a fibra, cerca de 2,9 g
por 100 g do vegetal. As fibras também estão relacionadas com a diminuição do
colesterol, pois podem se ligar aos ácidos biliares diminuindo a reabsorção do
colesterol. Estes então poderiam ser os mecanismos pelos quais os compostos
presentes na berinjela auxiliariam na diminuição do colesterol.
Porém, o que os estudos apontam ainda é contraditório. Estudo
realizado com pacientes hipertensos (Cruz et al., 1998) que ingeriram
suco de berinjela misturado com suco de laranja demonstrou que houve redução de
até 30% no colesterol total e 43% no LDL colesterol dos pacientes que ingeriram
o suco (colesterol ruim). Estes pacientes foram observados por 222 dias. Também
em 1998, estudo demonstrou que coelhos hipercolesterolêmicos tratados com suco
de berinjela por 15 dias tiveram 19% do colesterol total diminuído quando
comparados àqueles que não ingeriram a bebida (Ribeiro-Jorge et al.,
1998). O suco de berinjela com laranja também foi testado em comparação aos
tratamentos farmacológicos comumente utilizados para a diminuição do colesterol
(lovastatina). O estudo avaliou 21 voluntários por seis semanas e concluiu que
o suco de berinjela com laranja não pode ser uma alternativa ao tratamento
medicamentoso nas dislipidemias (Praça et al., 2004).
Já o chá de berinjela (infusão a 25), foi testado em 38
pacientes hipercolesterolêmicos por cinco semanas e os resultados apontaram
para um pequeno efeito na diminuição do colesterol total e na fração
LDL-colesterol (13%) (Guimarães et al., 2000). Um estudo que testou
extrato seco de berinjela em 41 indivíduos por três meses (900 mg do extrato
seco por dia) observou que o uso do extrato não reduziu o colesterol dos
participantes.
Apesar da controvérsia do uso da
berinjela como redutor do colesterol, este assunto ainda está sendo discutido
no meio científico, pois como podemos observar nos estudos, ainda não há uma
recomendação específica de quantidade a ser ingerida, forma (suco, chá ou
extrato) e tempo para que seja eficaz. O que se sabe com toda a certeza é que o
estilo da alimentação contribui e muito para a diminuição do colesterol
elevado.
São recomendados para a diminuição do colesterol: consumo de alimentos
com fibras, diminuição da ingestão de gorduras e a prática de atividade física
regular.
Neste sentido, a berinjela pode e deve ser incluída em nossa
alimentação, pois é um alimento que contém fibras, antioxidantes e é pobre em
gorduras. Mas atenção, prefira as preparações refogadas, patês ou em sucos,
nunca em frituras.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Schwarz, K. Berinjela e o Colesterol. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais - GEAF/USP. Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br Acessado em: 16/10/2015.
Referências Bibliográficas Complementares:
Cruz J, Cruz HMM, Barbosa-Filho JM 1998. Tratamento das hiperlipidemias.
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Efeito da berinjela sobre os lípides plasmáticos, a peroxidação lipídica e a
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extract does not alter serum lipid levels. Arq Bras Cardiol 82: 269-76.
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Solanum melongena L. (Berinjela) em pacientes hiperlipidêmicos. Arq Bras
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