A obesidade é uma
enfermidade crônica que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura no
tecido adiposo, comprometendo a saúde do indivíduo O adipócito é a célula que
aumenta em até mil vezes o seu tamanho para armazenar gordura. A partir desse
momento, a célula se divide, aumentando em número. Portanto, pode-se dizer que
o armazenamento de gordura corporal não tem limite.
O tecido adiposo é composto por gordura, pequenas
quantidades de proteína e água, podendo aumentar de tamanho (hipertrofia) ou
quantidade (hiperplasia). O ganho de peso pode ser resultante de hiperplasia,
hipertrofia ou da combinação das duas. A obesidade, porém, é sempre caracterizada
por hipertrofia, embora algumas também envolvam hiperplasia (em especial
durante a lactância e a adolescência). A hiperplasia também pode ocorrer na
vida adulta, quando o conteúdo de gordura das células existentes alcançam sua
capacidade. Na fase adulta, o ideal é que não ocorra a hiperplasia, porque a
divisão pode levar a modificação celular e proporcionar o surgimento de câncer.
A obesidade androide ou em forma de maçã é caracterizada
pelo acúmulo excessivo de gordura na cavidade abdominal. É muito comum em
homens e está relacionada com um alto risco de doenças cardiovasculares. Outra
forma clínica é a obesidade ginoide ou em forma de pera, caracterizada pelo
aumento do depósito de gordura nos quadris. A sua presença está relacionada com
maior risco de artroses e varizes, muito comuns nas mulheres. Por fim, a
obesidade generalizada é aquela na qual ocorre a distribuição de gordura por
igual em todo o corpo, podendo acometer indivíduos de ambos os sexos.
A etiologia da obesidade está relacionada a fatores
genéticos, culturais, psicológicos e ambientais, como o estilo de vida moderno,
diminuição na prática de atividade física e consumo de alimentos
industrializados e de alta densidade calórica. Também pode estar ligada a
problemas nos mecanismos fisiológicos de regulação hormonal e ao uso de
medicamentos.
Recomendações
alimentares para a manutenção do balanço energético e do peso saudável:
1)
Diminuir a densidade energética dos
alimentos. Alimentos de alta densidade energética
promovem ganho de peso. Esses alimentos, ricos em gorduras ou carboidratos
simples, são, em geral, altamente processados e pobres em micronutrientes. Já
os alimentos de baixa densidade energética são aqueles que possuem maior teor
de água em sua composição, como frutas, legumes e verduras. Em geral, são
alimentos ricos em micronutrientes. Postula-se que alimentos com elevada
densidade energética, altamente palatáveis, promoveriam um “superconsumo
passivo” de energia total. Fast foods,
por exemplo, podem interferir no controle do apetite, favorecendo a ingestão
energética excessiva e o desenvolvimento de obesidade.
2)
Aumentar o consumo de fibras. As
fibras atuam na regulação do peso corporal porque são menos palatáveis e
interferem na digestão de outros carboidratos, e também porque afetam o
equilíbrio da glicose hepática. São alimentos de baixo valor energético e dão
volume a alimentação consumida, podendo aumentar a sensação de saciedade após
as refeições. Como as pessoas tendem a consumir quantidades mais ou menos fixas
de alimentos, uma grande quantidade de alimentos de baixo valor energético pode
colaborar para evitar a ingestão energética excessiva. Apesar de não se saber o
valor mínimo de fibras necessário para a prevenção da obesidade, é provável que
o consumo das quantidades recomendadas de frutas, grãos, verduras e legumes
garantam uma ingestão suficiente de fibras.
3)
Promover a ingestão de frutas e
vegetais. O aumento da ingestão de frutas, legumes e
verduras reduz a densidade de alimento que pode ser consumido para um
determinado nível de energia. A redução da densidade energética aumenta a
saciedade, um efeito que se manifesta após o término da refeição. Esses efeitos
podem ajustar o balanço energético e o controle do peso. Outro aspecto
potencialmente benéfico no aumento da ingestão de frutas, verduras e legumes é
que se consumo à vontade pode ameninar a sensação de fome, típica de dietas de
emagrecimento e de manutenção de peso. Alimentos com baixo índice glicêmico
podem aumentar a saciedade, porém, mesmo entre esses grupos de alimentos e
entre as leguminosas existem variações no índice glicêmico (por exemplo,
batata, mandioca e banana tem alto índice glicêmico, enquanto maçã, cenoura e
feijão têm baixo índice glicêmico). Em função disso, os efeitos de consumo
destes tipos de alimentos, no que diz respeito à manutenção de peso adequado,
ainda requerem mais estudos, mas há consenso sobre os benefícios dessa
recomendação para a saúde das pessoas, de maneira geral.
4)
Restringir o consumo de bebidas
açucaradas. O consumo frequente de refrigerantes tem
sido associado ao ganho de peso. Uma explicação é que os efeitos fisiológicos
da ingestão de energia sobre a saciedade são diferentes para líquidos e para
alimentos sólidos.
5)
Restringir alimentos com alto índice glicêmico. O
índice glicêmico é uma forma de classificar os alimentos de acordo com a
resposta glicêmica que produzem. Alimentos de alto índice glicêmico são
rapidamente digeridos e absorvidos, com maior efeito na glicemia, e têm sido
apontados como possível cofator da obesidade. A hipótese é que níveis
diferentes de glicemia provocariam diferentes respostas hormonais na regulação
do apetite.
6)
Limitar o consumo total de gorduras.
Substituir o consumo de gorduras saturadas por insaturadas e eliminar o consumo
de gorduras hidrogenadas ou gorduras trans. Sugere-se que uma dieta pobre em
gordura, rica em proteína e em carboidratos e com alto teor de fibras promove a
saciedade, a partir de uma menor taxa energética, quando comparada com
alimentos gordurosos, produzindo, ainda, benefícios para os níveis de gorduras
no sangue e de pressão arterial. A redução na gordura na dieta, sem restrição
do total de energia, pode prevenir ganho de peso em indivíduos eutróficos e
gerar perda de peso naqueles com sobrepeso e obesos. Dietas com alta densidade
de gordura saturada, gordura trans e colesterol estão associadas ao maior risco
de desenvolvimento de doença coronariana.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Carvalho, KMB; Dutra, ES;
Araújo, MSM. Obesidade e Síndrome Metabólica. In: Cuppari, L. Nutrição: nas
doenças crônicas não-transmissíveis. 1 ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2009.
Filho, JALG. Obesidade. In:
Medeiros, FJ. Diestel, CF. Nutrição: Questões, Respostas Comentadas. 1. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
Martins,
BT; Basílio, MC; Silva, MA. Nutrição aplicada e alimentação saudável. 1. ed.
São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014.
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