quinta-feira, 7 de abril de 2016

Dia Mundial de Combate ao Câncer



      Embora o câncer seja conhecido há milênios, aumentos constantes de suas taxas de aparecimento começaram a ser observados após o século XIX, com a chegada da industrialização, tendo importância a exposição a fatores ambientais relacionados à urbanização, como dieta e estilo de vida.

Nota-se que indivíduos que migram de um determinado país passam progressivamente a apresentar taxas de incidência e de mortalidade de câncer semelhantes às observadas no novo país. Isto demonstra que a incorporação de hábitos culturais, ambientais e alimentares pode predispor à doença ou ajudar na sua prevenção.

Sabe-se que cerca de 35% dos diversos tipos de câncer ocorrem em razão de fatores dietéticos. É possível identificar, por meio de estudos epidemiológicos, associações relevantes entre alguns padrões alimentares observados em diferentes regiões do globo e a prevalência de câncer. Outros fatores, tais como o tabagismo, a obesidade, a falta de atividade física e a exposição a tipos específicos de vírus, bactérias e parasitas, além do contato frequente com algumas substâncias carcinogênicas, como produtos de carvão e amianto, também merecem ser salientados como responsáveis pelo surgimento do câncer em diversos casos.

O Comitê de Peritos do World Cancer Research Fund registra medidas como atividade física regular, controle do peso corporal e o não uso de tabaco, que associadas a uma dieta mais saudável, podem reduzir em cerca de 60% a 70% a incidência de câncer no mundo.

Abaixo estão listados alguns alimentos que possuem efeitos anticancerígenos:

Alho

Desde a antiguidade, o alho (Allium sativum) é utilizado por suas qualidades medicinais. De fato, esta planta possui efeitos benéficos em diversas doenças, incluindo câncer, doenças coronarianas, obesidade, hipercolesterolemia, diabetes tipo 1 e 2, hipertensão, catarata e algumas desordens gastrintestinais. Vários estudos vêm demonstrando a redução do risco de diferentes tipos de câncer devido ao consumo de alho.

O alho fresco contém vários compostos organossulfurados, elementos traço de origem fenólica e esteroide, além de carboidratos, proteínas e fibras alimentares. Os compostos organossulfurados do alho são considerados agentes quimioprotetores do câncer, pois podem causar uma suspensão da proliferação das células cancerosas e induzir a apoptose (morte celular programada). 

Feno-grego

O feno-grego, ou alforva (Trigonella foenum graecum), é tradicionalmente utilizado para tratar diabetes, hipercolesterolemia, ferimentos, inflamações e doenças gastrintestinais. O extrato destas sementes inibe o crescimento tumoral e também produz um significativo efeito anti-inflamatório. Além disso, em experimentos feitos com animais, a inclusão do pó das sementes de feno-grego na dieta reduziu a incidência de tumores no cólon, diminuiu a peroxidação lipídica e aumentou as atividades enzimáticas do sistema antioxidante.

As sementes de feno-grego são fonte rica em fibras e saponinas. Diversos estudos in vivo e in vitro observaram efeitos antiproliferativos das saponinas sobre diferentes tipos de células cancerosas.

Chá verde

As propriedades benéficas do chá verde são basicamente provenientes dos polifenois (classificados como catequinas) e sua potente ação antioxidante. O chá verde contém seis compostos de catequinas principais: catequina, galocatequina, epicatequina, epigalocatequina, galato epicatequina e galato de epigalocatequina (conhecido como EGCG). A bebida também contém alcaloides, como a cafeína, teobromina e teofilina, que conferem ao chá verde efeitos estimulantes. O EGCG é o polifenol mais estudado por ser um potente antioxidante e protetor das células e do DNA contra os radicais livres. Seus benefícios conferem proteção contra o câncer, aterosclerose, obesidade, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.

Soja

O grão de soja é rico em proteínas de alto valor biológico (aproximadamente 50% do grão), isoflavonas, saponinas, fitoesterois, ácido fítico, fosfolipídios, ácido ascórbico, minerais e fibras alimentares. Em experimentos realizados com animais, foi observado que as isoflavonas da soja melhoraram a sensibilidade à insulina por diminuírem a deposição de gordura visceral e inflamações, além de poderem reduzir os níveis de colesterol plasmático. Além disso, resultados de diferentes pesquisas sugerem que a proteína da soja pode reduzir a massa gorda em casos de obesidade. 

O consumo de soja está sendo associado com diminuição do risco do desenvolvimento do câncer de mama, próstata e cólon. Ambas, proteína da soja e isoflavonas, têm revelado diferentes efeitos anticancerígenos, como atividade antiangiogênica, apoptose celular e modulação da progressão do ciclo celular.

Momordica

A momordica (bitter melon, em inglês, ou melãozinho, como é mais conhecido) contém algumas substâncias (glicosídeos, alcaloides, derivados do ácido linolênico conjugado e proteínas) que fazem com que o seu extrato apresente efeitos comparáveis à ação dos hipoglicemiantes orais, como metformina e tiazolidinadiona. Estudos observaram que o melãozinho é capaz de inibir a hipertrofia dos adipócitos, reduzir a adiposidade, diminuir a concentração sanguínea de glicose, colesterol e triglicérides, melhorar a sensibilidade à insulina e aumento da concentração sérica de adiponectina. O ácido linolênico, presente no óleo das sementes do melãozinho, pode regular e induzir a apoptose em células do câncer de cólon e as proteínas têm demonstrado poder de inibir o crescimento de células do câncer de mama in vitro e in vivo.  Em experimentos com animais, o extrato do melãozinho inibiu o desenvolvimento do câncer de pele, de mama e de cólon.

Peixe

Muita atenção tem sido dada aos efeitos benéficos do óleo de peixe, rico em ácidos graxos poli-insaturados ômega-3, e do óleo de oliva, rico em ácidos graxos monoinsaturados, como o ácido oleico. Os componentes protetores dos peixes são os ácidos graxos de cadeia longa, ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA), juntamente com as proteínas, vitaminas e minerais. Por outro lado, existe a preocupação sobre os riscos à saúde devido às contaminações ambientais possivelmente encontradas nos peixes. Contudo, evidências epidemiológicas estabeleceram que a ingestão de óleo de peixe promove efeitos protetores em diversas desordens, como doenças cardiovasculares e câncer. 

Por meio de alguns mecanismos, os ácidos graxos ômega-3 podem modificar o processo carcinogênico, o que inclui supressão do ácido araquidônico, influências na expressão dos genes, alteração do metabolismo do estrógeno, efeitos contra radicais livres e envolvimento na sensibilidade à insulina. Ademais, é comprovado que o óleo de peixe possui efeitos antiobesidade e pode reduzir inflamações.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Lewinski, IW. Como alguns alimentos podem prevenir o câncer. Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 06/04/2016.

Murthy NS, Mukherjee S, Ray G, Ray A. Dietary factors and cancer chemoprevention: an overview of obesity-related malignancies. J Postgrad Med. 2009; v.55, n.1, p:45-54.

O papel da dieta na saúde. Instituto Vencer o Câncer. Disponível em: www.vencerocancer.com.br Acessado em: 06/04/2016.

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