Embora
o câncer seja conhecido há milênios, aumentos constantes de suas taxas de
aparecimento começaram a ser observados após o século XIX, com a chegada da
industrialização, tendo importância a exposição a fatores ambientais
relacionados à urbanização, como dieta e estilo de vida.
Nota-se que indivíduos que migram de
um determinado país passam progressivamente a apresentar taxas de incidência e
de mortalidade de câncer semelhantes às observadas no novo país. Isto demonstra
que a incorporação de hábitos culturais, ambientais e alimentares pode
predispor à doença ou ajudar na sua prevenção.
Sabe-se que cerca de 35% dos diversos
tipos de câncer ocorrem em razão de fatores dietéticos. É possível identificar,
por meio de estudos epidemiológicos, associações relevantes entre alguns
padrões alimentares observados em diferentes regiões do globo e a prevalência
de câncer. Outros fatores, tais como o tabagismo, a obesidade, a falta de
atividade física e a exposição a tipos específicos de vírus, bactérias e
parasitas, além do contato frequente com algumas substâncias carcinogênicas,
como produtos de carvão e amianto, também merecem ser salientados como
responsáveis pelo surgimento do câncer em diversos casos.
O Comitê de Peritos do World Cancer
Research Fund registra medidas como atividade física regular, controle do peso
corporal e o não uso de tabaco, que associadas a uma dieta mais saudável, podem
reduzir em cerca de 60% a 70% a incidência de câncer no mundo.
Abaixo
estão listados alguns alimentos que possuem efeitos anticancerígenos:
Alho
Desde a
antiguidade, o alho (Allium sativum) é utilizado por suas qualidades
medicinais. De fato, esta planta possui efeitos benéficos em diversas doenças,
incluindo câncer, doenças coronarianas, obesidade, hipercolesterolemia,
diabetes tipo 1 e 2, hipertensão, catarata e algumas desordens
gastrintestinais. Vários estudos vêm demonstrando a redução do risco de
diferentes tipos de câncer devido ao consumo de alho.
O alho
fresco contém vários compostos
organossulfurados, elementos traço de origem fenólica e esteroide, além
de carboidratos, proteínas e fibras alimentares. Os compostos organossulfurados do alho são considerados agentes
quimioprotetores do câncer, pois podem causar uma suspensão da proliferação das
células cancerosas e induzir a apoptose (morte celular programada).
Feno-grego
O
feno-grego, ou alforva (Trigonella foenum graecum), é tradicionalmente
utilizado para tratar diabetes, hipercolesterolemia, ferimentos, inflamações e
doenças gastrintestinais. O extrato destas sementes inibe o crescimento tumoral
e também produz um significativo efeito anti-inflamatório. Além disso, em
experimentos feitos com animais, a inclusão do pó das sementes de feno-grego na
dieta reduziu a incidência de tumores no cólon, diminuiu a peroxidação lipídica
e aumentou as atividades enzimáticas do sistema antioxidante.
As
sementes de feno-grego são fonte rica em fibras e saponinas. Diversos estudos in vivo e in vitro observaram efeitos antiproliferativos das saponinas sobre
diferentes tipos de células cancerosas.
Chá verde
As
propriedades benéficas do chá verde são basicamente provenientes dos polifenois
(classificados como catequinas) e sua potente ação antioxidante. O chá verde
contém seis compostos de catequinas principais: catequina, galocatequina, epicatequina, epigalocatequina, galato epicatequina e
galato de epigalocatequina (conhecido como EGCG). A bebida também contém alcaloides,
como a cafeína, teobromina e teofilina, que conferem ao chá verde efeitos
estimulantes. O EGCG é o polifenol mais estudado por ser um potente
antioxidante e protetor das células e do DNA contra os radicais livres. Seus benefícios
conferem proteção contra o câncer, aterosclerose, obesidade, doenças
cardiovasculares e neurodegenerativas.
Soja
O grão de
soja é rico em proteínas de alto valor biológico (aproximadamente 50% do grão),
isoflavonas, saponinas, fitoesterois, ácido fítico, fosfolipídios, ácido
ascórbico, minerais e fibras alimentares. Em experimentos realizados com
animais, foi observado que as isoflavonas da soja melhoraram a sensibilidade à
insulina por diminuírem a deposição de gordura visceral e inflamações, além de
poderem reduzir os níveis de colesterol plasmático. Além disso, resultados de
diferentes pesquisas sugerem que a proteína da soja pode reduzir a massa gorda
em casos de obesidade.
O consumo
de soja está sendo associado com diminuição do risco do desenvolvimento do
câncer de mama, próstata e cólon. Ambas, proteína da soja e isoflavonas, têm
revelado diferentes efeitos anticancerígenos, como atividade antiangiogênica,
apoptose celular e modulação da progressão do ciclo celular.
Momordica
A
momordica (bitter melon, em inglês,
ou melãozinho, como é mais conhecido) contém algumas substâncias (glicosídeos,
alcaloides, derivados do ácido linolênico conjugado e proteínas) que fazem com
que o seu extrato apresente efeitos comparáveis à ação dos hipoglicemiantes
orais, como metformina e tiazolidinadiona. Estudos observaram que o melãozinho
é capaz de inibir a hipertrofia dos adipócitos, reduzir a adiposidade, diminuir
a concentração sanguínea de glicose, colesterol e triglicérides, melhorar a
sensibilidade à insulina e aumento da concentração sérica de adiponectina. O
ácido linolênico, presente no óleo das sementes do melãozinho, pode regular e
induzir a apoptose em células do câncer de cólon e as proteínas têm demonstrado
poder de inibir o crescimento de células do câncer de mama in vitro e in vivo. Em experimentos com animais, o extrato do
melãozinho inibiu o desenvolvimento do câncer de pele, de mama e de cólon.
Peixe
Muita
atenção tem sido dada aos efeitos benéficos do óleo de peixe, rico em ácidos
graxos poli-insaturados ômega-3, e do óleo de oliva, rico em ácidos graxos monoinsaturados,
como o ácido oleico. Os componentes protetores dos peixes são os ácidos graxos
de cadeia longa, ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA),
juntamente com as proteínas, vitaminas e minerais. Por outro lado, existe a
preocupação sobre os riscos à saúde devido às contaminações ambientais
possivelmente encontradas nos peixes. Contudo, evidências epidemiológicas
estabeleceram que a ingestão de óleo de peixe promove efeitos protetores em
diversas desordens, como doenças cardiovasculares e câncer.
Por meio
de alguns mecanismos, os ácidos graxos ômega-3 podem modificar o processo
carcinogênico, o que inclui supressão do ácido araquidônico, influências na
expressão dos genes, alteração do metabolismo do estrógeno, efeitos contra
radicais livres e envolvimento na sensibilidade à insulina. Ademais, é
comprovado que o óleo de peixe possui efeitos antiobesidade e pode reduzir
inflamações.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Lewinski, IW. Como alguns alimentos podem prevenir o
câncer. Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 06/04/2016.
Murthy NS, Mukherjee
S, Ray G, Ray A. Dietary factors and cancer chemoprevention: an overview of
obesity-related malignancies. J
Postgrad Med. 2009; v.55, n.1, p:45-54.
O papel da dieta na saúde. Instituto Vencer o Câncer.
Disponível em: www.vencerocancer.com.br Acessado em: 06/04/2016.
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