A
hipertensão arterial acomete cerca de 10% das gestantes, sendo incluída entre
as principais causas de internação, morbimortalidade materna e perinatal,
inclusive no Brasil. Em geral, 5 a 10% da população obstétrica evoluem para
pré-eclâmpsia e eclâmpsia, sendo nas primíparas a prevalência em torno de 20%.
A pré-eclâmpsia é
caracterizada pela presença da hipertensão arterial associada a uma perda de
proteínas pela urina e a um edema generalizado. Esta doença manifesta-se
normalmente no terceiro trimestre de gestação. Esta patologia pode levar a
falência de diversos órgãos maternos, pois a alteração na pressão gera efeitos
principalmente sobre os sistemas vascular, hepático, renal e cerebral. A eclâmpsia
é uma extensão mais severa da pré-eclâmpsia ocorrendo próximo ao momento do
parto.
A hipertensão específica da gestação
é diagnosticada quando a gestante apresenta os três sinais e sintomas a seguir:
pressão arterial > 140/90mmHg; edema e proteinúria (> 0,3g/24h). O último
é o diagnóstico diferencial da hipertensão crônica. É importante lembrar que o
edema, neste caso, é considerado patológico, pois aparece ou agrava-se de
repente, diferentemente do fisiológico, que é gradual. Por esse motivo, a
vigilância quanto ao ganho de peso, associada a cuidadosa anamnese dietética,
além da monitoração clínica do grau de edema, são elementos importantes para a
identificação precoce dos riscos de pré-eclâmpsia.
Essa patologia está associada a
tonturas, cefaleias, distúrbios visuais, dores no abdome superior, vômitos,
edema da face e das mãos.
O distúrbio hipertensivo específico
da gestação (DHEG) ocorre mais frequentemente em mulheres primigestas (85%),
com mais de 30 anos, na presença de sobrepeso ou obesidade ou com ganho excessivo
de peso durante a gestação, hipertensas e com antecedentes familiares de
hipertensão crônica ou DHEG.
A síndrome HELLP é a complicação
mais grave das mulheres que desenvolvem a hipertensão específica da gestação, e
resulta num sério comprometimento hepático. O quadro clínico revela trombose,
hemólise, enzimas hepáticas como TGO e TGP elevadas, baixo número de plaquetas
(< 100.000/m³) e alterações neurológicas.
Orientação Dietética
Considerando que a pré-eclâmpsia
apresenta fatores de risco bem conhecidos e que seu aparecimento é súbito, a
prevenção dessa patologia é da responsabilidade do profissional de saúde. As
gestantes que apresentam um ou mais dos aspectos apresentados como característicos
de grupo devem ser sensibilizadas quanto à redução da velocidade do ganho de
peso e à melhora na qualidade de sua dieta.
● Energia: O excesso de peso aumenta a
inflamação do organismo, facilitando a hipertensão, e pode aumentar entre três e
sete vezes o risco de pré-eclâmpsia. Apesar disso, o ganho de peso gestacional
deve permanecer de forma saudável, pois emagrecer não é recomendado. Ganho
superior a 3kg/mês após a 20ª semana pode relacionar-se a edema e deve ser
acompanhado.
● Proteínas: A albumina é a proteína mais
abundante no sangue e uma de suas funções é equilibrar a quantidade de líquidos
dentro e fora dos tecidos. No distúrbio hipertensivo específico da gestação, a
sua perda por meio da urina faz com que a albumina diminua ainda mais do que o
normal na gestação saudável, levando ao desequilíbrio entre os líquidos e ao
edema. Não há comprovação científica do benefício de dieta hiperproteica, porém
a ingestão adequada de proteínas é imprescindível. Para isso, vale incluir
fontes proteicas (carnes magras, ovos, leguminosas, leite e derivados) em todas
as refeições. A recomendação diária para gestantes equivale a aproximadamente 1
bife médio (120g) + 1 concha de feijão + 1 filé de pescada (100g) + 1 copo
(200ml) de leite + 1 fatia grossa de queijo branco.
● Gorduras: O ômega 3 auxilia na redução
dos tromboxanos, que aumentam a pressão nos vasos capilares, a formação de
trombos e reduzem o fluxo sanguíneo na placenta. Procure utilizar óleos
vegetais de canola ou girassol nas preparações, azeite nos temperos, consumir,
2 a 3 porções de peixes/semana e reduza as gorduras animais, industrializadas e
frituras.
● Fibras: As dietas ricas em fibras
ajudam a reduzir a pressão arterial, entre outros benefícios. Estudos mostram
que gestantes com maior ingestão de fibras apresentaram menor risco de
desenvolver DHEG. Por isso, consuma frutas, verduras e legumes crus e cereais
integrais o máximo possível!
● Cálcio: A baixa ingestão de cálcio pode
desencadear alterações hormonais que aumentam a pressão nos vasos sanguíneos, e
o consumo adequado reduz o risco de complicações do DHEG. Casos especiais podem
requerer suplementação, porém procure garantir o consumo diário equivalente a 2
copos (200ml) de leite + 1 copo (180g) de iogurte + 1 fatia grossa de queijo
branco.
● Sódio: Restringir o sal durante a
gestação com DHEG não traz benefícios porque o edema se dá pela redução
proteica sérica, e não pelo excesso de sódio. Em casos de gestantes com
hipertensão prévia à gestação, recomenda-se dieta hipossódica. Nos demais
casos, a dica é apenas para alimentação saudável, com menor consumo de
alimentos embutidos, processados e industrializados, sem sal em excesso.
● Antioxidantes: No DHEG ocorre redução
dos agentes antioxidantes do organismo, favorecendo ainda mais a hipertensão, e
existe forte relação entre o aumento no consumo de alimentos ricos em
carotenoides/vitamina A, vitamina E e C e menor risco de DHEG. Em algumas pesquisas,
gestantes com baixos níveis destes antioxidantes tinham risco até 9,8 vezes
maior de DHEG. Procure incluir na dieta os vegetais verde-escuros, alimentos
avermelhados e alaranjados, frutas cítricas, oleaginosas (castanhas e amêndoas)
e óleos vegetais (azeite, linhaça, macadâmia, etc), além de ovos e carnes
magras, leite e derivados.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Machado,
RHV. Síndrome Hipertensiva da Gestação. Hospital Israelita Albert Einstein.
Disponível em: www.einstein.br
Acessado em: 07/04/2016.
Saiba
como evitar hipertensão arterial durante a gestação. Ministério da Saúde.
Disponível em: www.blog.saude.gov.br
Acessado em: 07/04/2016.
Sanders,
C. Síndromes Hipertensivas da Gravidez –SHG. In: Accioly, E; Saunders, C; Lacerda, EMA. Nutrição
em Obstetrícia e Pediatria. 1 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica 2004; p.
189-208.
Vitolo,
MR. Nutrição: da Gestação à Adolescência. 1 ed. Rio de Janeiro: Reichmann &
Affonso Editores, 2003; p.60-62.
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