100 trilhões de conexões
celulares em eterna troca de informações tecem a estrutura mais complexa do
Universo: o cérebro humano.
De uma célula para outra, no entanto,
a informação trafega no cérebro 1 milhão de vezes mais devagar do que um sinal
de computador. Apesar da desvantagem inicial, o cérebro consegue reconhecer um
rosto em fração de segundo, portanto, no final das contas, está um corpo à
frente da Informática. A diferença é possível porque bilhões de células
nervosas, os neurônios, podem trabalhar ao mesmo tempo na solução de um único
problema, como identificar uma forma ou compreender uma ordem, enquanto um
computador processa , passo a passo, as informações que recebe.
Calcula-se que existam entre os
neurônios nada menos de 100 trilhões de contatos, as sinapses. Junto com a
câmara de pósitrons, o único aparelho que permite visualizar o cérebro em
atividade, o computador simulador de neurônios é um dos recentes recursos que
podem ajudar o homem a conhecer os segredos da sua inteligência. De fato, tão
complicado como entender a inteligência é compreender por que ela se manifesta
de maneira diferente de pessoa para pessoa. Ou seja, compreender por que uns
são mais criativos do que outros, por que há quem goste de compor música e quem
prefira escrever, como enfim a inteligência se desdobra em infinitos
perfis.
As células do cérebro (neurônios) são
formadas por nutrientes, assim como todo o nosso organismo. Portanto, sua
estrutura e função dependem dos nutrientes, que são obtidos pela alimentação.
Diante disso, é fácil entender que se a alimentação for inadequada, todo o
corpo sofre, inclusive o cérebro. A alimentação da maioria da população esta
cada vez mais pró-oxidante, inflamatória, uma vez que é rica em calorias
vazias, produtos industrializados e refinados e assim pobres em nutrientes,
este fato somado a outros fatores gera vários desequilíbrios no organismo,
inclusive no cérebro, fazendo com que o mesmo perca a sua real efetividade. Quando o assunto é memória sabemos que há um
declínio natural com o passar dos anos. Isso ocorre porque acontecem diversas
alterações neuronais relacionadas ao avanço da idade. Entretanto, é cada vez
mais frequente pessoas jovens relatarem falta de memória. Alguns estudos mostram que determinados
nutrientes e compostos bioativos podem contribuir para a diminuição dos efeitos
nocivos a que estamos expostos diariamente, melhorando a saúde cerebral.
Com relação às carências nutricionais,
é importante destacar que desde a infância a ingestão adequada de nutrientes
interfere na saúde cognitiva. Os bebês quando são amamentados com leite materno
recebem nutrientes fundamentais para o desenvolvimento cerebral.
Estudos comprovam que bebês
amamentados com leite materno possuem desempenho neuronal superior aos
amamentados com fórmulas lácteas. Um dos fatores associados a esse benefício é
a presença de EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosaexaenoico).
Segundo uma pesquisa realizada na Universidade
Laval, no Canadá, o ômega 3 protege os neurônios contra os radicais livres,
notórios destruidores de células. Acredita-se que o cérebro do homem só foi
desenvolvido quando ele chegou perto do mar, e isso deu indícios de que os
peixes eram os responsáveis por tamanha evolução. Estudos mostram que uma parte
do cérebro é composto de cadeias poli-insaturadas de Ômega 3, como as que são
encontradas no peixe. Portanto, o peixe é útil nesse processo de ótimo
desenvolvimento cerebral, olhos e sistema nervoso em geral.
Alimentos Positivos para o Cérebro
● Peixes, principalmente os de água fria (como
a sardinha, o salmão, anchova, atum, arenque e cavala) e linhaça, são boas fontes
de ômega 3, que protegem os neurônios contra o “envelhecimento”. Segundo uma
pesquisa de estudos populacionais realizada pela equipe de Ernst Schaefer da
universidade Laval, no Canadá, foi observado um risco 47% menor de desenvolver
Alzheimer em indivíduos com taxas significativas de DHA (ácido docosahexaenoico,
ou seja, ácido graxo presente no peixe) por consumirem pelo menos uma porção de
peixe por semana.
● Carnes, aves, grãos
integrais, leguminosas, leite e derivados, são alimentos
ricos em vitaminas do complexo B, e ajudam a regular a transmissão entre os
neurônios. Na carne vermelha ainda é encontrado ferro que pode colaborar com a
boa memória.
● Gema de ovo: contém colina,
participa da formação de novos neurônios, ajuda na reparação de células
cerebrais e ainda é precursor do neurotransmissor acetilcolina,
neurotransmissor essencial para a memória e o aprendizado. Além disso, é
importante para a formação de novas células nervosas e na reparação de células
lesadas.
● Maçã, uma das principais fontes de
fisetina, segundo estudos realizados no instituto Salk, nos EUA, este
fitoquímico que favorece o amadurecimento das células nervosas e estimula
mecanismos cerebrais associados à memória. Na universidade de Massachusetts,
Lowell, foram encontrados resultados semelhantes. Estudiosos fizeram
experiências com o suco de maçã, cobaias que ingeriram três copos diários se
saíram melhor em testes de memória. Outras fontes de fisetina são: cebola,
espinafre, morango, pêssego, kiwi e uva.
● Vitamina D também vem sendo muito
estudada para o bom funcionamento cerebral. A mesma é considerada um
pró-hormônio e apresenta muitas funções no organismo, entre elas proteger o
cérebro contra a degeneração neuronal.
● Os alimentos ricos em antioxidantes, como
flavonoides e carotenoides, a vitamina E, e o selênio, apresentam papel
protetor dos neurônios, impedindo possíveis lesões no cérebro e combatendo o
envelhecimento celular.
Nutrientes |
Fontes Alimentares |
DHA |
Suplementos de óleo de peixe, sementes e óleo de linhaça, sementes de chia, nozes. |
Colina |
Ovo e lecitina de soja. |
Vitamina D |
Peixes, leite, ovos, óleo de fígado de bacalhau. |
Flavonoides, Carotenoides, Vitamina E, e Selênio. |
Uva, morango, amora, cereja, pêssego, caqui, pimentão, batata doce, manga. |
Curiosidade
Pesquisadores
da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul,
pesquisam o soro da memória, é um líquido que contém componentes poderosos e
concentrados, como proteínas e lipídios, substâncias que atuam ajudando os
neurônios a fazerem suas redes e as comunicações entre eles. O soro do leite é
a parte líquida do leite. Você pode fazer em casa essa receita, porém, leites
de caixinha e em pó não funcionam, pois o processamento industrial destrói os
ingredientes que agem no cérebro. O leite recomendado é o leite em saquinho,
tipo A ou B.
A
receita do soro
Para
cada litro de leite, misture o suco de um limão inteiro.
Deixe
descansar de quatro a doze horas até coagular.
Depois,
separe a parte sólida da líquida com uma peneira bem fina. O que sobra é o soro
da memória.
Pode
ficar de três a cinco dias na geladeira e também pode ser congelado.
Alimentos
Negativos para o Cérebro
● Dietas com excesso de
gordura, saturada, trans e hidrogenada ou esterificada tem impacto negativo
sobre o cérebro. O exagero no consumo de açúcares e de carboidratos de alto
índice e carga glicêmica também afeta a saúde neuronal. Excesso ou deficiência
da vitamina A, D e zinco.
● Consumo excessivo de
cafeína e álcool.
● Excesso ou aumento do
complexo B6, B12, ácido fólico aumento da homocisteína no sangue, e altas taxas
são consideradas um fator de risco para o desenvolvimento de Alzheimer e
Parkinson, além disto, promovem desequilíbrio da função tireoidiana e outros
desequilíbrios hormonais.
● Consumo frequente de
alimentos com agrotóxicos e aditivos alimentares.
Outros fatores
Negativos
Alguns neurotransmissores que em
condições normais estão relacionados à melhoria da memória também favorecem a
sua redução em caso de estresse, pois tudo vai depender da quantidade em que
são liberados. A ação negativa ocorre quando o estresse se torna crônico, pois
algumas substâncias, como os glicocorticoides, quando liberados em doses altas
se tornam prejudiciais.
A privação do sono diminui a memória
especialmente porque uma noite bem dormida favorece a produção da melatonina,
que possui ação protetora neuronal principalmente por desempenhar papel
antioxidante, diminuindo os efeitos do estresse oxidativo no cérebro.
A
partir desta leitura, espero que as informações processadas sejam armazenadas
pelo seu cérebro e colocadas em prática. Só assim você irá garantir que seu
cérebro esteja sendo bem alimentado, otimizando seu funcionamento e
desacelerando a degeneração!
Texto elaborado por: Dra. Roseli
Lomele Rossi - CRN 2084.
Nutricionista formada pelas Faculdades Integradas
São Camilo (CRN 2084 /1983), com título de Especialista em Nutrição Clínica
concedido pela ASBRAN - Associação Brasileira de Nutrição.
Pós Graduada nos cursos de especialização de
Planejamento, Organização e Administração de Serviços de Alimentação;
Fitoterapia Aplicada à Nutrição Funcional e Nutrição Ortomolecular com Extensão
em Nutrigenômica.
É Diretora da Clínica Equilíbrio Nutricional e
autora dos Livros: "Saúde & Sabor com Equilíbrio" - Receitas
Infantis, “Saúde & Sabor com Equilíbrio” – Receitas Diet e Light Volumes I
e II, Colaboradora do livro Nutrição Esportiva – Aspectos relacionados à
suplementação nutricional e autora do Livro “As Melhores Receitas Light da
Clínica Personal Diet”.
Dra.
Juliana Rossi Di Croce – CRN 40228
Nutricionista pela Universidade Cruzeiro do Sul
Pós-Graduação em Nutrição Ortomolecular com
Extensão em Nutrigenômica – FAPES
Nutricionista Clínica e Sócia Diretora da Clínica
Equilíbrio Nutricional.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário